08 março, 2013

CARTA A UMA MULHER QUE DESEJA DIVORCIAR-SE DE UM ESPOSO INQUIETO

Prezada “X”


Se você está casada há 30 anos, imaginando que tenha se casado com uns vinte, deve estar agora com a idade ao redor dos 50 anos.


Nessa altura da vida, todos os casais já viveram conflitos e problemas suficientes para que cada parceiro conheça o outro também suficientemente bem e, portanto, têm noção sobre o que vale ou não a pena, em termos de relacionamento.


Espero que, com a sua idade, você seja madura o bastante para ter consciência de todas as implicações que uma tomada de decisão acarretará, seja ela em que direção for.


É preciso também que se lembre de que, quando se escolhe alguém para com ele partilhar a vida, você está adquirindo o "pacote inteiro". Com isso, quero dizer que você já deve ter compreendido que assumiu um compromisso não apenas com a parte virtuosa de seu esposo, mas com a parte de defeitos também.


Compreendo o seu mal estar pela personalidade inquieta dele. Talvez, um dia você tenha sonhado com alguém que lhe desse tranqüilidade, paz e segurança, mas, as nossas escolhas nem sempre  (ou quase nunca) revelam-se tão gratificantes como as idealizamos.


Você se confessa cristã e seu marido também. Mas, o fato de sermos cristãos não significa que sejamos melhores ou piores do que outras pessoas, em termos de relacionamento. 


Todos nós precisamos despender um certo esforço e sermos menos egoístas para que consigamos conviver em harmonia com quem escolhemos como parceiro. Isso não é fácil, mas é necessário para tornar a existência mais amena e menos dura.


Agora, como disse anteriormente, você deve ter consciência das implicações de suas decisões.


Em outras palavras, creio que deve refletir bastante no que irá fazer. Veja bem, você e seu esposo já partilharam não apenas sonhos (que incluíram, inclusive a adoção de um filho). Com certeza, tiveram momentos felizes também. Construíram um relacionamento que já dura 30 anos e isso não é pouca coisa.


Todavia, a despeito de tudo isso, pode ser que você realmente tenha certeza de que não o ama mais e que não valeria a pena continuar nesse casamento. Neste caso, então, pergunte-se a si mesma: O que faria, voltando a ficar solteira com a sua idade?


Valeria isso a pena? Teria a chance de reconstruir sua vida com outro parceiro mais confiável? Teria condições de se sustentar física e emocionalmente? Teria estrutura suficiente para começar tudo do zero? 


Se puder responder "sim" a todas essas perguntas; então creio que vale a pena pensar nessa possibilidade. Afinal, não se pode viver acorrentado a uma união apenas de aparências, pois isso seria muito infeliz.


Todavia, se tiver dúvidas quanto as perguntas, creio que é possível dar uma chance a seu casamento, pois, apesar de você dizer que falta diálogo nele; o próprio fato de seu marido reconhecer que não sabe dialogar já demonstra que ele admite esse diálogo.


Como vê, eu apenas posso ajudá-la, chamando a sua atenção para alguns pontos.


A decisão final será sua, pois, ninguém pode decidir nada por outrem.


Espero que reflita, que deixe a graça de Deus arejar seus pensamentos, que perceba que sempre é tempo para mudanças e que a esperança é uma parceira muito íntima da fé.


Seja o que for o que decidir, espero que o faça com os pés no chão e que acredite que, com a ajuda de Deus, ser feliz não é, absolutamente, impossível.
N'Ele, em quem reside toda a esperança.


Antônio Ayres


(Tony)