29 agosto, 2009

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT)

Tradecenter

Há algum tempo, psiquiatras e psicoterapeutas têm feito uma descoberta que preocupa: Muitas vítimas do TEPT (Transtorno de Estresse Pós-Traumático) começararm a apresentar os seus sintomas, por residirem nas grandes cidades.


O TEPT era um transtorno típico de soldados veteranos do Vietnã, por exemplo; das pessoas que sobreviveram a grandes fenômenos da natureza, tais como: terremotos, tsunâmis, vulcões em erupção, furacões, etc; e também dos que sofreram estupros, sequestros, grandes acidentes aéreos e de automóveis ou algum outro incidente de grande violência.

Os dados de que dispomos hoje nos permitem dizer que viver nas grandes cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, equivale a viver num estado permanente de guerra. Ou seja, sair à noite numa dessas cidades, principalmente nas periferias, equivale a dar um passeio noturno por Bagdá, capital do Iraque, em termos do estresse gerado.

A violência e o crime encontrados nesses grandes centros têm, certamente, uma explicação social. Existe um fluxo contínuo de migração das zonas rurais para as capitais. As pessoas acabam ficando sem raízes familiares, desempregadas por falta de qualificação e sem o socorro de uma adequada rede de proteção social. Daí, para entrarem no mundo do crime é um passo apenas.

Donde se conclui que não são apenas as doenças infecto-contagiosas que devem preocupar as autoridades. As enfermidades psiquiátricas incluem-se nesse rol; e o TEPT - Transtorno de Estresse Pós-Traumático, ao lado da Síndrome do Pânico, constituem o carro-chefe dessas patologias.

SINTOMAS DO TEPT - TRANSTORNO PÓS-TRAUMÁTICO

  • . Tensão Corporal
  • . Sentimento Depressivo
  • . Mudanças Frequentes de Humor
  • . Insônia
  • . Irritabilidade
  • . Enfado
  • . Isolamento
  • . Pesadelos
  • . Diminuição da Afetividade
  • . Distanciamento, estranheza
  • . Sensação de Futuro Incerto
  • Evitação de lugares, pessoas e atividades

O tratamento do TEPT geralmente é realizado por um período longo de tempo. O paciente recebe uma combinação de um benzodiazepínico (ansiolítico) com um andidepressivo. Paralelamente, deve também iniciar uma psicoterapia. O prognóstico é bastante bom.

Pode ocorrer a remissão total dos sintomas (o que é menos comum) ou a permanência de sintomas residuais (o que é mais comum), que não afetam significativamente a qualidade de vida do paciente.

Tony Ayres

26 agosto, 2009

Ficar Solteira ou "Ficar Para" Titia?

CBR001454 Sou um leitor e ouvinte assíduo do psiquiatra Flávio Gikovate e conheço bem de perto o seu pensamento de que estar sozinho(a), ao contrário do que muita gente supõe; é, sim, um estado honroso.

Digo isso porquanto, apesar de todo o progresso cultural em que vivemos, ainda persiste em muitas cabeças, o velho preconceito revelado pelas expressões "solteirona" e "encalhada", para referir-se a mulheres que permanecem solteiras, após os 30 anos de idade.

Mesmo porque, encontramos nas empresas, nos clubes ou nas igrejas mulheres bonitas, inteligentes, bem-sucedidas e seguras; que assumem, sem nenhum medo, a sua condição de solteiras, sem nenhum temor em afirmar que casar não faz parte de seus planos.

Isso não significa que o casamento caiu em desuso. Afinal de contas, amar e ser amado continua a ser uma das melhores satisfações da alma humana. Por essa razão, o casamento continua a fazer parte do sonho de um grande número de mulheres.

Nesse caso, a insatisfação adviria do fato de algumas mulheres estarem "encalhadas" na busca daquilo que é comumente denominado de "alma gêmea".

A verdade, porém, que até pode ser novidade para alguns, é que os psicoterapeutas estão familiarizados também com o tratamento de homens que estão desesperados, encalhados em sua solteirice e obcecados pela idéia de encontrar uma companheira para a vida.

Essa é uma questão, portanto, que envolve tanto o homem como a mulher. E ambos devem refletir bastante, antes de qualquer decisão que possa ser precipitada, por uma razão muito simples:

Vivemos em uma época particularmente difícil e, quem lida com os problemas familiares das pessoas sabe que, maior do que qualquer angústia que se possa ter por estar solteiro(a),é a angústia de quem está encalhado num casamento mal sucedido.

Sem dúvida, as pessoas que estão presas a um casamento arruinado, são mais infelizes do que qualquer solteirão, uma vez que, com medo das consequências de uma ruptura, tornam-se depressivas e adiam, talvez para sempre, a felicidade.

Portanto, casar ou ficar solteiro é uma escolha que o ser humano faz. E escolher permanecer solteiro(a) é diferente de temer estar casado(a).

O importante é ser feliz, de um modo, ou de outro.

Tony Ayres

24 agosto, 2009

A Revolução Invisível

marco_moreira_mostraVI_01 Em psicanálise, quando tratamos de um paciente que não consegue perceber um problema, visível aos nossos olhos e, muitas vezes, visível à maioria das pessoas que o cercam, dizemos que tal paciente está egosintônico com o seu problema.

Nesse caso, temos que, antes de mais nada, trabalhar para que o paciente se torne egodistônico em relação a tal problema, para que possa passar a percebê-lo e seguir avante com o tratamento.

Essa situação ilustra muito bem a terrível revolução de valores que esta geração está atravessando sem perceber, simplesmente porque, embora a vivencie em toda a sua plenitude, não consegue enxergá-la, porque ela lhe é egosintônica, portanto, invisível.

COMO ESSA REVOLUÇÃO SE MANIFESTA?

Ela se manifesta através de uma crise que, em linhas gerais, apresenta os seguintes sintomas:

1. Inversão de Valores

Percebe-se nitidamente, na geração contemporânea, uma inversão de valores, em relação ao que ocorria há algumas décadas. O que era errado passou a ser certo e o que era certo passou a ser errado.

O que não se tolerava quando os pais de agora eram filhos adolescentes, é defendido agora como bandeira libertária, por esses mesmos pais, em relação a seus filhos, hoje adolescentes.

2. Quebra de Padrões Dicotômicos

Antes, tínhamos bem delineado o que era bom e o que era mau; o que era ético e o que era não-ético; o que era o bem e o que era o mal.

Hoje, existe uma ambivalência generalizada sem os referenciais antes existentes. Até mesmo as novelas de televisão e os filmes que são sucesso em Hollywood que, anteriormente, tinham bem definidos a figura do herói e do vilão, atualmente já não apresentam essa mesma dualidade.

Tanto o herói de hoje tem facetas de vilão; quanto o vilão de hoje tem características de herói. O bem e o mal foram amalgamados, formando um composto ambivalente, que constitui não apenas a casca, mas também a essência das pessoas.

3. Banalização da Vida

Antes, tinha-se mais respeito à vida. Hoje esse respeito banalizou-se, não somente nas clínicas de "aborteiros" e nas guerras entre gangues rivais de traficantes, mas também no quotidiano das pessoas comuns.

O desrespeito e a transgressão vulgarizaram-se ainda mais. Se fizermos uma pesquisa numa classe universitária, por exemplo, com a finalidade de sabermos quantas pessoas foram assaltadas, 80% ou mais levantarão a mão.

Mas o que foi roubado dessas pessoas não são apenas jóias ou grandes somas de dinheiro. Hoje, celulares, tênis, blusas, sapatos e até mesmo passes de ônibus ou metrô fazem parte desse repertório. E tudo isso é visto como "normal".

4. Visão de Mundo Como Projeção do "Si-Mesmo"

Antes, as cosmovisões ou "visões-de-mundo", diferentes para cada povo, cultura, sociedade ou segmentos das sociedades eram filosoficamente estudados, sabidos e respeitados.

Hoje, impera a lei do egoísmo e do egocentrismo. As pessoas enxergam o mundo como "um grande depósito de toda sorte de produtos", à disposição de seu desejo de consumo.

Em outras palavras, cada pessoa vê o mundo como uma grande projeção de si própria e julga-se no direito do "desfrute" total e irrestrito dele. Perdeu-se o espaço antes destinado à liberalidade e à compaixão pelo próximo.

CONCLUSÃO: AUSÊNCIA DE DEUS E VAZIO EXISTENCIAL

Cedo ou tarde, toda pessoa que vivencia uma revolução dessa magnitude, descobre que não é possível passar incólume pelas leis de natureza espiritual e psicológica.

Já vimos, em postagem anterior neste blog, que o sentimento moral (e por via de consequência, religioso) não foi dado por Moisés, no Monte Sinai. Ele já nasce com cada ser humano, constituindo parte importantíssima de sua psiquê.

É por essa razão que o homem não pode desprezar valores multimilenarmente acumulados, impunemente.

A célebre frase de Nietzsche de que "Deus está morto" nunca foi tão verdadeira quanto está sendo para a presente geração.

Cada homem ou cada mulher que eliminou Deus de sua agenda egoísta e materialista, implementando assim, a sua revolução invisível, paga por isso um preço incomum de frustração e de sofrimento.

Embalados pela falsa idéia de que são "livres" de regras ou de valores, são, na verdade, apesar de todo "desfrute", infelizes criaturas, sem Deus, imersas num imenso vazio existencial.

"Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo!" (Isa. 5.20).

Tony Ayres

OBSERVAÇÃO: a primeira foto deste post é de autoria de Marco Moreira,

marco@magelstudio.com.br

Nossos agradecimentos

19 agosto, 2009

Angústias de Um Pastor de Almas

42-17731548 Houve um tempo em minha vida, em que, por curto espaço de tempo, residi na cidade de Curitiba, capital do Paraná, ocasião em que tive a oportunidade de lá fazer alguns amigos queridos.

Numa das visitas que fiz, posteriormente, àquela cidade, conversando com um desses amigos, então proprietário de uma loja de automóveis, disse-me ele que os bancos da cidade não faziam mais financiamentos para "pastores", tal o índice de inadimplência que esses "profissionais" tinham na praça.

Logo entendi que tal restrição não se devia aos pastores, de fato, mas aos lobos que se apresentam como pastores, conforme Lucas, 7.14: "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores".

Hoje, todos nós podemos assistir na TV, homens que se denominam porta-vozes da Palavra, mas que, na verdade,estão vendendo "produtos" e "promessas", enriquecendo-se e construindo impérios, onde os "senhores" serão eles mesmos, e não o Senhor, a quem dizem pregar.

Embora comportamentos como esses produzam tristeza e repugnância a todos aqueles que conhecem e desejam seguir a Jesus como Senhor; não lhes rouba a fé, porque sabem que, pela graça de Deus, ainda existem muitos homens verdadeiramente chamados e vocacionados por Deus, que não comungam com tais procedimentos.

São os verdadeiros pastores de almas, que conhecem o cheiro das ovelhas, suas angústias, suas dores e suas aflições; que aprenderam que o evangelho de Jesus não é um mero "facilitador da vida" nem tampouco um salvo-conduto para uma existência recheada de benesses.

Esses homens têm, por vezes, o coração rasgado e a alma dilacerada pelo sofrimento por amor à causa de Cristo e de seu Reino, razão pela qual não lhes falta também e consolo nas tribulações e a certeza de poderem dizer como Paulo: "Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus" (Gal. 6.17).

Tomo a liberdade de transcrever aqui, o testemunho de um desses homens de fé, cujas mensagens e ensinamentos têm sido, já por alguns anos, lenitivo e refrigério para a minha alma:

Oro a Deus para que as palavras que se seguem sejam devidamente entendidas e postas na condição do título da postagem, que é "Angústias de Um Pastor de Almas".

Tony Ayres

Meu novo cristianismo

Ricardo Gondim

Algumas pessoas me perguntam se sei aonde quero chegar. Respondo que estou mais certo dos caminhos que evito trilhar.
Recuso-me acalentar cinismos em meu coração; fujo de tornar-me inconseqüente em declarações que possa fazer a respeito de Deus e da fé; tenho medo de perpetuar uma espiritualidade desconectada da vida.

Reconheço que acalento algumas intuições ainda muito verdes. Mas elas já fazem algum sentido para mim.

1. Não consigo mais acreditar que Deus viva inativo e que só as preces oriundas de uma espiritualidade “verdadeira” consigam movê-lo.


2. Não consigo mais acreditar que Deus opere milagres, premiando uns poucos enquanto deixa “correrem frouxos”, os exércitos que matam, as multinacionais que lucram com remédios que poderiam salvar vidas e os governos corruptos que atolam os mais pobres numa abjeta miséria.

3. Não consigo mais acreditar que Deus, mantendo o controle absoluto de tudo o que acontece no universo, esteja envolvido com Auschwitz, Ruanda, Darfur, Iraque e com outras hecatombes humanas. Não aceito mais que ele, parecido com um tapeceiro, precise dar nós aparentemente malditos na história - que não entendemos - enquanto, do outro lado, faz tudo perfeito para conduzir a humanidade a seu glorioso fim. Qual o propósito de Deus ao “permitir” que uma menina fique paraplégica com uma bala perdida?


4. Não consigo mais acreditar que a função primordial da religião seja acessar o sobrenatural para tornar a vida mais leve. Os cristãos, em sua grande maioria, tentam fazer da religião um meio de controlar o futuro; praticam uma fé preventiva, pois aceitam como verdade que os verdadeiros adoradores conseguem se antecipar aos percalços da vida; afirmam que os ungidos sabem prever e anular possíveis acidentes, doenças, ou quaisquer outros problemas existenciais do futuro.


5. Não consigo mais acreditar que o cosmo esteja sincronizado como um relógio e que não caiba qualquer aleatoriedade no universo. Creio que no meio do caminho entre o determinismo e a absoluta casualidade esteja o arbítrio humano, que somado às interpelações divinas, pode construir o futuro.

Em março de 2007, celebrei 25 anos como pastor da igreja Betesda. Sou seu líder desde que ela engatinhou em Fortaleza. Depois de tanto tempo, reconheço que assusto com minha teimosia de querer entender o que significa ser uma “metamorfose ambulante”.

Já vislumbro meu jubileu de ouro. Por isso, alimento meu coração de entusiasmo. Estou grávido de expectativas com minhas ressignificações da fé.

Soli Deo Gloria.

fonte: Site do Pr. Ricardo Gondim

15 agosto, 2009

Quando Falar e Quando Ficar Calado?

mudo_calado Há alguns anos, num sábado de manhã muito cedo, fui despertado pela campainha de minha casa, que tocava insistentemente.

Quando desci para atender, fiquei logo apreensivo, pois quem tocava era o meu pastor, que me olhava com certa ansiedade:

"Preciso de você agora mesmo; por favor me socorra!"

Um tanto atordoado, abri-lhe a porta e só então fiquei inteirado do que se passava. Ele havia recebido a incumbência de recepcionar, em nome do Ministério, um pastor inglês e sua esposa, que estavam prestes a desembarcar em São Paulo.

Como não falava inglês, apelou para mim, para ajudá-lo no cumprimento da missão. Troquei-me, rapidamente, e rumamos para o aeroporto.

Recepcionamos o casal, que por sinal, era muito simpático; mostramos a eles um pouco da cidade de São Paulo, almoçamos juntos e, finalmente, os deixamos no hotel onde já tinham reserva, feita pela Igreja.

Este pequeno relato, aparentemente, sem nenhuma importância, provavelmente eu nem o colocasse aqui, não fosse por um pequeno incidente, envolvendo o pastor britânico, que nunca mais consegui esquecer. Vou contá-lo, a seguir:

Estávamos rodando por uma grande avenida da cidade e eu, com o intuito de "quebrar o gelo" e parecer-lhe simpático, fazia-lhe muitas perguntas sobre fatos e pessoas da Inglaterra, às quais ele respondia, sempre alegre e solicitamente.

Até que, em meio à conversa, perguntei-lhe algo sobre a vida da princesa Diana, que havia falecido tragicamente, algum tempo antes.

O pastor silenciou por um momento, visivelmente constrangido. Depois, olhando para mim, disse-me, em inglês, calma, mas firmemente:

"Meu irmão, há algum tempo, fiz um pacto com o meu Deus. Nesse pacto, eu lhe disse que, toda vez que eu pudesse falar o bem sobre qualquer pessoa, eu falaria. Mas, toda vez que eu não pudesse falar qualquer bem, eu me calaria". E calou-se, a seguir.

Os anos se passaram e nem sei mais por onde anda esse pastor. Nem mesmo o seu nome, eu consigo me lembrar. Mas essa lição que ele me deixou, com certeza, jamais esquecerei.

Não desejo ser hipócrita. Jamais consegui fazer o pacto que ele fez. É-me muito difícil compactuar com atitudes e fatos que considero errados. Mas reconheço que, algumas vezes, seria melhor manter-me calado do que dizer alguma coisa que possa envolver meu próximo.

"Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus..." (1 Pe. 4.11)

Tony Ayres

11 agosto, 2009

Dinheiro Que "Libera" Bênçãos

televisao Há exatos onze anos, a editora Vida, em 1998, publicava o livro: "Televisão, Falando Francamente a Respeito", de minha autoria.

Neste livro, embora tivesse o cuidado de explicar os cuidados que a TV representa para aqueles que dela se utilizam sem um filtro crítico, procurei, sobretudo, mostrar que, enquanto cristãos evangélicos, portadores de uma mensagem do Reino; deveríamos lançar mão dela para a evangelização de grande alcance.

Infelizmente, vi esse instrumento de comunicação de massa realmente ser cada vez mais ser aproveitado pelo segmento evangélico.

Não, porém, tendo a pregação da Palavra como finalidade última e principal. Mas, apenas como mero pano de fundo para o enriquecimento de homens inescrupulosos.

No último sábado (08.08.2009), tive a oportunidade de assistir ao programa de conhecido tele-evangelista brasileiro que, para minha surpresa, cedeu o tempo de pregação a um outro tele-evangelista americano, de quem, ao que tudo indica, tornou-se seguidor.

Confesso que repugnou-me ver aquele homem, do alto de seus quase 80 anos de idade, chamado de "profeta de Deus" pelo primeiro (o dono do programa), ficar insistentemente, com os olhos fixos na câmera, pedindo uma oferta especial de 900 reais para que ele "liberasse" a bênção da prosperidade.

E como não pudesse encontrar base bíblica para tal pedido, o "profeta" explicou que a quantia de novecentos reais se devia ao fato de estamos no ano 2009 ( o nono ano deste século); assim seriam 100 reais para cada ano.

Ora, mesmo para um americano, 900 reais não é pouco dinheiro! Significa cerca de 500 dólares, nos valores de hoje. E quem quer que tenha estado nos Estados Unidos da América, sabe muito bem o que se pode adquirir com 500 dólares.

Fiquei pensando nas milhões de pessoas, neste país, que, mesmo dando duro, trabalhando de sol a sol e com as mãos calejadas, não conseguem ganhar 900 reais como salário mensal.

Se Deus somente liberasse a "bênção da prosperidade" a quem enviasse ao programa tal quantia, essas milhões de pessoas estariam excluídas dela.

Paradoxalmente, no mesmo dia, vi pela Rede Globo, a campanha "Criança Esperança" que, em parceria com a UNESCO, arrecada fundos para projetos de ajuda a crianças seriamente necessitadas.

Para ajudar uma criança, você tem a opção de contribuir, liberalmente, com: 7, 15 ou 30 reais e, se você fizer isso com o coração aberto; mesmo sem promessa alguma de "liberação de bênçãos da prosperidade"; não há como você deixar de ser abençoado.

De minha parte, creio que, nos dias de hoje, eu não me atreveria mais a escrever um livro sobre a utilização da TV para fins evangelísticos. Ou, se me atrevesse, certamente ele teria outro teor.

Finalizando este post, coloco aqui o que o apóstolo Paulo escreveu aos Romanos: "Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego". (Rom. 1.16).

E deixo, registrada, a minha firme convicção de que, alguns evangelistas de TV, deveriam, ao contrário de Paulo, envergonhar-se da espécie de evangelho que pregam.

Tony Ayres

10 agosto, 2009

Os Dois Homens

fariseu e publicano "E disse também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:

Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano.

O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.

Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.

O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado". (Lc. 18. 9-14)

03 agosto, 2009

Sexo Entre Jovens Cristãos: Um Dilema Para a Igreja Atual

sxprecoce É indiscutível que a Igreja atravessa um momento muito delicado de sua história, no que diz respeito à sexualidade de seus jovens e adolescentes.

Esse é um assunto por demais importante e, por essa razão, não se pode, como o avestruz, enfiar a cabeça na terra, fazendo de conta que ele não existe.

Imaginamos que esta é a hora em que pais e pastores devem discutir a questão em bases bíblicas, porém, procurando analisar todos os ângulos dela, sem precipitações e com uma profunda reflexão a respeito.

ALGUNS PONTOS A SEREM CONSIDERADOS

Em primeiro lugar, temos que voltar lá atrás (anos 60), quando iniciou-se a chamada "Revolução Sexual", com o advento da pílula anticoncepcional e a liberação feminina no campo da sexualidade que, na verdade, foi protagonizada na época em que as atuais mães de jovens e adolescentes eram, então, a juventude feminina.

Essa revolução, que expandiu-se e ganhou corpo na década de 1970 fez com que as mulheres "ganhassem o mesmo direitos que os homens", até então, tidos como os "privilegiados" para desfrutarem um sexualidade fácil e descompromissada.

Foi quando surgiu o termos "amizade colorida" e "ficar", ambos significando uma relação de "namoro" com total liberdade para a prática do sexo antes do casamento.

Foi também o período de proliferação dos motéis em todas as grandes cidades, como o lugar propício para a nova realidade do namoro liberal.

A INTERCORRÊNCIA DA AIDS

A situação de liberalidade sexual entre os jovens foi se incrementando cada vez mais e, de fato, descambou para a permissividade total.

Houve porém um advento, que freou essa escalada: o surgimento e a identificação do terrível vírus HIV, responsável pela disseminação da não menos terrível síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS), ainda nos primeiros anos da década de 1980.

O mundo testemunhou, então, uma imensa população de jovens (e adultos também) que foram dizimados precocemente, uma vez que, uma das principais vias de propagação da doença era (e ainda é) o contato sexual.

O COQUETEL

Hoje a AIDS continua a ser um fantasma, mas menos assustador, uma vez que, embora ainda não tenha sido descoberta a sua cura, o chamado "coquetel" retroviral, mesmo sendo de difícil administração, permite uma redução no número de vírus na circulação sanguínea tão drástica, que os exames chegam a dar "indetectáveis".

Como a pessoa soropositiva, por causa do efeito do coquetel, volta a ter uma vida aparentemente saudável (trabalhando, estudando, produzindo, etc), pode-se dizer que, praticamente, as pessoas quase que não morrem mais devido à AIDS.

CONSEQUÊNCIAS

Essa falsa impressão de que a AIDS não existe mais, ALIADA AO FATO de que a atual geração de jovens e adolescentes literalmente NÃO PRESENCIOU a época mais terrível dessa síndrome, com altíssimos níveis de mortalidade, eliminou o medo da cabeça desses jovens.

Ao lado disso, a educação sexual, hoje introduzida nas escolas públicas e particulares (positivamente, não podemos negar) ensina a prática do chamado sexo seguro e as formas de prevenção da doença.

RESULTADO

Positivamente, o resultado é o de que os jovens de hoje estão muito melhor informados sobre sexo seguro do que as gerações anteriores.

Pelo lado negativo, porém, temos que reconhecer "um renascimento da revolução sexual", com a livre prática do sexo entre jovens e adolescentes de hoje, muitas vezes, com a aprovação e consentimento dos pais.

Em um de seus artigos, a revista americana "Christianity Today", edição de agosto de 2009, reporta o fato de que mais de 90% dos adultos solteiros americanos experimentam relações sexuais antes do casamento.

E, nas igrejas evangélicas, a realidade não é muito diferente.

Para mostrar isso, a revista comenta o resultado de um estudo representativo, em nível nacional, cujos números demonstraram que pouco menos do que 80% de adultos jovens evangélicos, conservadores e frequentadores dos cultos, que estão atualmente namorando, praticam alguma forma de sexo.

Com certeza, a situação dos jovens crentes brasileiros não é nem um pouco diferente.

O QUE FAZER, ENTÃO

Não temos a pretensão de dar uma resposta fechada à essa questão, porque ela não é nada simples.

Aumentar a pressão para a preservação da castidade até o casamento (o que seria ideal), é uma saída que não tem dado certo, uma vez que os jovens evangélicos praticam cada vez mais o sexo pré-marital.

Uma das razões disso é, sem dúvida, o casamento cada vez mais retardado, por exigências sociais.

Muitos casais cristãos adotaram o modelo secular de contrair núpcias somente após os 30 anos de idade, quando tiverem terminado a sua graduação, pós graduação e obtido um sólido vínculo empregatício (o que, convenhamos, é muito difícil), em nossos dias.

Lembramos que, desde a menarca (para as meninas) e a primeira emissão de sêmen (para os meninos), biológicamente, eles já estão preparados para a sexualidade e para a reprodução.

A maturidade psicológica virá bem mais tarde (por volta dos 18-22 anos), mas poucos esperam por ela.

Portanto, contando com o fato de que os jovens estão, quando homens, com os níveis de testosterona à toda e, quando mulheres, com os níveis de progesterona e estrogênio, em igual situação, é de se supor que suportar uma vida celibatária por cerca de 15-20 anos, antes de se se casar (aos 30 anos ou mais) é quase que impossível.

CONCLUSÃ0

Embora o que diremos a seguir possa soar forte demais; se não quisermos ser hipócritas, temos de admitir que, na maioria das igrejas evangélicas, hoje, quando o assunto é SEXO ANTES DO CASAMENTO, os jovens solteiros o praticam livremente; os pais, de alguma forma, fingem que não vêem e os pastores (até por estarem inseguros) fingem que não sabem.

A SAÍDA

Sem queremos ser os donos da verdade e sem nenhuma pretensão, além de desejar o bem do Corpo de Cristo, que é a Sua Igreja; e reconhecendo que a situação é, realmente, muito delicada, acreditamos que a solução para esse problema terá que, obrigatoriamente, abarcar os seguintes pontos:

  • Uma profunda reflexão realística e bíblica sobre o tema, por parte de Ministérios, Presbitérios e Conselhos de Igrejas, levando em conta o momento histórico e a realidade em que vivemos, com decisões claras e até mudanças de estatutos, se for o caso.

  • Um repensar do real significado do casamento bíblico e teológico, sobrepondo-se a sua ênfase sobre a instituição civil e humana do mesmo.

  • A construção de uma orientação clara, realista, bíblica e não legalista, a ser ministrada aos jovens cristãos de nossos dias e a seus pais.

Tony Ayres

01 agosto, 2009

O nosso maior é o nosso melhor?

C2006517205400975537_Ambulance_van Era uma igreja onde havia dois diáconos, ambos muito eficientes, piedosos, cheios de fé e amantes da obra missionária. Como era natural, respeitavam-se mutuamente, como irmãos em Cristo.

A igreja os amava igualmente. Aparentemente, para quem os visse pela primeira vez, não havia protecionismo ou qualquer outra sorte de desigualdade entre eles.

No entanto, eram muito diferentes: um era muito rico e o outro era muito pobre. Fora da igreja, portanto; um, pouco sabia da vida do outro, uma vez que viviam em mundos diferentes.

Uma certa manhã, bem cedinho, o diácono rico estava muito excitado e feliz, entre as pessoas que transitavam no porto da cidade litorânea onde a igreja estava situada.

Foi quando, de repente, e com surpresa, encontrou-se com o diácono pobre. Um sorriso estampou-se em seu rosto. Não pôde conter as palavras:

"Irmão, que alegria encontrá-lo aqui! Olhe, consegue ver aquele navio que está quase desaparecendo no horizonte?" – E antes que o outro tivesse tempo de responder, acrescentou, sem poder se conter: "Sabe, irmão, aquele navio está levando uma ambulância novinha em folha, que estou doando para a obra missionária!"

De repente, ao ver o tímido sorriso, toldado de uma nuvem de tristeza que se esboçou no semblante do outro, saiu um pouco de sua redoma de alegria e perguntou-lhe: "Mas, irmão, percebo que você não compartilha de minha alegria; há algo errado consigo?"

O outro baixou um pouco os olhos, como para esconder uma lágrima furtiva, e em seguida, respondeu:

- Não, meu irmão, não há nada errado comigo, a não ser o coração de pai um tanto apertado, aqui no meu peito..."

- Mas, por que razão? – atalhou o diácono rico, sem entender.

- Sabe, meu irmão, aquele navio que está levando a sua ambulância? – respondeu o diácono pobre.

- Sim, com certeza!

- Pois bem, ele também está levando a minha única e querida filha para a obra missionária.

Desta vez foi o diácono rico quem baixou a cabeça. Depois, num rasgo de súbita consciência, murmurou para o amigo:

- Puxa, meu amado; eu estava achando que fiz um bem enorme para Deus, doando uma ambulância para a obras missionária, quando na verdade, poderia doar dezenas delas.

E concluiu, emocionado:

"Mas você doou muitíssimo mais do que eu: Sua única filha, seu apoio, sua alegria, carne de sua carne" – e lembrando-se de sua linda filha que deixara em casa, tocando piano":

"Eu sou muito mais egoísta do que você".

Moral: "Não te ensoberbeças por mais grandiosos que pareçam ser os teus feitos. Há sempre alguém com o coração mais altruísta do que o teu".

"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome;
Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra,E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai"
(Fil. 2. 5-11)

Tony Ayres