29 agosto, 2009

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

Tradecenter

Há algum tempo, psiquiatras e psicoterapeutas têm feito uma descoberta que preocupa: Muitas vítimas do TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) começararm a apresentar os seus sintomas, por residirem nas grandes cidades.


O TEPT era um transtorno típico de soldados veteranos do Vietnã, por exemplo; das pessoas que sobreviveram a grandes fenômenos da natureza, tais como: terremotos, tsunâmis, vulcões em erupção, furacões, etc; e também dos que sofreram estupros, sequestros, grandes acidentes aéreos e de automóveis ou algum outro incidente de grande violência.

Os dados de que dispomos hoje nos permitem dizer que viver nas grandes cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, equivale a viver num estado permanente de guerra. Ou seja, sair à noite numa dessas cidades, principalmente nas periferias, equivale a dar um passeio noturno por Bagdá, capital do Iraque, em termos do estresse gerado.

A violência e o crime encontrados nesses grandes centros têm, certamente, uma explicação social. Existe um fluxo contínuo de migração das zonas rurais para as capitais. As pessoas acabam ficando sem raízes familiares, desempregadas por falta de qualificação e sem o socorro de uma adequada rede de proteção social. Daí, para entrarem no mundo do crime é um passo apenas.

Donde se conclui que não são apenas as doenças infecto-contagiosas que devem preocupar as autoridades. As enfermidades psiquiátricas incluem-se nesse rol; e o TEPT - Transtorno de Estresse Pós-Traumático, ao lado da Síndrome do Pânico, constituem o carro-chefe dessas patologias.

SINTOMAS DO TEPT - TRANSTORNO PÓS-TRAUMÁTICO

  • . Tensão Corporal
  • . Sentimento Depressivo
  • . Mudanças Frequentes de Humor
  • . Insônia
  • . Irritabilidade
  • . Enfado
  • . Isolamento
  • . Pesadelos
  • . Diminuição da Afetividade
  • . Distanciamento, estranheza
  • . Sensação de Futuro Incerto
  • Evitação de lugares, pessoas e atividades

O tratamento do TEPT geralmente é realizado por um período longo de tempo. O paciente recebe uma combinação de um benzodiazepínico (ansiolítico) com um andidepressivo. Paralelamente, deve também iniciar uma psicoterapia. O prognóstico é bastante bom.

Pode ocorrer a remissão total dos sintomas (o que é menos comum) ou a permanência de sintomas residuais (o que é mais comum), que não afetam significativamente a qualidade de vida do paciente.

Tony Ayres

26 agosto, 2009

Ficar Solteira ou "Ficar Para" Titia?

CBR001454 Sou um leitor e ouvinte assíduo do psiquiatra Flávio Gikovate e conheço bem de perto o seu pensamento de que estar sozinho(a), ao contrário do que muita gente supõe; é, sim, um estado honroso.

Digo isso porquanto, apesar de todo o progresso cultural em que vivemos, ainda persiste em muitas cabeças, o velho preconceito revelado pelas expressões "solteirona" e "encalhada", para referir-se a mulheres que permanecem solteiras, após os 30 anos de idade.

Mesmo porque, encontramos nas empresas, nos clubes ou nas igrejas mulheres bonitas, inteligentes, bem-sucedidas e seguras; que assumem, sem nenhum medo, a sua condição de solteiras, sem nenhum temor em afirmar que casar não faz parte de seus planos.

Isso não significa que o casamento caiu em desuso. Afinal de contas, amar e ser amado continua a ser uma das melhores satisfações da alma humana. Por essa razão, o casamento continua a fazer parte do sonho de um grande número de mulheres.

Nesse caso, a insatisfação adviria do fato de algumas mulheres estarem "encalhadas" na busca daquilo que é comumente denominado de "alma gêmea".

A verdade, porém, que até pode ser novidade para alguns, é que os psicoterapeutas estão familiarizados também com o tratamento de homens que estão desesperados, encalhados em sua solteirice e obcecados pela idéia de encontrar uma companheira para a vida.

Essa é uma questão, portanto, que envolve tanto o homem como a mulher. E ambos devem refletir bastante, antes de qualquer decisão que possa ser precipitada, por uma razão muito simples:

Vivemos em uma época particularmente difícil e, quem lida com os problemas familiares das pessoas sabe que, maior do que qualquer angústia que se possa ter por estar solteiro(a),é a angústia de quem está encalhado num casamento mal sucedido.

Sem dúvida, as pessoas que estão presas a um casamento arruinado, são mais infelizes do que qualquer solteirão, uma vez que, com medo das consequências de uma ruptura, tornam-se depressivas e adiam, talvez para sempre, a felicidade.

Portanto, casar ou ficar solteiro é uma escolha que o ser humano faz. E escolher permanecer solteiro(a) é diferente de temer estar casado(a).

O importante é ser feliz, de um modo, ou de outro.

Tony Ayres

24 agosto, 2009

A Revolução Invisível

marco_moreira_mostraVI_01 Em psicanálise, quando tratamos de um paciente que não consegue perceber um problema, visível aos nossos olhos e, muitas vezes, visível à maioria das pessoas que o cercam, dizemos que tal paciente está egosintônico com o seu problema.

Nesse caso, temos que, antes de mais nada, trabalhar para que o paciente se torne egodistônico em relação a tal problema, para que possa passar a percebê-lo e seguir avante com o tratamento.

Essa situação ilustra muito bem a terrível revolução de valores que esta geração está atravessando sem perceber, simplesmente porque, embora a vivencie em toda a sua plenitude, não consegue enxergá-la, porque ela lhe é egosintônica, portanto, invisível.

COMO ESSA REVOLUÇÃO SE MANIFESTA?

Ela se manifesta através de uma crise que, em linhas gerais, apresenta os seguintes sintomas:

1. Inversão de Valores

Percebe-se nitidamente, na geração contemporânea, uma inversão de valores, em relação ao que ocorria há algumas décadas. O que era errado passou a ser certo e o que era certo passou a ser errado.

O que não se tolerava quando os pais de agora eram filhos adolescentes, é defendido agora como bandeira libertária, por esses mesmos pais, em relação a seus filhos, hoje adolescentes.

2. Quebra de Padrões Dicotômicos

Antes, tínhamos bem delineado o que era bom e o que era mau; o que era ético e o que era não-ético; o que era o bem e o que era o mal.

Hoje, existe uma ambivalência generalizada sem os referenciais antes existentes. Até mesmo as novelas de televisão e os filmes que são sucesso em Hollywood que, anteriormente, tinham bem definidos a figura do herói e do vilão, atualmente já não apresentam essa mesma dualidade.

Tanto o herói de hoje tem facetas de vilão; quanto o vilão de hoje tem características de herói. O bem e o mal foram amalgamados, formando um composto ambivalente, que constitui não apenas a casca, mas também a essência das pessoas.

3. Banalização da Vida

Antes, tinha-se mais respeito à vida. Hoje esse respeito banalizou-se, não somente nas clínicas de "aborteiros" e nas guerras entre gangues rivais de traficantes, mas também no quotidiano das pessoas comuns.

O desrespeito e a transgressão vulgarizaram-se ainda mais. Se fizermos uma pesquisa numa classe universitária, por exemplo, com a finalidade de sabermos quantas pessoas foram assaltadas, 80% ou mais levantarão a mão.

Mas o que foi roubado dessas pessoas não são apenas jóias ou grandes somas de dinheiro. Hoje, celulares, tênis, blusas, sapatos e até mesmo passes de ônibus ou metrô fazem parte desse repertório. E tudo isso é visto como "normal".

4. Visão de Mundo Como Projeção do "Si-Mesmo"

Antes, as cosmovisões ou "visões-de-mundo", diferentes para cada povo, cultura, sociedade ou segmentos das sociedades eram filosoficamente estudados, sabidos e respeitados.

Hoje, impera a lei do egoísmo e do egocentrismo. As pessoas enxergam o mundo como "um grande depósito de toda sorte de produtos", à disposição de seu desejo de consumo.

Em outras palavras, cada pessoa vê o mundo como uma grande projeção de si própria e julga-se no direito do "desfrute" total e irrestrito dele. Perdeu-se o espaço antes destinado à liberalidade e à compaixão pelo próximo.

CONCLUSÃO: AUSÊNCIA DE DEUS E VAZIO EXISTENCIAL

Cedo ou tarde, toda pessoa que vivencia uma revolução dessa magnitude, descobre que não é possível passar incólume pelas leis de natureza espiritual e psicológica.

Já vimos, em postagem anterior neste blog, que o sentimento moral (e por via de consequência, religioso) não foi dado por Moisés, no Monte Sinai. Ele já nasce com cada ser humano, constituindo parte importantíssima de sua psiquê.

É por essa razão que o homem não pode desprezar valores multimilenarmente acumulados, impunemente.

A célebre frase de Nietzsche de que "Deus está morto" nunca foi tão verdadeira quanto está sendo para a presente geração.

Cada homem ou cada mulher que eliminou Deus de sua agenda egoísta e materialista, implementando assim, a sua revolução invisível, paga por isso um preço incomum de frustração e de sofrimento.

Embalados pela falsa idéia de que são "livres" de regras ou de valores, são, na verdade, apesar de todo "desfrute", infelizes criaturas, sem Deus, imersas num imenso vazio existencial.

"Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" (Isa. 5.20).

Tony Ayres

OBSERVAÇÃO: a primeira foto deste post é de autoria de Marco Moreira,

marco@magelstudio.com.br

Nossos agradecimentos

19 agosto, 2009

Angústias de Um Pastor de Almas

42-17731548 Houve um tempo em minha vida, em que, por curto espaço de tempo, residi na cidade de Curitiba, capital do Paraná, ocasião em que tive a oportunidade de lá fazer alguns amigos queridos.

Numa das visitas que fiz, posteriormente, àquela cidade, conversando com um desses amigos, então proprietário de uma loja de automóveis, disse-me ele que os bancos da cidade não faziam mais financiamentos para "pastores", tal o índice de inadimplência que esses "profissionais" tinham na praça.

Logo entendi que tal restrição não se devia aos pastores, de fato, mas aos lobos que se apresentam como pastores, conforme Lucas, 7.14: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores".

Hoje, todos nós podemos assistir na TV, homens que se denominam porta-vozes da Palavra, mas que, na verdade,estão vendendo "produtos" e "promessas", enriquecendo-se e construindo impérios, onde os "senhores" serão eles mesmos, e não o Senhor, a quem dizem pregar.

Embora comportamentos como esses produzam tristeza e repugnância a todos aqueles que conhecem e desejam seguir a Jesus como Senhor; não lhes rouba a fé, porque sabem que, pela graça de Deus, ainda existem muitos homens verdadeiramente chamados e vocacionados por Deus, que não comungam com tais procedimentos.

São os verdadeiros pastores de almas, que conhecem o cheiro das ovelhas, suas angústias, suas dores e suas aflições; que aprenderam que o evangelho de Jesus não é um mero "facilitador da vida" nem tampouco um salvo-conduto para uma existência recheada de benesses.

Esses homens têm, por vezes, o coração rasgado e a alma dilacerada pelo sofrimento por amor à causa de Cristo e de seu Reino, razão pela qual não lhes falta também e consolo nas tribulações e a certeza de poderem dizer como Paulo: "Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus" (Gal. 6.17).

Tomo a liberdade de transcrever aqui, o testemunho de um desses homens de fé, cujas mensagens e ensinamentos têm sido, já por alguns anos, lenitivo e refrigério para a minha alma:

Oro a Deus para que as palavras que se seguem sejam devidamente entendidas e postas na condição do título da postagem, que é "Angústias de Um Pastor de Almas".

Tony Ayres

Meu novo cristianismo

Ricardo Gondim

Algumas pessoas me perguntam se sei aonde quero chegar. Respondo que estou mais certo dos caminhos que evito trilhar.
Recuso-me acalentar cinismos em meu coração; fujo de tornar-me inconseqüente em declarações que possa fazer a respeito de Deus e da fé; tenho medo de perpetuar uma espiritualidade desconectada da vida.

Reconheço que acalento algumas intuições ainda muito verdes. Mas elas já fazem algum sentido para mim.

1. Não consigo mais acreditar que Deus viva inativo e que só as preces oriundas de uma espiritualidade “verdadeira” consigam movê-lo.


2. Não consigo mais acreditar que Deus opere milagres, premiando uns poucos enquanto deixa “correrem frouxos”, os exércitos que matam, as multinacionais que lucram com remédios que poderiam salvar vidas e os governos corruptos que atolam os mais pobres numa abjeta miséria.

3. Não consigo mais acreditar que Deus, mantendo o controle absoluto de tudo o que acontece no universo, esteja envolvido com Auschwitz, Ruanda, Darfur, Iraque e com outras hecatombes humanas. Não aceito mais que ele, parecido com um tapeceiro, precise dar nós aparentemente malditos na história - que não entendemos - enquanto, do outro lado, faz tudo perfeito para conduzir a humanidade a seu glorioso fim. Qual o propósito de Deus ao “permitir” que uma menina fique paraplégica com uma bala perdida?


4. Não consigo mais acreditar que a função primordial da religião seja acessar o sobrenatural para tornar a vida mais leve. Os cristãos, em sua grande maioria, tentam fazer da religião um meio de controlar o futuro; praticam uma fé preventiva, pois aceitam como verdade que os verdadeiros adoradores conseguem se antecipar aos percalços da vida; afirmam que os ungidos sabem prever e anular possíveis acidentes, doenças, ou quaisquer outros problemas existenciais do futuro.


5. Não consigo mais acreditar que o cosmo esteja sincronizado como um relógio e que não caiba qualquer aleatoriedade no universo. Creio que no meio do caminho entre o determinismo e a absoluta casualidade esteja o arbítrio humano, que somado às interpelações divinas, pode construir o futuro.

Em março de 2007, celebrei 25 anos como pastor da igreja Betesda. Sou seu líder desde que ela engatinhou em Fortaleza. Depois de tanto tempo, reconheço que assusto com minha teimosia de querer entender o que significa ser uma “metamorfose ambulante”.

Já vislumbro meu jubileu de ouro. Por isso, alimento meu coração de entusiasmo. Estou grávido de expectativas com minhas ressignificações da fé.

Soli Deo Gloria.

fonte: Site do Pr. Ricardo Gondim

15 agosto, 2009

Quando Falar e Quando Ficar Calado?

mudo_calado Há alguns anos, num sábado de manhã muito cedo, fui despertado pela campainha de minha casa, que tocava insistentemente.

Quando desci para atender, fiquei logo apreensivo, pois quem tocava era o meu pastor, que me olhava com certa ansiedade:

"Preciso de você agora mesmo; por favor me socorra!"

Um tanto atordoado, abri-lhe a porta e só então fiquei inteirado do que se passava. Ele havia recebido a incumbência de recepcionar, em nome do Ministério, um pastor inglês e sua esposa, que estavam prestes a desembarcar em São Paulo.

Como não falava inglês, apelou para mim, para ajudá-lo no cumprimento da missão. Troquei-me, rapidamente, e rumamos para o aeroporto.

Recepcionamos o casal, que por sinal, era muito simpático; mostramos a eles um pouco da cidade de São Paulo, almoçamos juntos e, finalmente, os deixamos no hotel onde já tinham reserva, feita pela Igreja.

Este pequeno relato, aparentemente, sem nenhuma importância, provavelmente eu nem o colocasse aqui, não fosse por um pequeno incidente, envolvendo o pastor britânico, que nunca mais consegui esquecer. Vou contá-lo, a seguir:

Estávamos rodando por uma grande avenida da cidade e eu, com o intuito de "quebrar o gelo" e parecer-lhe simpático, fazia-lhe muitas perguntas sobre fatos e pessoas da Inglaterra, às quais ele respondia, sempre alegre e solicitamente.

Até que, em meio à conversa, perguntei-lhe algo sobre a vida da princesa Diana, que havia falecido tragicamente, algum tempo antes.

O pastor silenciou por um momento, visivelmente constrangido. Depois, olhando para mim, disse-me, em inglês, calma, mas firmemente:

"Meu irmão, há algum tempo, fiz um pacto com o meu Deus. Nesse pacto, eu lhe disse que, toda vez que eu pudesse falar o bem sobre qualquer pessoa, eu falaria. Mas, toda vez que eu não pudesse falar qualquer bem, eu me calaria". E calou-se, a seguir.

Os anos se passaram e nem sei mais por onde anda esse pastor. Nem mesmo o seu nome, eu consigo me lembrar. Mas essa lição que ele me deixou, com certeza, jamais esquecerei.

Não desejo ser hipócrita. Jamais consegui fazer o pacto que ele fez. É-me muito difícil compactuar com atitudes e fatos que considero errados. Mas reconheço que, algumas vezes, seria melhor manter-me calado do que dizer alguma coisa que possa envolver meu próximo.

"Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus..." (1 Pe. 4.11)

Tony Ayres

11 agosto, 2009

Dinheiro Que "Libera" Bênçãos

televisao Há exatos onze anos, a editora Vida, em 1998, publicava o livro: "Televisão, Falando Francamente a Respeito", de minha autoria.

Neste livro, embora tivesse o cuidado de explicar os cuidados que a TV representa para aqueles que dela se utilizam sem um filtro crítico, procurei, sobretudo, mostrar que, enquanto cristãos evangélicos, portadores de uma mensagem do Reino; deveríamos lançar mão dela para a evangelização de grande alcance.

Infelizmente, vi esse instrumento de comunicação de massa realmente ser cada vez mais ser aproveitado pelo segmento evangélico.

Não, porém, tendo a pregação da Palavra como finalidade última e principal. Mas, apenas como mero pano de fundo para o enriquecimento de homens inescrupulosos.

No último sábado (08.08.2009), tive a oportunidade de assistir ao programa de conhecido tele-evangelista brasileiro que, para minha surpresa, cedeu o tempo de pregação a um outro tele-evangelista americano, de quem, ao que tudo indica, tornou-se seguidor.

Confesso que repugnou-me ver aquele homem, do alto de seus quase 80 anos de idade, chamado de "profeta de Deus" pelo primeiro (o dono do programa), ficar insistentemente, com os olhos fixos na câmera, pedindo uma oferta especial de 900 reais para que ele "liberasse" a bênção da prosperidade.

E como não pudesse encontrar base bíblica para tal pedido, o "profeta" explicou que a quantia de novecentos reais se devia ao fato de estamos no ano 2009 ( o nono ano deste século); assim seriam 100 reais para cada ano.

Ora, mesmo para um americano, 900 reais não é pouco dinheiro! Significa cerca de 500 dólares, nos valores de hoje. E quem quer que tenha estado nos Estados Unidos da América, sabe muito bem o que se pode adquirir com 500 dólares.

Fiquei pensando nas milhões de pessoas, neste país, que, mesmo dando duro, trabalhando de sol a sol e com as mãos calejadas, não conseguem ganhar 900 reais como salário mensal.

Se Deus somente liberasse a "bênção da prosperidade" a quem enviasse ao programa tal quantia, essas milhões de pessoas estariam excluídas dela.

Paradoxalmente, no mesmo dia, vi pela Rede Globo, a campanha "Criança Esperança" que, em parceria com a UNESCO, arrecada fundos para projetos de ajuda a crianças seriamente necessitadas.

Para ajudar uma criança, você tem a opção de contribuir, liberalmente, com: 7, 15 ou 30 reais e, se você fizer isso com o coração aberto; mesmo sem promessa alguma de "liberação de bênçãos da prosperidade"; não há como você deixar de ser abençoado.

De minha parte, creio que, nos dias de hoje, eu não me atreveria mais a escrever um livro sobre a utilização da TV para fins evangelísticos. Ou, se me atrevesse, certamente ele teria outro teor.

Finalizando este post, coloco aqui o que o apóstolo Paulo escreveu aos Romanos: "Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego". (Rom. 1.16).

E deixo, registrada, a minha firme convicção de que, alguns evangelistas de TV, deveriam, ao contrário de Paulo, envergonhar-se da espécie de evangelho que pregam.

Tony Ayres

10 agosto, 2009

Os Dois Homens

fariseu e publicano "E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:

Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.

O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.

Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.

O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado". (Lc. 18. 9-14)

03 agosto, 2009

Sexo Entre Jovens Cristãos: Um Dilema Para a Igreja Atual

sxprecoce É indiscutível que a Igreja atravessa um momento muito delicado de sua história, no que diz respeito à sexualidade de seus jovens e adolescentes.

Esse é um assunto por demais importante e, por essa razão, não se pode, como o avestruz, enfiar a cabeça na terra, fazendo de conta que ele não existe.

Imaginamos que esta é a hora em que pais e pastores devem discutir a questão em bases bíblicas, porém, procurando analisar todos os ângulos dela, sem precipitações e com uma profunda reflexão a respeito.

ALGUNS PONTOS A SEREM CONSIDERADOS

Em primeiro lugar, temos que voltar lá atrás (anos 60), quando iniciou-se a chamada "Revolução Sexual", com o advento da pílula anticoncepcional e a liberação feminina no campo da sexualidade que, na verdade, foi protagonizada na época em que as atuais mães de jovens e adolescentes eram, então, a juventude feminina.

Essa revolução, que expandiu-se e ganhou corpo na década de 1970 fez com que as mulheres "ganhassem o mesmo direitos que os homens", até então, tidos como os "privilegiados" para desfrutarem um sexualidade fácil e descompromissada.

Foi quando surgiu o termos "amizade colorida" e "ficar", ambos significando uma relação de "namoro" com total liberdade para a prática do sexo antes do casamento.

Foi também o período de proliferação dos motéis em todas as grandes cidades, como o lugar propício para a nova realidade do namoro liberal.

A INTERCORRÊNCIA DA AIDS

A situação de liberalidade sexual entre os jovens foi se incrementando cada vez mais e, de fato, descambou para a permissividade total.

Houve porém um advento, que freou essa escalada: o surgimento e a identificação do terrível vírus HIV, responsável pela disseminação da não menos terrível síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS), ainda nos primeiros anos da década de 1980.

O mundo testemunhou, então, uma imensa população de jovens (e adultos também) que foram dizimados precocemente, uma vez que, uma das principais vias de propagação da doença era (e ainda é) o contato sexual.

O COQUETEL

Hoje a AIDS continua a ser um fantasma, mas menos assustador, uma vez que, embora ainda não tenha sido descoberta a sua cura, o chamado "coquetel" retroviral, mesmo sendo de difícil administração, permite uma redução no número de vírus na circulação sanguínea tão drástica, que os exames chegam a dar "indetectáveis".

Como a pessoa soropositiva, por causa do efeito do coquetel, volta a ter uma vida aparentemente saudável (trabalhando, estudando, produzindo, etc), pode-se dizer que, praticamente, as pessoas quase que não morrem mais devido à AIDS.

CONSEQUÊNCIAS

Essa falsa impressão de que a AIDS não existe mais, ALIADA AO FATO de que a atual geração de jovens e adolescentes literalmente NÃO PRESENCIOU a época mais terrível dessa síndrome, com altíssimos níveis de mortalidade, eliminou o medo da cabeça desses jovens.

Ao lado disso, a educação sexual, hoje introduzida nas escolas públicas e particulares (positivamente, não podemos negar) ensina a prática do chamado sexo seguro e as formas de prevenção da doença.

RESULTADO

Positivamente, o resultado é o de que os jovens de hoje estão muito melhor informados sobre sexo seguro do que as gerações anteriores.

Pelo lado negativo, porém, temos que reconhecer "um renascimento da revolução sexual", com a livre prática do sexo entre jovens e adolescentes de hoje, muitas vezes, com a aprovação e consentimento dos pais.

Em um de seus artigos, a revista americana "Christianity Today", edição de agosto de 2009, reporta o fato de que mais de 90% dos adultos solteiros americanos experimentam relações sexuais antes do casamento.

E, nas igrejas evangélicas, a realidade não é muito diferente.

Para mostrar isso, a revista comenta o resultado de um estudo representativo, em nível nacional, cujos números demonstraram que pouco menos do que 80% de adultos jovens evangélicos, conservadores e frequentadores dos cultos, que estão atualmente namorando, praticam alguma forma de sexo.

Com certeza, a situação dos jovens crentes brasileiros não é nem um pouco diferente.

O QUE FAZER, ENTÃO

Não temos a pretensão de dar uma resposta fechada à essa questão, porque ela não é nada simples.

Aumentar a pressão para a preservação da castidade até o casamento (o que seria ideal), é uma saída que não tem dado certo, uma vez que os jovens evangélicos praticam cada vez mais o sexo pré-marital.

Uma das razões disso é, sem dúvida, o casamento cada vez mais retardado, por exigências sociais.

Muitos casais cristãos adotaram o modelo secular de contrair núpcias somente após os 30 anos de idade, quando tiverem terminado a sua graduação, pós graduação e obtido um sólido vínculo empregatício (o que, convenhamos, é muito difícil), em nossos dias.

Lembramos que, desde a menarca (para as meninas) e a primeira emissão de sêmen (para os meninos), biológicamente, eles já estão preparados para a sexualidade e para a reprodução.

A maturidade psicológica virá bem mais tarde (por volta dos 18-22 anos), mas poucos esperam por ela.

Portanto, contando com o fato de que os jovens estão, quando homens, com os níveis de testosterona à toda e, quando mulheres, com os níveis de progesterona e estrogênio, em igual situação, é de se supor que suportar uma vida celibatária por cerca de 15-20 anos, antes de se se casar (aos 30 anos ou mais) é quase que impossível.

CONCLUSÃ0

Embora o que diremos a seguir possa soar forte demais; se não quisermos ser hipócritas, temos de admitir que, na maioria das igrejas evangélicas, hoje, quando o assunto é SEXO ANTES DO CASAMENTO, os jovens solteiros o praticam livremente; os pais, de alguma forma, fingem que não vêem e os pastores (até por estarem inseguros) fingem que não sabem.

A SAÍDA

Sem queremos ser os donos da verdade e sem nenhuma pretensão, além de desejar o bem do Corpo de Cristo, que é a Sua Igreja; e reconhecendo que a situação é, realmente, muito delicada, acreditamos que a solução para esse problema terá que, obrigatoriamente, abarcar os seguintes pontos:

  • Uma profunda reflexão realística e bíblica sobre o tema, por parte de Ministérios, Presbitérios e Conselhos de Igrejas, levando em conta o momento histórico e a realidade em que vivemos, com decisões claras e até mudanças de estatutos, se for o caso.

  • Um repensar do real significado do casamento bíblico e teológico, sobrepondo-se a sua ênfase sobre a instituição civil e humana do mesmo.

  • A construção de uma orientação clara, realista, bíblica e não legalista, a ser ministrada aos jovens cristãos de nossos dias e a seus pais.

Tony Ayres

01 agosto, 2009

O nosso maior é o nosso melhor?

C2006517205400975537_Ambulance_van Era uma igreja onde havia dois diáconos, ambos muito eficientes, piedosos, cheios de fé e amantes da obra missionária. Como era natural, respeitavam-se mutuamente, como irmãos em Cristo.

A igreja os amava igualmente. Aparentemente, para quem os visse pela primeira vez, não havia protecionismo ou qualquer outra sorte de desigualdade entre eles.

No entanto, eram muito diferentes: um era muito rico e o outro era muito pobre. Fora da igreja, portanto; um, pouco sabia da vida do outro, uma vez que viviam em mundos diferentes.

Uma certa manhã, bem cedinho, o diácono rico estava muito excitado e feliz, entre as pessoas que transitavam no porto da cidade litorânea onde a igreja estava situada.

Foi quando, de repente, e com surpresa, encontrou-se com o diácono pobre. Um sorriso estampou-se em seu rosto. Não pôde conter as palavras:

"Irmão, que alegria encontrá-lo aqui! Olhe, consegue ver aquele navio que está quase desaparecendo no horizonte?" – E antes que o outro tivesse tempo de responder, acrescentou, sem poder se conter: "Sabe, irmão, aquele navio está levando uma ambulância novinha em folha, que estou doando para a obra missionária!"

De repente, ao ver o tímido sorriso, toldado de uma nuvem de tristeza que se esboçou no semblante do outro, saiu um pouco de sua redoma de alegria e perguntou-lhe: "Mas, irmão, percebo que você não compartilha de minha alegria; há algo errado consigo?"

O outro baixou um pouco os olhos, como para esconder uma lágrima furtiva, e em seguida, respondeu:

- Não, meu irmão, não há nada errado comigo, a não ser o coração de pai um tanto apertado, aqui no meu peito..."

- Mas, por que razão? – atalhou o diácono rico, sem entender.

- Sabe, meu irmão, aquele navio que está levando a sua ambulância? – respondeu o diácono pobre.

- Sim, com certeza!

- Pois bem, ele também está levando a minha única e querida filha para a obra missionária.

Desta vez foi o diácono rico quem baixou a cabeça. Depois, num rasgo de súbita consciência, murmurou para o amigo:

- Puxa, meu amado; eu estava achando que fiz um bem enorme para Deus, doando uma ambulância para a obras missionária, quando na verdade, poderia doar dezenas delas.

E concluiu, emocionado:

"Mas você doou muitíssimo mais do que eu: Sua única filha, seu apoio, sua alegria, carne de sua carne" – e lembrando-se de sua linda filha que deixara em casa, tocando piano":

"Eu sou muito mais egoísta do que você".

Moral: "Não te ensoberbeças por mais grandiosos que pareçam ser os teus feitos. Há sempre alguém com o coração mais altruísta do que o teu".

"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai"
(Fil. 2. 5-11)

Tony Ayres

30 julho, 2009

Uma Igreja Cujos Líderes Se Perderam

180px-Spurgeon Quem quer que conheça um pouco da história recente da Igreja e dos grandes avivamentos ocorridos a partir do século XIX, na Europa (berço de protestantismo) e nos Estados Unidos da América, lembrar-se-á de grandes pregadores, tais como Charles Haddon Spurgeon, Charles Finney e Dwight Lyman Moody.

Esses nomes e muitos outros fazem parte da galeria dos modernos heróis da fé. Ler suas biografias é uma verdadeira inspiração para os nossos corações, um tanto empedernidos pelas mazelas das igrejas evangélicas deste século XXI.

Os três nomes aqui citados (Spurgeon, na Inglaterra; Finney e Moody, nos Estados Unidos) foram, além de evangelistas, extremados e corretos líderes de igrejas.

Os seus sermões (impressos até hoje) e as suas realizações falam por si só, não apenas de suas vidas exemplares, mas, ainda mais, do caráter ilibado que cultivaram.

A COMPARAÇÃO INEVITÁVEL

Obviamente, ao falarmos desses homens, estabelece-se, imediatamente, em nossas mentes, a grande diferença entre eles e os atuais líderes de grandes denominações evangélicas; e nem é preciso que isso seja feito com igrejas lá da Inglaterra ou dos Estados Unidos, e sim, com aquelas aqui mesmo, do Brasil.

Ficamos, então, perguntando: Por que será que, se a Bíblia não mudou, mudaram tanto as prioridades dos líderes de hoje? E a pergunta nem mesmo se refere à mudanças culturais, que são naturais ocorrerem de uma geração para outra.

Temos consciência de que o verdadeiro homem de Deus da atualidade continua com a missão de interpretar a Revelação de Ontem para os crentes de Hoje. Esse é o ofício do profeta.

Mas as mudanças ocorridas são mesmo de natureza ética e moral.

O que vemos, em nossos dias? Por um lado, líderes que transformaram suas denominações numa espécie de "papado" eclesial evangélico e em "dinastias" onde se passa o "bastão" de pai para filho; que utilizam o voto de seus rebanhos como "moeda eleitoral" e que, dessa forma, vão se perenizando no poder.

Por outro lado, líderes que preferem mercadejar a Palavra, pregar um "Deus" que aceita barganhas, que concede "bênçãos de prosperidade e riquezas" a quem ofertar "sacrifícios" em dinheiro; que "faz diferença" entre o filho que "entrega" seus valores"pela fé" e aquele que nada tem a entregar.

A IDENTIFICAÇÃO COM A "PERSONA"

"Persona" é uma palavra latina, cujo significado é "máscara" (daí a palavra "personagem"), utilizada tanto pela linguagem teatral, como pela psicologia.

Em outras palavras, "persona" designa o papel desempenhado pela pessoa; ou no palco de um teatro, ou no teatro da vida.

Psicologicamente falando, é até saudável que a pessoa utilize sua "persona" para relacionar-se melhor com seus semelhantes no campo profissional ou mesmo afetivo.

O que, absolutamente, não é saudável (pelo contrário, passa a ser uma doença) é quando a pessoa passa a não perceber mais a diferença entre as duas coisas, identificando-se com sua persona.

Nesse ponto, ela literalmente se perde, pois não sabe mais identificar e diferenciar o "seu papel" e o seu "si mesmo".

Essa é a diferença, então, entre os líderes evangélicos de ontem e alguns dos líderes evangélicos de hoje.

Os "de ontem" sabiam perfeitamente que, embora o seu papel fosse o de grandes ganhadores de almas e pregadores de multidões, pessoalmente eram homens simples, falhos e despojados, completamente dependentes da graça de Deus, para o cumprimento de sua missão.

Os de hoje, infelizmente, "se perderam", identificando-se com os seus papéis. Por causa disso,trocaram a graça e o poder de Deus, pelo fascínio do poder humano.

Em meio a isso tudo resta-nos, como uma janela de esperança que se abre, a constatação de que, para a glória de Deus e para a dignificação de seu Reino, o fato real e, realmente, encorajador, de que alguns líderes não se deixaram envolver por essa estranha "identificação".

Ao contrário, a despeito de seus carismas e do prestígio que alcançaram em meio a seus rebanhos; preferiram o caminho mais difícil, fazendo uma outra identificação: a identificação com os sofrimentos e com a simplicidade de Cristo, manifestados através do amor e do cuidado para com a suas ovelhas.

São, para a nossa alegria e fortalecimento de nossa fé, as "vozes solitárias" que ainda clamam no deserto.

Soli Deo Gloria

Tony Ayres

27 julho, 2009

Erotismo e Espiritualidade: o Equilíbrio Necessário

valentine%20gift%20valentines%20day%20gifts Ainda em seu início, a psicanálise de Freud foi acusada de promover a libertação do homem de seus instintos animais reprimidos, provocando com isso uma catástrofe de dimensões imprevisíveis.

Uma acusação dessa natureza leva-nos a uma constatação, no mínimo, reveladora: a pouca confiança que o ser humano deposita na moral, que é particularmente enfatizada pelos cristãos legalistas.

De fato, a psicanálise pode tornar conscientes todos os instintos animais inconscientes. Não, porém, para deixá-los soltos numa libertinagem sem freios, mas para integrá-los, harmoniosamente, na personalidade.

No entanto, mesmo que desconsiderássemos isso; sob quaisquer circunstâncias, seria sempre uma vantagem poder dominar, pelo conhecimento consciente, esses instintos.

Caso contrário, seus conteúdos reprimidos apareceriam em outro lugar ou outro momento, como um estorvo, como uma excrecência.

Isso representaria uma pedra dentro do sapato, pois tal estorvo apareceria (como de fato aparece), não em áreas secundárias; mas, precisamente, nos pontos mais nevrálgicos e vulneráveis da psiquê. Isso explica, por exemplo, o fato "daquela pessoa tão santa e piedosa" cair, de repente, no mais grosseiro pecado sexual.

Melhor, então, como aludimos, ser educado pela psicanálise.

As pessoas, quando educadas para enxergarem o lado feio e sombrio de sua natureza, aprendem também a lidar com esse lado, aceitando-o e compreendendo a sua dinâmica.

Isso fará delas seres humanos menos egoístas e menos hipócritas; o que resultará num bem, uma vez que a diminuição do egoísmo e da hipocrisia fará com que elas deixem de projetar nos outros a falta de respeito e a violência que tinham para consigo mesmas, antes de chegarem ao nível do autoconhecimento.

É a isso que, na linguagem bíblica, chamaríamos de "amar o próximo".

De qualquer forma, o fato de ainda trazermos dentro de nós "o velho Adão" redunda na realidade de que teremos sempre que lutar contra a sensualidade exacerbada.

A certeza que temos é que o erotismo sempre foi e sempre será um problema controvertido, independentemente de quaisquer leis ou princípios adotados, uma vez que pertence à natureza animal do homem.

Paradoxalmente, no entanto, esse mesmo erotismo está ligado às mais altas formas de espiritualidade (quando um homem se une sexualmente com uma mulher serão ambos "uma só carne"). Ora, essa é uma união não apenas carnal, mas também espiritual.

Logo, é preciso que haja um equilíbrio entre o erótico e o espiritual pois, somente assim, a comunhão do casal será completa e realizadora.

Se esses dois elementos (erotismo e espiritualidade) não estiverem harmônicos, haverá um dano por causa da unilateralidade e o resultado, fatalmente, será doença emocional.

Concluindo, podemos afirmar, então, que o excesso de animalidade deforma o homem espiritual enquanto que o excesso de espiritualidade cria animais doentes.

Mais uma vez, portanto, voltamos à verdade do antigo filósofo: "in medium virtus", ou seja, "a virtude está no meio".

No que tange à sexualidade, como nas outras questões da vida, essa virtude está no equilíbrio e na sensatez, razão pela qual qualquer tipo de extremismos deve ser rechaçado.

"Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar" (1. Pe. 5.8).

Tony Ayres

22 julho, 2009

A vida trata a gente como a gente trata a vida

pcmso_consulta_medica Hoje, quero lhe contar uma história sobre a qual, espero que você retire dela, algo de bom para a sua vida e a vida de sua família.

Um homem de negócios muito bem sucedido, dono de um império empresarial, consultou seu médico, queixando-se de estresse, insônia, inquietude e uma série de outros sintomas da mesma natureza.

Para sua surpresa, a receita do doutor não foi a prescrição de um ansiolítico, de um sonífero ou de um antidepressivo: Sugeriu-lhe o profissional, que passasse uma tarde em um cemitério.

Quis questionar tal indicação e mandar o médico às favas, pois, se estava ali se consultando, é porque sabia que tempo era dinheiro; e ele tinha muito trabalho a fazer, ao invés de desperdiçar uma tarde inteira, ainda mais num lugar tão desagradável como um cemitério.

Mas, o médico era renomado e parecia saber o que estava fazendo.

Assim, no outro dia, lá estava ele, sem saber bem o porquê, passeando entre as árvores de um cemitério. Percebeu que tudo ali era silêncio, quebrado apenas pelo canto de um ou outro passarinho, nos galhos das árvores do lugar.

Começou a caminhar entre os túmulos.

Aos poucos, sua atenção foi despertada pelos detalhes que começou a notar. Viu túmulos humildes e mal pintados; viu outros luxuosos, talhados em mármore fino e polido.

Viu ainda outros que pareciam pequenas catedrais, que tentavam, inutilmente, perenizar uma lembrança de alguém que se fora, há muito tempo atrás.

Começou a observar as inscrições, os epitáfios gravados nas pedras; ficou especialmente curioso pelas datas de nascimento e morte das pessoas.

Deu-se conta, olhando as fotos dos mortos que ali jaziam enterrados, que havia pessoas de todas as idades, de todas as cores, de todas as raças e de todos os níveis sociais.

Não pôde deixar de refletir sobre a efemeridade da vida e, ao sair dali, já pela noitinha, sentiu que algo que não sabia identificar ao certo o que era, havia mudado dentro dele.

Retornou ao médico, estranhamente mudado.

Não foi sem constrangimento que lhe relatou que, embora não soubesse explicar a razão, seus sintomas haviam desaparecido: não se sentia mais estressado, estava dormindo bem e até sentia "uma certa paz", que há muito, havia esquecido como era.

Por fim, confessou ao doutor que, depois de vinte anos sem tirar férias, deixara o paletó e a gravata de executivo e, na última semana, e fizera uma pescaria com a esposa e os filhos, alegre e revigorante para a família inteira.

O médico sorriu-lhe, satisfeito: "Vejo que a minha receita fez-lhe muito bem, pois você precisava confrontar-se com a morte, para voltar a valorizar sua vida! Pode ter certeza de que, a partir de agora, muitas outras pescarias, viagens e alegrias irão ser uma constante em sua vida". E apertou-lhe a mão, visivelmente feliz.

Pois bem, muita gente gasta seus dias para tão somente juntar dinheiro e, quando menos esperam, a vida passou, a velhice chegou e já não há mais tempo para mais nada.

Percebem que vazias viveram e vazias partirão para a grande viagem eterna.

Igualmente, muita gente se engana, pensando que os grandes tesouros e as grandes fortunas deste mundo estão depositados nos Bancos Centrais, nas jazidas de petróleo ou nas carteiras de ações das Bolsas de Valores do mundo inteiro.

Não percebem que as as maiores riquezas da humanidade estão simplesmente...enterradas nos cemitérios.

Ali estão sepultados não apenas ex-magnatas que foram os "donos" de todo o dinheiro que, prodigamente, juntaram, durante suas existências terrenas.

Estão sepultados também tesouros de sabedoria humana, sonhos maravilhosos, idéias que valiam milhões, fama, poder, glamour, respeitabilidade da mais alta magnitude.

Tudo transformado em cinzas.

Que tal refletir sobre isso e, se necessário, repensar suas prioridades?

E se for preciso, mudar enquanto é tempo, pois, de fato, "a vida trata a gente como a gente trata a vida"?

"Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios"(Sal. 90.12).

Tony Ayres

20 julho, 2009

Carta a um jovem filósofo cristão

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Caro Amigo:

Obrigado pelo seu testemunho em relação ao casamento em idade muito precoce.

Infelizmente, vi exemplos demais de jovens que se casaram muito cedo, para se separarem em seguida.

Da mesma forma, conheço casos demais de outros jovens que permaneceram casados, até ocorrer aquilo que chamei de "segunda adolescência".

A vida é a vida e não se pode brincar com o relógio biológico que determina mudanças de visões de mundo, à medida em que se amadurece.

Tenho muito presente, dentro de mim, a exortação bíblica: "O homem que cavar um buraco, cairá dentro dele".

Em relação à minha posição teológica, simplesmente, não gosto de rótulos.

Acho que não é bom para um homem colocar-se dentro de um "cercado" e dar a esse cercado um nome, seja ele "calvinismo", "arminianismo", "teísmo aberto" ou "teologia relacional".

Deus não pode ser aprisionado dentro de quaisquer destes "cercados". Ele é muito maior do que quaisquer especulações teológicas ou filosóficas.

Prefiro ficar com a grande revelação do Novo Testamento: A ENCARNAÇÃO DO VERBO.

Vejo o Pai na figura do Filho, conforme a revelação de Jesus a Filipe. E isso me basta.

Que o Senhor lhe dê sabedoria para que, acima de Schopenhauer, Sócrates ou Nietzsche, tenha sempre prioridade em sua vida, os ensinos de JESUS DE NAZARÉ.

Forte abraço do amigo,

Tony Ayres

19 julho, 2009

Sexo antes do casamento

Comentário feito por mim, na data de hoje, no blog Ministério Casados em Cristo, na postagem: "Sexo antes do casamento x Formação intelectual e profissional".

Casamento Prezados irmãos conselheiros,

Graça e Paz!

Antes de mais nada, desejo manifestar todo o meu apreço e respeito para com o irmão Júlio Severo, bem como para com com a sua preocupação em preservar nossa juventude.

Mas, ainda com o mesmo respeito, e na condição de psicoterapeuta, manifestar também a minha discordância para com a sua proposta.

Isso porque, tanto a instintualidade quanto a psiquê, como um todo, fazem parte da natureza humana; e ambas têm que merecer a devida atenção, não se podendo privilegiar uma, em detrimento da outra.

Parece-me muito claro que Deus, ao planejar criar o homem jamais desejou que este fosse assexuado; razão pela qual, dotou-o de testosterona; e a mulher, de progesterona, mais estrogênio.

Esses hormônios sexuais impelem o homem em direção à mulher, bem como; a mulher, em direção ao homem.

Essa é a parte instintual da história que, aliás,somente pode ser domada pela cultura, pela civilização, pela vida em sociedade.

No entanto, a outra parte (a psicológica)não é estática, mas enormemente dinâmica. Por essa razão, jamais deve ser desdenhada, visto que é real e atávica.

A porção inconsciente da psiquê humana jamais se conforma com o domínio da cultura sobre a instintualidade, que foi, por isso mesmo; não aceita passivamente, mas reprimida.

Ora, essa repressão possui forças instintuais represadas, que procurarão escapar todo o tempo e, caso isso não aconteça por via psíquica, haverá a formação de sintomas somáticos, sob a forma de doenças orgânicas.

A saída apontada pelo irmão Júlio Severo - o casamento em idade precoce do jovem, para a preservação de sua pureza sexual e, em detrimento de sua formação intelectual, constitui apenas uma solução paliativa e um adiamento do problema, que se manifestará, com consequências ainda piores, numa idade mais madura.

A psicologia reconhece, tanto no homem, como na mulher, a chamada "crise dos 40 anos" ou, em outras palavras, a "idade do(a) lobo(a)".

Essa fase da vida humana acontece com todos os indivíduos e corresponde à uma "segunda adolescência", sem, todavia, os mecanismos de segurança que havia na primeira adolescência.

E, um dos questionamentos mais comuns nessa fase é justamente a extemporaneidade do casamento precoce.

Os cônjuges, agora, sem mais aquele romantismo da juventude, com filhos para serem criados, com todas a exigências da vida em comum e da vida profissional, fazem a "contabilidade" de suas "perdas e ganhos".

Infelizmente, a experiência tem demonstrado, fartamente, que "as perdas" pesam muito mais do que os "ganhos".

Há a frustração pela abdicação dos estudos, pela ausência de uma diversidade de experiências de namoro; o sentimento de "perda" dos melhores anos da vida e, não raro, uma maior ou menor "revolta" interior por essa puerilidade.

O resultado desses questionamentos todos é a ocorrência ( em um número estarrecedor) de "guinadas de 180 graus", que podem ser menos éticas, quando ocorrem as traições e infidelidades; ou mais éticas, quando existe antes, o rompimento, através da separação formal, para então a busca de uma nova identidade com um(a) novo(a) parceiro(a).

Fato que muito mais dificilmente aconteceria, se o casamento tivesse sido realizado por volta dos 28 ou 30 anos de idade, quando ambos os cônjuges já haveriam tido várias experiências de namoro e a formação profissional apropriada para o início de uma vida em comum com maior maturidade.

Se alguém duvidar dos fatos que aqui coloco para a manifestação de meu ponto de vista, sinta-se à vontade para comprová-los, conversando com qualquer psicoterapeuta experiente.

Espero que o choque dialético e respeitoso de opiniões conduza à uma reflexão mais profunda sobre a questão.

Cordialmente em Cristo,

Tony Ayres

17 julho, 2009

O que os cristãos evangélicos podem aprender com a novela Caminho das Índias?

caminho-das-indias-2009_thumb3 Todos nós, cristãos, sabemos que as telenovelas nada têm de edificante. Ao contrário disso, elas ensinam toda sorte de desonestidades, traições, perversões e mentiras.

Mas, daí a dizer que não as assistimos, seria pura hipocrisia (pelo menos para a maioria de nós, já que as exceções sempre existirão).

Conscientizados que estamos dessa verdade, em primeiro lugar é indispensável que tenhamos um bom filtro crítico, que nos permita discernir entre realidade e fantasia, uma vez que, sem eles, seríamos teleguiados para o mal, pela TV.

E, em seguida, se possível, aprendermos algo de útil com ela.

A NOVELA "CAMINHO DAS ÍNDIAS"

Apesar de o título deste post poder sugerir uma ironia um tanto sensacionalista, o fato é que, nós, cristãos evangélicos, podemos sim, aprender muitas coisas, através da novela atualmente exibida pela Globo.

Poderíamos passar em revista aqui, por exemplo, o comportamento emocionalmente doentio de uma série de personagens. Mas, por uma questão de espaço, faremos isso em relação a apenas dois deles, em razão da gravidade de suas psicopatologias.

1. PERSONALIDADE PSICOPÁTICA

O distúrbio de personalidade psicopática é mostrado com uma riqueza impressionante de detalhes, na novela, pela doce e meiga atriz Letícia Sabatella, que interpreta a maldosa e calculista Yvone.

Senão, vejamos:

O psicopata dimensiona exageradamente seus direitos, as possibilidades que possui e sua imunidade. Acha-se acima de todos e crê que ninguém seja capaz de descobrir os seus intentos.

As normas sociais pressupõem inibição e implicam na aplicação de castigo, uma vez que as leis foram elaboradas para coibir e para condicionar as condutas instintivas dos indivíduos.

Todavia, o psicopata não apenas transgride as normas, mas também as ignora abertamente, considerando-as apenas como obstáculos que devem ser superados na conquista de suas ambições.

Eles conseguem participar dos grupos sociais, apesar de romperem todas as normas. São incapazes de se arrependerem e de se corrigirem. A arte deles reside na dissimulação, no embuste, na teatralidade e no ilusionismo.

São refratários a estímulos negativos ou positivos. São amorais e não modificam sua conduta por causa deles.

Para o indivíduo psicopata, a mentira é apenas uma ferramenta de trabalho. Ele corrompe a verdade com a finalidade de conseguir vantagens pessoais, evitar castigos, conseguir recompensas e enganar as outras pessoas.

Ele viola qualquer tipo de normas, mas não todas as normas, vez que, violando todas as normas ao mesmo tempo, seria rapidamente descoberto e apanhado.

A relação do psicopata para com outros seres humanos ocorre sempre na forma de transgressões éticas. Para ele, a outra pessoa sempre é “uma coisa”, um instrumento de trabalho e um objeto de manipulação.

Essa "coisificação" do outro constitui a atitude que lhe permite utilizá-lo como objeto de intercâmbio e utilidade.

2. TOC – TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

Já o transtorno obsessivo compulsivo é caracterizado pela psiquiatria como um transtorno de ansiedade, que produz muito sofrimento para seu portador e, como consequência, também para aqueles que com ele convivem.

Na novela, essa psicopatologia é apresentada pelo Dr. Castanho, psiquiatra dono de uma clínica para doentes mentais, papel desempenhado pelo veterano ator Stênio Garcia.

*Seus sintomas envolvem alterações do comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações), do pensamento (obsessões sobre dúvidas, preocupações excessivas, pensamentos de conteúdo ruim ou impróprio, etc.) e da emoção (medo, aflição, culpa, depressão).

OBSESSÕES MAIS COMUNS:

- Preocupação excessiva com sujeira, germes ou contaminação.
- Dúvidas.
- Preocupação com simetria, exatidão, ordem, seqüência ou alinhamento.
- Pensamentos, imagens ou impulsos de ferir, insultar ou agredir os outros.
- Pensamentos, cenas ou impulsos indesejáveis e impróprios relacionados ao sexo (idéias sobre comportamento sexual violento, abuso sexual de crianças, homossexualidade, palavras obscenas).
- Preocupação em armazenar, poupar, guardar coisas inúteis ou economizar.
- Preocupação com doenças ou com o corpo.
- Idéias sobre religião (pecado, culpa, escrupulosidade, sacrilégios ou blasfêmias).
- Pensamentos supersticiosos: preocupação com números especiais, cores de roupa, datas e horários (podem provocar desgraças).
- Palavras, nomes, cenas ou músicas intrusivas e indesejáveis.

Compulsões ou rituais são comportamentos ou atos mentais e repetitivos, executados em resposta às obsessões. As compulsões aliviam momentaneamente a ansiedade associada às obsessões, levando a pessoa a executá-las toda vez que sua mente é invadida por uma obsessão.

COMPULSÕES MAIS COMUNS:

- Lavagem ou limpeza.
- Verificações ou controle.
- Repetições ou confirmações.
- Contagens repetitivas.
- Promover a ordem, simetria, seqüência ou alinhamento.
- Acumular, guardar ou colecionar coisas inúteis, poupar ou economizar.
- Compulsões mentais: rezar, repetir palavras, frases, números, fazer listas, tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por pensamentos contrários.
- Diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar, estalar os dedos.

As compulsões associadas a dúvidas também podem ser mentais, como reler várias vezes um texto, visualizar várias vezes uma cena, etc. Fazem parte das compulsões as atitudes evitativas (evitações).

Evitações – são, com muita freqüência, comportamentos adotados como forma de não desencadear as obsessões evitando-se as situações, objetos ou circunstâncias que geram tais pensamentos e, conseqüentemente, ansiedade.

EVITAÇÕES MAIS COMUNS:

- Não tocar em trincos de portas, ou outro objeto com a mesma conotação.
- Isolar compartimentos e impedir o acesso dos familiares.
- Restringir o contato com sofás, cadeiras e etc.*

Finalizando nosso post, desejamos enfatizar que essas duas psicopatologias são muito comuns entre os cristãos evangélicos e, frequentemente, são vistas como "obras do diabo".

Infelizmente, existem muitos "pastores" psicopatas dirigindo igrejas e milhares de crentes sofrendo de TOC.

Os pastores psicopatas precisam ser identificados por suas denominações e afastados de seus cargos, uma vez que ser psicopata é uma condição de vida (o indivíduo psicopata será assim por toda a vida).

Já o TOC responde muito bem à medicação específica e, portanto, não deve ser tratado como "possessão", com exorcizações.

Deus continua operando milagres sim, mas somente Ele tem a prerrogativa de curar ou não. E Ele tanto pode fazer isso através de um milagre instantâneo, como pode utilizar médicos e medicamentos para a cura.

Cabe a nós termos a necessária sabedoria para entendermos isso.

Tony Ayres

*Texto marcado com esse asterisco - Fonte: PsiqWeb

15 julho, 2009

Pastores em Perigo

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NOTA: Este post pode interessar a pastores verdadeiramente vocacionados por Deus e fiéis a seus chamados. Não interessará, com certeza, "pastores" assim auto-intitulados, mercadores da Palavra, vendilhões de púlpito e "politiqueiros".

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Hoje queremos falar sobre os desânimos, os desapontamentos e as decepções que, infelizmente, nestes últimos anos, vêm atingindo pastores de diferentes denominações, no Brasil e fora dele.

Esses homens, um dia, no passado, já foram fervorosos, entusiastas, pró-ativos, praticantes do primeiro amor e cheios de fé. No entanto, os longos e sofridos anos na jornada ministerial arrefeceram os seu ânimos.

Foram tantas pessoas amadas com câncer pelas quais oraram, fizeram campanhas e, mesmo assim, viram morrer; foram tantos os casamentos que celebraram e, depois, mesmo com árduas orações, viram ruir; foram tantos os projetos do coração, que, a despeito de muitos jejuns, não viram realizar-se, que o resultado acabou sendo, até como mecanismo de defesa, a apatia e o desânimo.

É evidente que isso não acontece com todos os pastores; mas apenas com aqueles mais sensíveis às intempéries inerentes à vida ministerial.

Entretanto, tal fato não deixa de representar um perigo a esses homens de Deus, haja vista que podem desaguar no ceticismo, que é sempre uma ameaça de ruína para a vida espiritual de qualquer pessoa.

Qual seria a solução para esses corações angustiados?

Não vislumbramos outra que não seja a ordem dada por Jesus três vezes ao alquebrado discípulo Pedro, na praia da Galiléia: "Apascenta as MINHAS ovelhas" (Jo. 21.17).

A partir da conscientização de que as ovelhas não pertencem a ele (o pastor) e sim a Jesus, o Bom Pastor; não haverá mais motivo para frustrações, decepções ou ceticismo.

A percepção de que querer "fazer a obra" a seu modo não é sua atribuição, mas sim, do Dono da Obra tornará tudo mais claro e mais fácil de ser entendido.

Apascentar as ovelhas de Jesus não constitui apenas um dever de todos os pastores, mas, muito mais do que isso, representa um privilégio concedido a eles.

Decidir, no entanto, o destino das ovelhas, é uma prerrogativa somente do Dono do Aprisco.

Que os nossos pastores possam sentir seus fardos aliviados com essa solene verdade!

Tony Ayres