25 março, 2009

MOZART, MARILYN MONROE, ELVIS PRESLEY E TRANSTORNO BIPOLAR DO HUMOR

tom_hulce_amadeus_003 Chama-se de Transtorno Bipolar de Humor (TBH) a doença que se manifesta em dois pólos: o pólo depressivo (com depressão severa, rebaixamento da auto-estima, perda de sentido para atividades laborais e ausência de perspectivas , causadas pelo pessimismo).

O outro pólo é o chamado pólo da mania (ou pólo maníaco), caracterizado pelo humor eufórico, sentimento de onipotência,sensação de bem estar, excesso de energia, vitalidade.

A pessoa sente-se capaz de qualquer coisa; fica noites sem dormir e não sente necessidade de sono; pode apresentar excessos sexuais (inclusive com relacionamentos de riscos e promiscuidade); pode estourar o limite em todos os cartões de créditos, com compras exageradas e desnecessárias. Apresenta, portanto, um comportamento absolutamente excêntrico.

Geralmente, há um período de normalidade entre um extremo e o outro e os períodos de depressão e mania podem variar muito, tanto em tempo, quanto em intensidade.

Trata-se de uma doença psiquiátrica grave e que exige acompanhamento médico constante, pois existe, inclusive, o risco de suicídio.

CICLOTIMIA

O Transtorno Bipolar de Humor pode apresentar-se de uma forma bem mais branda, na qual a depressão é considerada leve e a mania é constituída de comportamentos apenas de humor ligeiramente elevado, que não apresenta riscos maiores e não chega a interferir no trabalho. Nesse caso, ela é chamada de Ciclotimia e costuma ser vista apenas como um modo de ser do indivíduo.

EPISÓDIO MISTO

Em certos pacientes, pode ocorrer a mistura dos dois pólos em um curto período de tempo (frequentemente, até no mesmo dia). O paciente pode estar depressivo e choroso pelas primeiras horas da manhã; e à tarde pode apresentar-se eufórico, alegre e otimista. Não é raro que apresente-se também irritado. Neste caso, ele é diagnosticado como portador de episódio misto.

O Transtorno Bipolar de Humor era conhecido até há bem poucos anos como Psicose Maníaco-Depressiva. Não se conhece, com exatidão, todas as suas causas, mas, seguramente ela é uma doença com predisposição genética familiar.

Isso significa que, numa mesma família, ela pode manifestar-se no filho, no tio ou num primo distante. Normalmente, ele surge entre os 15 e 25 anos, podendo também ocorrer entre os 45 e 50 anos.

TRATAMENTO

O Transtorno Bipolar do Humor é uma doença de difícil tratamento, pois os medicamentos precisam ser administrados com extremo cuidado, por razões muito fáceis de serem entendidas.

Se o médico prescrever uma dose de antidepressivo um pouco mais alta do que a ideal a fim de retirar o paciente da fase depressiva, ele poderá induzir uma "virada maníaca", fazendo com que o paciente passe para o pólo oposto.

Como a medicação deve ser individualizada (pois cada pessoa exige uma dose e um tipo de fármaco diferentes), fica muito difícil e árduo para o médico, chegar à dosagem individualizada ideal.

Por essa razão, básicamente, três tipos de fármacos são utilizados, no decurso da doença: os antidepressivos (para o pólo depressivo); os antipsicóticos (para o pólo maníaco) e, (para manter o doente o maior tempo possível no período de normalidade), os estabilizadores de humor, cujo representante mais conhecido é o lítio.

PERPECTIVAS

Ultimamente, novas drogas como a Camarbazepina, a Oxcabarmazepina (como fármacos de eleição) e do Topiramato, como coadjuvante têm-se mostrado bastante promissoras para o controle da doença.

Convém lembrar, entretanto, que o TBH é uma patologia crônica, o que significa que o tratamento deverá prolongar-se por toda a vida. Cabe ressaltar, porém, que, grandes personalidades do mundo artístico, principalmente, têm conseguido conviver muito bem com a doença. É o caso, por exemplo, da atriz brasileira Cássia Kiss e do ator norte-americano Robin Williams.

Sabe-se também que grandes personalidade do passado antigo e recente, como Mozart, Marilyn Monroe e Elvis Presley foram bipolares, o que parece evidenciar que a doença apresenta também o seu lado positivo.

Tony Ayres

24 março, 2009

QUANDO A BÍBLIA NOS INQUIETA

oracao Aceitei a Jesus como meu Salvador e Senhor, pouco antes de completar 12 anos de idade. Apesar de ser ainda criança, ou um pré-adolescente, passei por aquele processo que, nós, cristãos evangélicos, costumamos chamar de conversão ou de novo nascimento.

Claro que minha vida mudou radicalmente para melhor e que a alegria passou a ser minha companheira. Passei a sentir-me aceito e a ter a sensação de ter um Pai Celestial, já que o pai natural me faltou.

No entanto, à medida em que fui me familiarizando com a Bíblia, começou a nascer uma inquietação em meu coração, que nunca eu conseguia banir.

Essa inquietação me acompanhou por toda a minha infância, adolescência, juventude e até pela minha vida adulta. Não encontrei qualquer pastor, nem mesmo no seminário, que conseguisse dar-me uma explicação, que viesse abrandá-la, a contento.

Vou dizer qual era essa inquietação.

Eu, simplesmente, não conseguia compreender como aquele Deus bondoso e misericordioso do Gênesis pudesse ser o mesmo Deus irado do Êxodo, livro que apresenta situações em que alguém sequer podia aproximar-se do monte, sem ser fulminado.

Já no livro de Jonas, aparece de novo um Deus misericordioso, que se compadece de cento e vinte mil ninivitas (povo inimigo dos israelitas), poupando-os, por terem sido se arrependido pela pregação a que o profeta foi “levado” a fazer-lhes.

Outras passagens levavam-me, novamente, a ver a ira divina ( a morte de Uzá, ao tocar na arca; a ordem para que amalequitas, inclusive mulheres e crianças fossem passado ao fio da espada; quase todo o livro do profeta Ezequiel, e assim por diante).

Um dia, porém, encontrei um pastor, com o qual passei uma manhã, que compreendeu a minha inquietação e, sabiamente, lidou com ela.

Teve a paciência em explicar-me, detalhadamente, que, além de cada livro da Bíblia ter sido escrito numa determinada época, numa cultura específica e num contexto específico; o escritor sagrado não funcionou jamais como um autômato teleguiado.

Fez questão de enfatizar-me que Deus era o Autor da mensagem. Mas, a forma, a maneira, o jeito dessa mensagem ser escrita era sempre responsabilidade do escritor ( o zelo de Ezequiel, por exemplo, foi o responsável pela forma contundente e até irada, pela qual colocou a mensagem de Deus, por escrito).

Ricardo Gondim é o nome desse pastor. Esse servo de Deus nem imagina o bem que me fez, e como saí pisando leve de seu gabinete, carregando um fardo muito mais leve do que aquele que carreguei por tantos anos.

Mas, a cura final de minha inquietação aconteceu sem eu esperar, um dia quando, em minha casa, estava lendo uma passagem bíblica sobre a qual já havia meditado e até pregado inúmeras vezes, mas, por incrível que possa parecer, nunca, antes, os meus olhos tinham sido abertos para enxergá-la naquela perspectiva.

Refiro-me a Lucas, capítulo 14, versículos 8 e 9: “Replicou-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta. Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?”

“É isso!” – disse eu para mim mesmo - “quem vê Jesus, vê o Pai; quem conhece o caráter de Jesus, conhece o caráter do Pai; quem conhece a misericórdia de Jesus, conhece a misericórdia do Pai! Quem vê a Jesus, assim vê o Pai”.

Ora, o que fez Jesus em sua vida, senão curar enfermos, fazer paralíticos andarem, purificar leprosos, dar vista aos cegos, ressuscitar mortos, compadecer-se dos oprimidos, defender o direito dos pobres e, por fim, dar-nos a salvação, através de sua morte, e morte de cruz?

Haveria alguém mais misericordioso do que o Filho de Deus, que depois, ressuscitou dentre os mortos, ao terceiro dia, demonstando, com isso, que o Seu sacrifício foi plenamente aceito pelo Pai?

Desde então, minha inquietação desapareceu. Hoje, vejo o Pai, através de Jesus. E isso traz profunda paz ao meu coração!

Tony Ayres

21 março, 2009

VALE A PENA CONHECER UM POUCO MAIS SOBRE O MAL DE ALZHEIMER

fig2838 Também conhecido como demência, caduquice ou esclerose múltipla, o mal de Alzheimer é uma doença degenerativa do cérebro, que produz uma progressiva atrofia do mesmo e, consequentemente, das funções cerebrais.

Geralmente, manifesta-se após os os 65 anos de idade sendo mais comum que ocorra ao final da sétima década de vida (79, 80 anos).

Produz a perda das habilidades de pensar, raciocinar, memorizar, o que reflete nas áreas da linguagem e do comportamento.

Pode-se começar a desconfiar de que um paciente esteja com Alzheimer quando surgem queixas do tipo: "Eu sempre me esqueço...";"Não consigo me lembrar onde deixei...";"Esqueço-me facilmente das coisas que devo comprar..."; "Doutor, minha mãe se esqueceu onde fica minha escola..." e outras tantas, semelhantes a essas.

Essas queixas, inicialmente, são vistas pelos familiares como "próprias da idade". Mas, quando o enfermo começa a esquecer o caminho de casa ou não se lembra de jeito algum, ou só com muito esforço, de um fato que aconteceu, então eles se dão conta de que o médico deve ser procurado.

Algumas vezes, pode tratar-se de outro distúrbio, até sem importância, mas pode ser também a fase inicial do mal de Alzheimer, que, na verdade, ainda não tem cura, mas, quando tratado precocemente, pode ter o seu avanço bastante atrasado.

As causas do Alzheimer ainda não são conhecidas, mas sabe-se que existem relações com algumas mudanças nas terminações nervosas e nas células cerebrais, as quais começam a interferir nas funções cognitivas.

No decurso do mal de Alzheimer, ocorrem quatro fases distintas:

Fase inicial: ocorrem alguns esquecimentos esporádicos, que não chegam a atrapalhar a convivência social. A pessoa doente ainda mantém-se independente. Aqui, convém lembrar de que existem dois tipos de esquecimento: o esquecimento de uma pessoa normal e o esquecimento de um portador de Alzheimer. Por exemplo: uma pessoa normal lembra-se de que esqueceu um abridor de latas sobre a pia. Entretanto, a pessoa que tem Alzheimer não se lembra que deixou o abridor de latas sobre a pia.

Fase intermediária leve: começa a haver a dependência de outra pessoa, muito embora, nessa fase ainda haja muitos momentos de lucidez. Pode-se comparar o doente, nestas condições, a uma criança de oito ou nove anos de idade, uma vez que ele precisa ser lembrado de simples rotinas, como escovar os dentes ou tomar banho, por exemplo.

Fase intermediária grave: exige um cuidado intenso, porém o doente ainda pode ajudar em suas atividades. Nessa fase, há uma dificuldade maior de socialização e a perda de memória é mais intensa.

Fase terminal: aqui o enfermo já está completamente dependente de outra pessoa. Via de regra, ele já se encontra acamado, tem dificuldade para comunicar-se, alimentar-se e higienizar-se. Grande parte dos portadores nem chegam a essa fase, pois morrem antes, em razão de outras doenças, como câncer e diabetes, entre outras.

Normalmente, na fase inicial da doença, o enfermo mostra-se um pouco confuso e esquecido. Parece não encontrar palavras certas para se comunicar. Em alguns casos apresenta descuido da aparência pessoal, perda da iniciativa e alguma perda da autonomia para as atividades rotineiras do dia a dia.

Na fase intermediária, necessita de uma ajuda muito maior para realizar tarefas de rotina. É possível que não reconheça seus familiares, comumente apresenta incontinência urinária e fecal; torna-se incapaz para o julgamento e o pensamento abstrato.

Torna-se imperiosa a ajuda direta para se vestir, comer, tomar banho, tomar seus remédios e todas as demais atividades de higiene. Apresenta, muitas vezes, comportamento inadequado, irritabilidade, desconfiança, impaciência e até agressividade.

É comum, também, a ocorrência de depressão, regressão e apatia.

No período final da doença, há perda de peso, mesmo com dieta cerebro adequada; completa dependência, incapacidade para qualquer atividade de rotina da vida diária, absoluta restrição ao leito, com perda total de julgamento e concentração.

Ainda podem ocorrer reações a medicamentos, infecções bacterianas e problemas renais. Em muitas vezes, a causa da morte não tem relação com a doença, e sim, com fatores relacionados à idade avançada.

O tratamento destina-se a controlar os sintomas e proteger a pessoa doente dos efeitos produzidos pela deterioração trazida pela sua condição.

O mal de Alzheimer não afeta apenas o paciente, mas, muito especialmente, as pessoas que lhe são próximas. A família deve estar preparada para uma sobrecarga muito grande, emocional, física e financeiramente.

Apesar do mal de Alzheimer não poder ser considerado uma doença estritamente hereditária, pode-se falar em uma predisposição de algumas famílias a ela; o que não significa, absolutamente, que que outros familiares terão, necessariamente, a doença.

Uma das características do mal de Alzheimer é a lembrança do passado e o esquecimento do presente. Além dos cuidados médicos, o doente também necessita de carinho e da atenção da família.

Não existe, infelizmente, prevenção para o Alzheimer. No entanto, especialistas recomendam exercícios contínuos para o cérebro como leitura, palavras-cruzadas.

Toni Ayres

17 março, 2009

RELACÕES AMOROSAS TUMULTUADAS: SERÁ QUE VOCÊ CONVIVE COM UM MISÓGINO?

casal-brigando-300x218 O termo grego "misógino" é utilizado pelos psicólogos para designar a pessoa que odeia mulheres: miso = odiar e gyne = mulher. Isso, teoricamente falando, porque, na vida real, nem sempre é fácil reconhecer um misógino.

À primeira vista, ele é muito educado, gentil; e, em geral, considerado um gentleman. Tem muita facilidade em conquistar a mulher por quem está interessado, pois age de maneira extremamente amorosa, o que o torna quase irresistível.

Sua atitude demonstra um apaixonamento e uma dedicação tão intensos que, com o decorrer do tempo, fica cada vez mais difícil para a mulher estabelecer limites seguros e ser capaz de atribuir-lhe quaisquer responsabilidades na eventual geração de conflitos ou turbulências no relacionamento.

Na verdade, estabelece-se um contrato tácito (sem palavras, mas compreendido por ambos), no qual o homem vai, imperceptivelmente avançando nos limites, a fim de tomar pé de até onde pode ir com seu estilo manipulador e altamente controlador.

A mulher, por sua vez, a fim de "preservar" a relação", tenta ser boa todo o tempo e evita confrontá-lo. Com isso, evidentemente, o relacionamento fica assimétrico e ela, naturalmente, fragiliza-se cada vez mais.

Esse controle do misógino vai avançando de tal maneira que chega a alcançar as áreas financeira e íntima, prejudicando a sexualidade do casal. Ainda que a mulher faça tudo para evitar desentendimentos, ele acaba sempre convencendo-a de que ela sempre está errada.

Com o tempo, ela passa a medir cada palavra que pronuncia, uma vez que, confusa e cada vez mais perplexa, teme que tudo “desmorone” de uma hora para outra. À essa altura, ela já está irreconhecível e a sua auto-estima se encontra totalmente minada.

Torna-se difícil tomar qualquer atitude, uma vez que o homem utiliza argumentos que lhe soam tão lógicos para o bem da relação, que ela passa a chafurdar-se num mar de lodo emocional.

A única coisa que ele deseja é sentir que ela lhe dê mostras de seu amor incondicional por ele, através de muita compreensão e do atendimento de suas mínimas necessidades, sem demonstrar qualquer tipo de aborrecimento. Algumas vezes, ele estoura e, em seguida se arrepende, voltando a ser o homem maravilhoso do princípio...até que novo estouro aconteça.

Vale ressaltar que, a despeito dessa descrição avassaladora da atitude de um misógino, ele está totalmente inconsciente dela e sequer tem noção da dor que sua atitude produz no outro. Seu comportamento é, na verdade, um subproduto de sua história de vida na família de origem, que lhe causou um sofrimento psicológico, o qual não pôde ser evitado.

Geralmente, ele é oriundo de um relacionamento conturbado entre seus pais, com o qual aprendeu que oprimir a mulher é a única maneira de controlá-la.

Como adulto, ele “atualiza” a vivência sofrida no passado, buscando desesperadamente ser amado, ainda que de uma maneira totalmente deturpada.

Já em relação à mulher que tende a relacionar-se com um misógino; o mais provável é que ela tenha sido infantilizada pela sua família pregressa e, por essa razão, tenta encontrar no parceiro, suporte, apoio e amor, como forma de compensação.

Assim sendo, embora pareça que o misógino seja o carrasco e a mulher seja a vítima, a verdade é que existe um conluio entre eles. De uma forma doentia, precisam um do outro.

A solução para esse problema é um dos dois sair do círculo vicioso e começar a agir de uma maneira nova. Geralmente, quando isso acontece, existem três possibilidades:

1. A mulher mantém-se submissa, para conservar consigo o seu homem.

2. Ela prefere separar-se dele.

3. Ela decide investir numa nova relação com o mesmo homem.

As que optam pela última opção terão que elaborar a reconstrução de sua auto-estima, estabelecer limites claros, ser firmes perante o parceiro e assumir o seu lugar dentro da relação. Para isso, com toda probabilidade, elas necessitarão de ajuda terapêutica.

O resultado dessa atitude provocará uma solução do problema que provavelmente será: ou o seu misógino desistirá de ser o algoz para ficar a seu lado, ou desistirá da relação.

De qualquer forma, ela terá conquistado o resgate de sua auto-estima.

Toni Ayres

Baseado no livro: “Homens que odeiam mulheres & mulheres que os amam “, de Susan Forward e Joan Torres.

05 março, 2009

O LEGALISMO É A PORTA DE ENTRADA PARA A SENSUALIDADE

Bernini_The_Rape_of_Proserpina_detail3 Já há algum tempo pretendia abordar esta questão aqui, pois julgo de extrema importância conhecermos os fatos reais e não a aparência exterior que os esconde; e cristãos sinceros, para serem coerentes em sua ética e em seu julgamento, precisam ser sábios; não ingênuos.

Sempre me lembro de meu professor de Psicologia do seminário, que dizia: "Meus irmãos, quando vocês virem um pastor usando o púlpito todos os domingos, seguidamente, vociferando contra o adultério, desconfiem...provavelmente ele está em adultério!"

Mais tarde, tive inúmeras oportunidades de constatar o quão certeira era a afirmação daquele professor, infelizmente.

É por isso que tenho muito medo dessas igrejas exageradamente austeras e rigorosas em sua "doutrina"; que ensinam que ir ao cinema é pecado; que usar calças compridas (mulheres) é pecado; que usar maquiagem é pecado; que usar saltos nos sapatos é pecado, que deter-se por um pouco diante de uma banca de revistas é pecado; que assistir televisão é pecado...

Como a Bíblia nos ensina, essas coisas "têm aparência" de boas, mas, na realidade são potencialmente más.

E por que afirmo isso?

Porque a psicanálise nos ensina que "quando alguém afirma algo insistentemente é porque, no fundo, tem dúvidas inconcientes". Isso vale, por exemplo, para o caso do pregador que citei, no segundo parágrafo.

Mas o processo que se desencadeia, quando as pessoas são envolvidas por essas "doutrinas" legalistas extremadas é mais ou menos o seguinte: todo o investimento libidinal (e libidinal em psicanálise significa energia de vida e não "libidinagem", no sentido chulo e pecaminoso da palavra) é feito para cumprir rigidamente essa doutrinação exterior.

Consequentemente, com um superego extremamente cobrador e rígido, o ego fica fragilizado ao extremo, e se torna presa fácil do id (onde estão as pulsões instintuais) que se manifestam pelo seu oposto.

Explicando melhor: por mais paradoxal que possa parecer, os "crentes" e os "ministros da Palavra" mais ortodoxos e legalistas; extremados no cumprimento de suas "cartilhas eclesiais", são os que têm as mentes mais sujas, os sonhos mais sensuais e as fantasias mais obscenas que se pode imaginar.

É óbvio que tais pessoas são presas facílimas, e de fato são as que mais incorrem nos mais tacanhos pecados sexuais (vide reportagem de O Globo, no link:)

http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL586928-5598,00-JUSTICA+DE+SC+CONDENA+PASTOR+A+ANOS+POR+ABUSO+SEXUAL+DE+JOVENS.html

Evidentemente, generalizei aqui. Existem, claro, as exceções. Mas, o melhor mesmo é freqüentar uma igreja madura na Palavra e na doutrina, que não se estriba no legalismo nem em qualquer outra sorte de extremismos.

Vivemos dias maus, de secularismo, de falsificação da doutrina bíblica e de mercadejamento da Palavra de Deus. Sejamos, pois, "símplices como as pombas e prudentes como as serpentes", como nos ensinou Jesus.

Somente isso no impedirá de nos perdermos no meio do caminho.

Toni Ayres