19 julho, 2013

A AUTO-SABOTAGEM


Uma questão muito interessante no mundo das inter-relações pessoais é aquela que diz respeito a pessoas maduras, de alguma forma traumatizadas por relacionamentos vivenciados ao longo dos anos, que, de uma forma aparentemente inexplicável, agem contraditoriamente, quando se vêm diante de uma possibilidade real de ser feliz, num segundo casamento, por exemplo.

Em geral, esse universo de pessoas é composto por indivíduos que vivenciaram muitos sofrimentos, às vezes lutos, às vezes decepções por relacionamentos acabados; quando vislumbram a possibilidade de voltarem a ser felizes.

Tais indivíduos, quando percebem que encontraram um novo alguém especial, ficam tão embalados pelo sonho de felicidade, que acabam ficando ansiosos demais, em virtude do excesso de expectativas que lhe sobrevêm.

Tudo isso é um mecanismo inconsciente, mas funciona mais ou menos, assim:

A pessoa começa a sentir medo da própria felicidade que está sentindo, em razão do outro medo, que é de perder o objeto amado (no caso, a outra pessoa), o que ela não suportaria. Então, a sua mente inconsciente conspira contra ela e a ansiedade, gerada pelo medo de perder a pessoa querida fica tão grande, que se torna insuportável.

Nesse ponto, a fim de ver-se livre da ansiedade (lembre-se de que tudo isso é inconsciente), ela acaba boicotando a própria possibilidade de ser feliz, "dando um jeito" de desagradar e magoar o objeto amado, e terminar, assim a relação, para ver-se livre da terrível ansiedade. Mas, com isso, acaba perdendo também a possibilidade de ser feliz.

Essa é a descrição daquilo que os psicoterapeutas costumam chamar de auto-sabotagem.

As pessoas que se perceberem vítimas dessa situação precisam procurar ajuda psicoterapêutica, a fim de não inviabilizarem a própria felicidade.

Afinal, ser feliz, é objetivo de todos nós.

 Antônio Ayres