26 novembro, 2011

MENTIRA, UM TERRÍVEL MECANISMO DE DEFESA (Republicação)

Um psicoterapeuta tem muita facilidade de reconhecer quando está diante de um mecanismo de defesa de seu paciente. Os mecanismos de defesa foram definidos com muita clareza no livro: O ego e os mecanismos de defesa, de autoria de Anna Freud, filha de Sigmund Freud.

Entre os mais conhecidos, encontram-se: a regressão, a negação, a racionalização, a fixação e a sublimação.

MAS, O QUE VEM A SER UM MECANISMO DE DEFESA, AFINAL?

Grosso modo, um mecanismo de defesa é um "recurso" ou "um álibi" que, de maneira inconsciente, o paciente apresenta, frequentemente de modo extremamente assertivo, quando o terapeuta chega muito próximo, do "núcleo de sua neurose", uma vez que a neurose (o conflito entre um desejo e uma censura) trabalha contra a cura do indivíduo.

No entanto, na vida real, alguns indivíduos utilizam-se de pseudos "mecanismos de defesa", dentre os quais destacamos, por ser o objetivo deste post, a mentira.

MENTIRA, UM TERRÍVEL "MECANISMO DE DEFESA"

Conheço ( e você também deve conhecer!) um batalhão de pessoas estropiadas por completo na vida, porque, infelizmente, foram impiedosamente enganadas por outras em quem sempre acreditaram leais, e a quem devotavam a mais pura e cega confiança, o mais belo, cuidadoso e devotado amor.


Mas...foram apunhaladas pelas costas.

Pessoas que ferem, sem piedade, como foi dito, e pisoteiam o coração de outras, que as amam, tratando-as como tijolos ou pedras; e não como seres humanos que possuem alma, coração e sentimentos, estão mais perto da animalidade irracional do que da humanidade concedida pelo Criador.

Por isso, o seu "mecanismo de defesa" não merece eufemismos, não.

São, para vergonha delas, hipocrisia e falta de caráter, sim - um câncer que invade e toma conta da alma de seres humanos mesquinhos e rasteiros, movidos pela única força que conhecem: a nojenta força do egoísmo.


Que Deus nos proteja de tais pessoas! E que tenhamos a capacidade de discernimento para reconhecê-las e afastar-mo-nos delas!

Tony Ayres

23 novembro, 2011

NOVO ESTUDO DEMONSTRA QUE PSICOPATAS TÊM DEFORMAÇÃO NO CÉREBRO

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Já sabíamos que os psicopatas são pessoas antissociais, cautelosas e, em alguns casos, violentas. Também tínhamos conhecimento de que elas eram incapazes de sentir medo ou culpa.


Na verdade, apenas as características acima descritas não são suficientes para definir com exatidão se uma pessoa apresenta sintomas de psicopatia ou não.


No entanto, elas são encontradas na maioria dos indivíduos diagnosticados como psicopatas.


O NOVO ESTUDO


A novidade fica por conta de um novo estudo conduzido por um pesquisador norte-americano, o qual revelou que há características físicas no cérebro capazes de identificar uma predisposição à psicopatia.


Analisando tomografias computadorizadas de cerca de 40 prisioneiros, os pesquisadores chegaram à conclusão de que o cérebro dos condenados não têm certas ligações em áreas responsáveis por sentimentos como medo ou culpa.


De acordo com o professor Michael Koenigs, autor do estudo, esse é o primeiro trabalho que mostra claramente diferenças funcionais na estrutura do cérebro de indivíduos diagnosticados com psicopatia.


Essa conclusão significa que, ao menos em tese, é possível prevenir comportamentos psicopatas, caso os pacientes sejam diagnosticados com antecedência, isto é, antes que venham a perpetrar qualquer ato violento ou criminoso.


O estudo abre também portas para novas pesquisas de medicamentos que venham produzir a cura das psicopatias, consideradas até aqui como enfermidades mentais sem cura.


No filme Hannibal, o psiquiatra Hannibal Lecter (interpretado por Anthony Hopkins), é um exemplo da figura que pode chegar a ser um psicopata. No entanto, se a doença tivesse cura, o final do filme poderia ser totalmente diferente.


Esperemos que a Ciência logo esclareça essa questão em definitivo.


Tony Ayres

21 novembro, 2011

A ENTREVISTA DE TONY RAMOS E A SÍNDROME DA FAMA TELE-EVANGELÍSTICA (REPUBLICAÇÃO)

A Entrevista de Tony Ramos e a Síndrome da Fama Tele-Evangelística

Por Tony Ayres

Ao assistir, recentemente, à entrevista de Tony Ramos, na Rede Globo; não pude deixar de estabelecer um elo de comparação entre ele e determinado tele-evangelista, cujo desejo de fama subiu à cabeça.

Quando sai da pele de seus personagens, o homem Tony Ramos revela-se um um ser humano de rara beleza. Despoja-se de toda afetação (que, no estágio de sucesso que alcançou, até poderia ser-lhe perdoada, se a tivesse) e permite-se ser simplesmente como é e como sempre foi.

Respeitado por todos os seus colegas de trabalho como um homem íntegro, bondoso e com um enorme carisma, sua simplicidade é conhecida dentro das dependências da Globo, onde trata com a mesma humanidade, tanto colegas de peso, como o ator Lima Duarte; como os camareiros e zeladores da Casa.

Casado desde o ano de 1969 com Lidiane, a esposa por quem confessa publicamente ser apaixonado; aos 61 anos de idade, o ator é pai de dois filhos: um médico e uma advogada e já comemora a chegada dos netos, sem esconder sua alegria.

À apresentadora Ana Maria Braga, Tony confessou ser um homem simples, de família, que respeita as demais pessoas, em suas diferenças; que não abriga qualquer tipo de inveja em seu coração; que não enxerga o sucesso como algo que o seduza e que medir o ser-humano por esse parâmetro é simplesmente algo mesquinho e menor.

A CONTRAPARTIDA

Em nosso mundo cristão evangélico, infelizmente, pessoas que chegam a ganhar alguma notoriedade no meio televisivo, surpreendem-nos com um comportamento completamente oposto.

Há alguns dias, coloquei aqui uma postagem referindo-me a determinado evangelista da TV e critiquei a sua postura, quanto ao envio de $900 reais, "exigidos" pelo "profeta" que o acompanhou, como condição para a liberação da "bênção da prosperidade".

Pois bem, em seu programa do último sábado, o referido pastor da TV "mandou" um aviso" aos críticos, afirmando que poria novamente, por algumas vezes, o tal programa no ar, afirmando que "os críticos são pessoas fracassadas e recalcadas, que ficam incomodadas com o sucesso alheio" (no caso, o dele, obviamente).

Espanta saber que tal pastor não esconde de ninguém ser formado em Psicologia e, ao mesmo tempo, demonstra publicamente, na TV, que esta, infelizmente, parece que não lhe ensinou nada, tanto no que se refere ao trato para com as pessoas, passando pela incapacidade de aceitar críticas de uma forma madura ( e não na infantilidade do "revide" grosseiro); como na falta do verdadeiro conhecimento psicanalítico da "teoria do recalque", elaborada por Freud.

Por outro lado, o que entende tal pastor por "pessoa fracassada"? Provavelmente, para ser coerente consigo mesmo, um "fracassado", para ele, é alguém que não tem o desejo de estar, a qualquer preço, na TV; quem não tem a "gana" por notoriedade e "poder", que não deseja aumentar o número de cruzadas com o fito de auto-promoção pessoal; e que não tem nenhum interesse em enriquecer pedindo ofertas e vendendo livros, para ter mais tempo "no ar".

De acordo com esses parâmetros, pessoas como Albert Einstein, Ghandi, Madre Tereza de Calcutá ou o anônimo médico que dedicou a sua vida a atender as pessoas de uma favela da Casa Verde, em São Paulo, gratuitamente, apenas tomando uma xícara de café em cada barraco onde visitava um paciente; foram todos FRACASSADOS.

O QUE SE OBSERVA, AFINAL, NESTA HISTÓRIA?

Por um lado, um grande artista, famoso e reconhecido em todo o Brasil e até fora dele, como um homem talentoso, humano, realizado, de bem com a vida, que atribui ao sucesso apenas um valor menor, no grande contexto da existência.

Por outro, um tele-evangelista que precisa pagar por seus horários para aparecer na TV, que não consegue disfarçar, sob o título de cristão, o ser humano iracundo e belicoso que, na realidade, demonstra ser; e que, a continuar nesse modo de agir, provavelmente nunca terá qualquer notoriedade que ultrapasse o mundo evangélico.

O que podemos afirmar, resumindo, é que o Jesus sobre quem a Bíblia nos fala. era um homem muito simples:cansado, tomava água à beira de um poço ou dormia no canto de um barquinho.
Mesmo sendo o Filho de Deus, não tinha onde reclinar a cabeça e quando morreu, na cruz cruenta do Monte Calvário, os soldados dividiram entre si o único bem material que possuía: suas vestes pessoais.

Mesmo assim, João Batista, o último dos profetas do período de vigência da Lei, testemunhou dele, nos arredores do Jordão: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo. 3.30).

Procura-se evangelistas de TV que estejam dispostos a seguir o exemplo de Jesus e que tenham o espírito de João Batista.

15 novembro, 2011

CARTA A UMA QUERIDA AMIGA QUE RESOLVEU FAZER PSICOTERAPIA

 

terapia

“Fiquei contente ao saber que você está fazendo psicoterapia. Parece-me que você decidiu "passar a vida a limpo"e, pelo jeito, já descobriu algumas coisas importantes.

Quero lhe dizer que, fazer terapia quase nunca deixa de nos trazer coisas tristes, pois, ela nos revela "aquele lado feio e negro" da nossa vida que nunca quisemos ou pudemos enxergar. Ela nos mostra quantos trastes inúteis acumulamos nos "porões" da nossa alma durante anos e anos.

Mas esse "encontro com o próprio eu", por mais sofrido que seja, é compensador, acredite.

Chega uma hora na vida em que não desejamos mais mentiras, não queremos mais fantasias. É o momento de enfrentarmos os nossos próprios fantasmas e de ganharmos forças para vencê-los e seguir em frente.

Sabe, os budistas dizem que a infelicidade dos homens existe porque eles são vítimas do "desejo de ignorar". A psicanálise, por outro caminho, descobriu que eles têm o "desejo de não querer saber".

Por isso, existe esse enfrentamento na terapia: temos que vencer as resistências e conhecer a verdade sobre nós mesmos. Aí, num sentido psicológico, cumprem-se as palavras de Jesus:"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".

E já que me referi à verdade ou às verdades, deixe-me dizer-lhe mais uma que, por certo você já descobriu, mas, possivelmente, ainda não "lhe caiu a ficha". Você me diz, no e-mail, que quer ter uma vida sólida (você acha que somente uma "vida sólida" a fará feliz).

Mas...Rubem Alves há muito tempo escreveu (e eu concordo com ele) que "vida sólida" não existe! Ele diz que nós acreditamos que a nossa vida seja forte como uma esfera de aço. Na verdade, porém, ela é frágil como uma bolha de sabão! Basta um ventinho mais forte e essa bolha estoura.

Isso é revelador porque nos dá coragem de fazer o que acreditávamos não poder! Ensina-nos a viver pequenas coisas como grandes feitos e a valorizar cada aparentemente "pequena" conquista. Mostra-nos que devemos parar de perseguir "o ótimo" que, como a linha do horizonte, está sempre longe; e a aceitarmos "o bom", que já está pertinho de nós.

Rubem Alves também nos ensina que devemos ser corajosos como a aranha. A aranha tem coragem de lançar-se no abismo, confiando apenas num fio! Sim, porque ela acredita no fio de sua própria teia, ela lança-se para mais fundo e para mais longe, mesmo em meio à escuridão.

O  Almir Klink, entrevistado pelo "Fantástico" deste último domingo, deixou claro que ele não precisa de dinheiro, não precisa de propriedades, não precisa de "status"não precisa de "poder" para ser feliz. Ele só precisa ser livre para viajar (entenda "velejar") e, velejando, ele atravessou, sozinho, os oceanos, chegando ao lugar que ele mais gosta: a Antártida.

Que tal você discutir com seu/sua terapeuta qual seria a "sua Antártida"?

Torço por seu crescimento e felicidade!”

Tony Ayres

12 novembro, 2011

RESPOSTA A UMA MULHER CRISTÃ QUE SE SENTE ATRAÍDA POR OUTRA MULHER

 

mulher triste

 

“Boa tarde.

Há algum tempo procuro ajuda de algum profissional pra resolver meu problema. Mas, os que tenho encontrado, não sei, não me sinto a vontade pra falar.

Então resolvi procurar um cristão, pq acho que é alguém que tem o pensamento e os valores mais parecidos com o meu e não vai ficar rindo de mim. Mas antes de começar, gostaria de saber se o senhor tem a cura pra uma mulher que se interessa por outra mulher.

Não suporto isso! Quero ser normal! Quero casar, ter filhos, constituir familia. Mas vejo isso cada vez mais distante de me fazer feliz e isso me apavora!

Por favor, diga que o senhor pode me curar! “

Anônima

 

Prezada Anônima

Nenhum terapeuta honesto vai responder a seu cliente que TEM A CURA PARA A SUA PATOLOGIA, pois não é assim que as coisas funcionam.

Problemas que afetam a nossa alma, a nossa sensibilidade, a nossa relação com o outro e com o mundo não são como doenças físicas, para as quais você toma um medicamento e fica curada.

O trabalho de um terapeuta É AJUDAR O SEU CLIENTE a descobrir o porquê e onde estão as raízes do problema que lhe traz sofrimento.

Em seu caso, essas raízes certamente têm a ver com o seu passado e em como foi a sua relação com seu pai, sua mãe ou outras figuras que tiveram a mesma importância deles para você.

Compreendo sua aflição e sua luta interior, mas esse é um trabalho difícil, que pode ser doloroso, mas que pode, sim, desde que você se compreenda, ter uma solução.

Mas, DEPENDERÁ SEMPRE DE VOCÊ e não do terapeuta que escolher.

Pense nisso. E se compreender que vale a pena despender um esforço nisso (e se quiser), volte a me escrever.

Cordialmente,

Tony Ayres

P.S: Tenho quase certeza de que não sou eu o primeiro a dizer-lhe isso

10 setembro, 2011

PORNOGRAFIA - FAZENDO MAL A SI MESMO - A AUTO SABOTAGEM


Por Dr.  Eduardo Adnet

Durante vários anos busquei compreender a fundo por que tantas pessoas buscam a pornografia, a prostituição e relacionamentos extraconjugais. Busquei também entender por que a pornografia continua se proliferando que nem baratas em esgoto na internet. E com um dado a mais: porque proliferam tanto os sites de pornografia homossexual.

As explicações mais frequentemente ouvidas são as que asseveram que estes sites pornográficos (heterossexuais e homossexuais) se proliferam porque são um negócio bilionário a nível mundial. Isto não deixa de ser realidade, porém trata-se aqui de uma simples consequência óbvia em razão do crescente número de pessoas que buscam a pornografia. A questão não é esta, mas sim o motivo por essa busca. E aqui a explicação para esta busca é um pouco mais complexa do que a busca pela auto-sabotagem pelo álcool e pelas drogas.

A História possui material artístico mais do que abundante retratando através de pinturas, esculturas e poemas o amor entre um casal. E em grande parte (senão na maioria) dessas manifestações artísticas históricas estão presentes, de forma mesclada e harmonizada, afetos e sexualidade, o que é perfeitamente natural. As relações sexuais quando preenchidas por amor e carinho mútuos são relações saudáveis e possuem a capacidade de suprir plenamente as carências afetivas e sexuais presentes nos seres humanos. 

Todavia, este tipo de relação só sobrevive se houver compromisso e fidelidade mútua. E a consumação plena deste tipo de relação se dá pelo matrimônio. A experiência humana tem demonstrado que é impossível a um homem amar e se dedicar a mais de uma mulher. Também uma mulher não pode amar e se dedicar a mais de um homem. O modelo histórico da estrutura familiar é o melhor modelo de relação conjugal que existe, e aqui não se trata de minha opinião, mas de uma constatação histórica, só não o reconhecendo quem deliberadamente desejar fechar os olhos a esta verdade.

Há casais que perderam esta estrutura conjugal porque se separaram, outros porque ficaram viúvos, e há os que nunca jamais experimentaram uma vida conjugal, ou por serem solteiros, ou por apresentarem transtornos da sexualidade.

Todavia, como por instinto natural, as pessoas sempre buscam alguém para estar ao seu lado, e esta busca é pela afetividade envolvida na relação e também pelo componente sexual relacionado a ela.

A busca pela prostituição e pela pornografia nada mais é do que um meio doentio de assistir uma relação sexual entre duas pessoas a fim de que se possa consumar a fantasia da projeção. É algo como assistir a um filme onde pessoas se banqueteiam em uma mesa, e o expectador se projeta nessa mesa irreal, como se ele próprio ali estivesse. Mas não está. E uma das inevitáveis consequências da busca frequente pela prostituição e pela pornografia é um brutal aumento do vazio afetivo, da dolorosa percepção da solidão e da tristeza. 

Estes comportamentos, não infrequentemente, se tornam compulsivos, o coração se entristece e esfria cada vez mais. A pessoa tende a assumir uma postura mórbida e sarcástica em relação a tudo o que diga respeito a sexo, e isto termina por conduzi-la à perpetuação dos comportamentos sexuais compulsivos até ao ponto de experimentar as experiências da prostituição ou da pornografia como um meio de se auto-sabotar, de fazer mal a si mesma. São comportamentos autodestrutivos, pois estes comportamentos refletem rejeição a si próprio. E o ódio ou a rejeição de si próprio tendem a conduzir à auto-sabotagem. 

E a tão sonhada relação ideal jamais chega, pois a busca está sendo feita no território errado. E isto sem falar que em muitas situações a busca já não mais existe. Algo como uma derrota aceita, algo como uma rendição.

Todas as formas de auto-sabotagem devem ser tratadas o quanto antes. Porém, se o coração humano e suas necessidades não forem profundamente considerados, o tratamento poderá ter um efeito apenas parcial. Isto se não redundar em um espetacular e lamentável fracasso. Para o paciente, e também para o psiquiatra.

Dr Eduardo Adnet - Médico Psiquiatra
Especialista Titulado Pela Associação Brasileira de Psiquiatria e
Associação Médica Brasileira

06 agosto, 2011

RELACÕES AMOROSAS TUMULTUADAS: SERÁ QUE VOCÊ CONVIVE COM UM MISÓGINO?

 

casal-brigando-300x218O termo grego "misógino" é utilizado pelos psicólogos para designar a pessoa que odeia mulheres: miso = odiar e gyne = mulher. Isso, teoricamente falando, porque, na vida real, nem sempre é fácil reconhecer um misógino.

À primeira vista, ele é muito educado, gentil; e, em geral, considerado um gentleman. Tem muita facilidade em conquistar a mulher por quem está interessado, pois age de maneira extremamente amorosa, o que o torna quase irresistível.

Sua atitude demonstra um apaixonamento e uma dedicação tão intensos que, com o decorrer do tempo, fica cada vez mais difícil para a mulher estabelecer limites seguros e ser capaz de atribuir-lhe quaisquer responsabilidades na eventual geração de conflitos ou turbulências no relacionamento.

Na verdade, estabelece-se um contrato tácito (sem palavras, mas compreendido por ambos), no qual o homem vai, imperceptivelmente avançando nos limites, a fim de tomar pé de até onde pode ir com seu estilo manipulador e altamente controlador.

A mulher, por sua vez, a fim de "preservar" a relação", tenta ser boa todo o tempo e evita confrontá-lo. Com isso, evidentemente, o relacionamento fica assimétrico e ela, naturalmente, fragiliza-se cada vez mais.

Esse controle do misógino vai avançando de tal maneira que chega a alcançar as áreas financeira e íntima, prejudicando a couple_fighting_casal_brigando_450sexualidade do casal. Ainda que a mulher faça tudo para evitar desentendimentos, ele acaba sempre convencendo-a de que ela sempre está errada.

Com o tempo, ela passa a medir cada palavra que pronuncia, uma vez que, confusa e cada vez mais perplexa, teme que tudo “desmorone” de uma hora para outra. À essa altura, ela já está irreconhecível e a sua auto-estima se encontra totalmente minada.

Torna-se difícil tomar qualquer atitude, uma vez que o homem utiliza argumentos que lhe soam tão lógicos para o bem da relação, que ela passa a chafurdar-se num mar de lodo emocional.

A única coisa que ele deseja é sentir que ela lhe dê mostras de seu amor incondicional por ele, através de muita compreensão e do atendimento de suas mínimas necessidades, sem demonstrar qualquer tipo de aborrecimento. Algumas vezes, ele estoura e, em seguida se arrepende, voltando a ser o homem maravilhoso do princípio...até que novo estouro aconteça.

Vale ressaltar que, a despeito dessa descrição avassaladora da atitude de um misógino, ele está totalmente inconsciente dela e sequer tem noção da dor que sua atitude produz no outro. Seu comportamento é, na verdade, um subproduto de sua história de vida na família de origem, que lhe causou um sofrimento psicológico, o qual não pôde ser evitado.

Geralmente, ele é oriundo de um relacionamento conturbado entre seus pais, com o qual aprendeu que oprimir a mulher é a única maneira de controlá-la.

Como adulto, ele “atualiza” a vivência sofrida no passado, buscando desesperadamente ser amado, ainda que de uma maneira totalmente deturpada.

Já em relação à mulher que tende a relacionar-se com um misógino; o mais provável é que ela tenha sido infantilizada pela sua família pregressa e, por essa razão, tenta encontrar no parceiro, suporte, apoio e amor, como forma de compensação.

Assim sendo, embora pareça que o misógino seja o carrasco e a mulher seja a vítima, a verdade é que existe um conluio entre eles. De uma forma doentia, precisam um do outro.

A solução para esse problema é um dos dois sair do círculo vicioso e começar a agir de uma maneira nova. Geralmente, quando isso acontece, existem três possibilidades:

1. A mulher mantém-se submissa, para conservar consigo o seu homem.

2. Ela prefere separar-se dele.

3. Ela decide investir numa nova relação com o mesmo homem.

As que optam pela última opção terão que elaborar a reconstrução de sua auto-estima, estabelecer limites claros, ser firmes perante o parceiro e assumir o seu lugar dentro da relação. Para isso, com toda probabilidade, elas necessitarão de ajuda terapêutica.

casal_briga1O resultado dessa atitude provocará uma solução do problema que provavelmente será: ou o seu misógino desistirá de ser o algoz para ficar a seu lado, ou desistirá da relação.

De qualquer forma, ela terá conquistado o resgate de sua auto-estima.

Tony Ayres

Baseado no livro: “Homens que odeiam mulheres & mulheres que os amam “, de Susan Forward e Joan Torres, texto de SÔNIA NEMI(www.sonianemi.com)

20 julho, 2011

BELEZA ESTÉTICA: RAZÃO DE ALEGRIAS E SOFRIMENTOS

 

ashlee-simpsonTodos sabemos que a chamada beleza estética varia de uma época para outra e também de uma cultura para outra. As  anoréxicas top-models dos dias de hoje, apontadas por muitos como “cabides ambulantes” não fariam nenhum sucesso nas décadas de 1950 e 1960, nas quais o padrão de beleza feminino centrava-se na mulher “cheinha”, com curvas muito bem delineadas.

Todavia, na atualidade, temos um fator decisivo na disseminação dos padrões tidos como belos: a super-impactante força da mídia, representada, principalmente, pela televisão digital e pela Internet. As artistas de novelas (ou os artista, no caso dos homens) e as apresentadoras de programas, por exemplo, são belas, malhadas, possuem dentes e sorrisos perfeitos, cabelos brilhantes e, além de tudo, vestem-se muito bem.

Isso produz um mundo encantado que é projetado em quem as assiste.

Esse mundo encantado é assimilado e introjetado pelos telespectadores ou internautas. Em se tratando de homens, eles admiram; no caso das mulheres, elas procuram imitar, uma vez que querem ser amadas e desejadas como as atrizes de TV.

É claro que esse é um processo mais ou menos inconsciente, no qual o mundo interior psíquico do indivíduo é invadido por estímulos externos, tornando a imitação algo tão forte que, não raras vezes, avizinha-se de uma obssessão.

QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DISSO?

Não é preciso refletir muito para se perceber as consequências de um processo identificatório como esse:

1. Algumas mulheres privilegiadas saem-se bem, pois foram agraciadas com padrões de beleza que batem com aqueles difundidos pela mídia. Nesse caso, podemos dizer que o resultado é satisfatório, uma vez que há um ganho para a auto-estima.

2. Um outro grande número de mulheres não possui os padrões difundidos. Mesmo assim, imitam os cortes de cabelo, as roupas da moda ( que não lhes caem bem) e o estilo de vida que imaginam apropriado para elas também. O resultado pode ser, em alguns casos, ridículo e, no mais das vezes, alienante, uma vez que elas passam a viver uma irrealidade.

3. Finalmente, temos aquelas mulheres que, decididamente, estão muito longe de ser reconhecidas como esteticamente belas.  O resultado, neste caso, é, frequentemente a decepção e o sofrimento.

ENTÃO OS RESULTADOS JÁ SÃO PRÉ-DETERMINADOS?

A impressão que temos é a de que a resposta será “sim”, mas a realidade nos ensina que essa resposta é “não”.

Isso porque o ser-humano não é somente “casca”. Beleza estética nunca foi garantia de um casamento duradouro, por exemplo; mas a beleza interior, cultivada e apreciada ao longo da vida, é o tipo de beleza que adorna as pessoas com um aura irresistível. As  que possuem essa beleza interior, geralmente são as que são mais felizes e possuem os relacionamentos mais compensadores e duradouros.

Além disso, “vã é a graça e enganosa a formosura”. Beleza física acaba, fica velha com o passar dos anos. Mas a beleza interior jamais tem fim. É um presente que dura a vida toda para aqueles que têm a virtude se conseguir cultivá-las.

CONCLUSÃO

Concluímos, então, que ninguém precisa viver frustrado ou decepcionado com sua aparência. Existe uma máxima, muito verdadeira que afirma que “cada mulher tem a sua graça”. Isso, positivamente, é verdadeiro.

É claro que ninguém deve relaxar e descuidar-se de sua aparência. Mas, fundamentalmente, é preciso enriquecer-se interiormente, ter conteúdo, ser sábia (falo com as mulheres, aqui).

Isso sim, resultará numa saudável auto-estima e contribuirá, sem dúvida para a felicidade e a realização pessoal.

Tony Ayres

NOTA: Colocamos, neste post, uma foto da atriz e cantora americana Ashlee Simpson, considerada muito bela, por muitos, para exemplificar como a beleza estética atrai.

20 janeiro, 2011

QUAL É A IDADE IDEAL PARA SE CASAR?


Vivendo num mundo pós-moderno, como o nosso, que praticamente "detonou" os valores tradicionais sob os quais foi estruturada a socialização daqueles que atualmente são considerados pessoas adultas, ou seja, os pais e avós dos jovens e adolescentes de hoje, é preciso ter muita sobriedade para considerar a resposta à pergunta que constitui o título deste artigo, tendo, como pano de fundo a ética cristã, da qual não podemos nos dissociar, se desejarmos discutir o assunto com integridade.

A partir desse pressuposto, creio que um fato natural, básico para fundamentar nossa argumentação é o de que a vida do ser humano transcorre num lapso de tempo (que pode ser 70, 80, 90 ou mais anos) no qual são acionados todos os "gatilhos" do relógio biológico, com os quais o homem veio à vida equipado.

Assim é que a criança que nasce sem dentes, com poucos meses tem o primeiro "gatilho" acionado, com a chegada da primeira dentição. Por volta dos 6 anos, temos o acionamento do segundo "gatilho" com a queda dos "dentes-de-leite" e a chegada da segunda e definitiva dentição.

Posteriormente, à medida que o tempo passa, vamos observando os sucessivos "gatilhos": puberdade, ao redor dos 11-12 anos, com a menarca (primeira menstruação) para as meninas e com a capacidade de produção de sêmen para os meninos. Muito mais tarde, por volta dos 50 anos, ocorrem o climatério, a menopausa, até o início da degeneração da vida biológica, cujo desfecho culmina com a morte, evento que, embora traumático, também faz parte da natureza.

CAPACIDADE BIOLÓGICA

Se fôssemos levar em conta apenas o aspecto biológico da questão, não haveria como contestar o fato de que, com o evento da puberdade, a partir do qual a mulher possui a capacidade de ovular e o homem a capacidade de produzir espermatozóides, fatores essenciais para a perpetuação da espécie, ambos estariam aptos para casar e gerar filhos.

No entanto, quando isso acontece (e na verdade é um fato, pois a cada ano aumenta o número de adolescentes grávidas!) acaba se transformando num transtorno, que envolve a adolescente em questão (que não foi preparada para a maternidade e deveria prosseguir em seus estudos); o pai da criança (normalmente também um adolescente que ainda nem chegou ao seu primeiro emprego); a criança em si (que poderá ser criada num ambiente muito diferente do ideal) e os pais de ambos, que acabam por assumir responsabilidades que não lhes caberiam ou para as quais também estão despreparados.

Colocada dessa forma, que a nosso ver é a correta, vê-se que seria um absurdo se a sociedade incentivasse, ou mesmo permitisse o casamento onde os nubentes seriam garotos de 12,13 ou 14 anos de idade. Em nossa cultura, isso seria simplesmente um disparate, embora não seja impossível que aconteça. No entanto, quando, infelizmente, acontece, a metáfora mais apro-priada para descrever esse fato talvez seja a conhecida canção infantil:

"... o anel que tu me destes era vidro e se quebrou,
O amor que tu me tinhas era vidro e se acabou..."

Isso significa que a criança (simbolizada pelo "anel de vidro" da canção) era frágil, e se quebrou, queimando uma etapa no seu processo de amadurecimento: perdeu as alegrias da adolescência e "adultizou-se", pela maternidade/paternidade precoce. Uma pena!

O que nos resta a dizer, à essa altura de nosso pensamento, é que, embora na adolescência (entendida aqui desde a puberdade até os 17 0u 18 anos de idade), a menina se desabroche, como a flor, numa linda mulher e o menino assuma os caracteres de virilidade próprios de um homem feito, emocionalmente, na quase totalidade dos casos, serão imaturos para assumirem uma responsabilidade tão complexa como a do casamento.

CAPACIDADE PSICOLÓGICA

Aqui entramos num outro enfoque da questão: o enfoque da evolução emocional, que é a que realmente interessa, no sentido de que, o ser humano torna-se apto para tomar sobre seus ombros determinadas responsabilidades, quando está emocionalmente preparado para tal. Isso não é diferente, no que se refere ao casamento.

Do ponto de vista da psicologia, um adolescente adquire a "idade da razão" por volta dos 14 anos, uma vez que é a partir dessa idade que se torna capaz de discriminar o certo do errado. Esse é o motivo pelo qual a maioria das igrejas só admite a chamada "profissão de fé" e o batismo, a partir dos 14 anos, pois, tecnicamente, segundo algumas correntes teológicas, seria a partir daí que ela seria capaz de distinguir com clareza aquilo que é pecado e contrário à vontade de Deus.

No entanto, a idade da razão não serve como parâmetro para determinar a aptidão emocional para o casamento. A experiência de vida: conquistas, frustrações, alegrias e decepções são vivências que farão parte, necessariamente do amadurecimento do indivíduo. Aprender a lidar com essas experiências significa aprender a interagir com a vida, ensinando a pessoa em processo de crescimento a analisar cada situação, refletir a respeito e tomar as decisões mais adequadas em relação a elas.

A conquista do emprego desejado, a oportunidade de cursar um curso superior ou técnico almejado, a aquisição de determinados bens materiais e, fundamentalmente, a consciência do quanto se tem de lutar para alcançar tais objetivos, são fatores imprescindíveis na consolidação dessa experiência que o (a) jovem deve ter para pensar em casamento.

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA

A família de origem é, do ponto de vista psicanalítico, de longe o fator que mais pode influir positiva ou negativamente nas pessoas. Ela pode ser tanto uma bênção como uma desgraça no desenrolar da vida delas.

Isso porque ela funciona como o primeiro "espelho" onde o ser humano verá refletida a sua imagem, e, a partir dessa imagem refletida, construir uma auto-estima positiva ou negativa.

Se a família for disfuncional (pais separados, alcoólatras, indiferentes, intolerantes, ausentes, etc), o(a) filho(a) estará vendo a sua imagem num espelho defeituoso e, como resultado, construirá uma imagem defeituosa sobre si mesmo(a).

Já o inverso é absolutamente verdadeiro. Uma família funcional (pais amorosos, compreensivos, disponíveis, abertos ao diálogo, nutritivos, etc) terá o efeito de um espelho de cristal (perfeito) e fornecerá todas as condições para que o(a) filho(a) tenha uma elevada auto-estima, fundamental no desenvolvimento de suas própria vida, principalmente quando viver sua própria experiência dentro do casamento.

E A IGREJA, COMO FICA?

Paulo, escrevendo a Timóteo, diz: "Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo". (I Tm. 5.8). Embora o contexto nos indique, neste versículo, que o apóstolo está falando principalmente do cuidado que os filhos e parentes próximos devem ter para com a viúva idosa, não seria absolutamente de nenhum prejuízo aplicarmos este ensinamento ao cuidado que os pais precisam ter para, com muita sobriedade e sabedoria, instruírem seus filhos em relação à responsabilidade do casamento.

No entanto, seria falta de sensibilidade de nossa parte reconhecer honestamente que, infeliz-mente, um número muito pequeno de famílias cristãs está realmente preocupado em orientar seus filhos para a experiência do casamento.

Dá-se muita ênfase à questão da capacidade em montar uma casa (própria ou alugada), na escolha dos móveis, nas questões materiais e até mesmo, em coisas muito insignificantes, como a escolha de padrinhos e madrinhas adequados, tipo de recepção e outras coisas dessa natureza; e despreza-se o principal, que é, sem dúvida o preparo emocional e a busca da maturidade psicológica do(a) filho(a) que irá se casar.

É aqui que, sob a nossa ótica, a igreja precisa entrar em ação, para suprir essa deficiência, planejando e levando à frente programas que contemplem tópicos como os que se seguem:

·Instrução aos pais sobre o que é realmente importante ensinarem a seus filhos em pers-pectiva de se casar, principalmente no que diz respeito à maturidade psicológica.

·Ensino aberto e esclarecedor aos jovens nubentes, incluindo: responsabilidades exigidas pela nova vida de casado, provisão/provimento de um lar, instrução clara sobre a sexualidade, diferenças psicológicas entre o homem e a mulher, etc.

·Curso abrangente sobre maternagem/maternidade, acompanhamento médico durante a gestação, preparação para o parto, etc.

É evidente que tudo isso, como o leitor percebe, seria de responsabilidade da família, mas como conhecemos bem nossa realidade, infelizmente, as famílias não estão preparadas para tanto e, se a igreja se omitir, nunca esse problema será resolvido, trazendo, como conseqüência outros muito piores, que todo pastor experiente já conhece.

AFINAL DE CONTAS, ENTÃO, QUAL É A IDADE IDEAL PARA SE CASAR?

Bem, depois de toda a exposição que fizemos, creio que a pergunta já pode ser respondida. Sua resposta pode surpreender, mas, na realidade, é muito simples: NÃO EXISTE IDADE IDEAL PARA SE CASAR!

Convém que haja uma explicação aqui. Quando afirmo que não existe idade ideal para se casar, estou pretendendo dizer que não se pode fixar esta ou aquela idade para que o casamento dê certo. O ideal é que ambos os noivos tenham complementado seus estudos, tenham um mínimo para começar uma nova vida a dois, mas o que realmente deve determinar a realização de um casamento que tenha tudo para dar certo é a maturidade emocional dos noivos e isso, definitivamente, não depende da idade cronológica!

É um fato absolutamente comprovado que, uma jovem de apenas dezessete anos seja psicologicamente muito mais madura do que uma outra de 24, por exemplo. Conheço duas jovens, filhas de uma psicóloga cristã, que casaram ambas, ao redor dos 17 anos. Mas TINHAM SIDO emocionalmente preparadas para isso durante a vida toda! Hoje são excelentes esposas e mães, são muito felizes em seus lares e seguem na igreja, servindo a Deus!

Finalizando este artigo, escrevo para você, moça ou rapaz cristão que são, potencialmente as partes mais interessadas na questão do casamento. Olhe bem para dentro de você mesma(o). Procure compreender-se profundamente. Você ama realmente seu/sua parceiro(a)? Se o(a) ama, sente-se maduro(a) psicologicamente para assumir responsabilidades como as que o casamento impõem? Buscaram juntos e separadamente a ajuda e orientação de Deus?

Se se sentem seguros na resposta a essas perguntas, então, a questão da idade não é realmente a mais importante.

Casem-se, sigam em frente temendo ao Senhor e sejam felizes!


Tony Ayres

04 janeiro, 2011

O Setting Analítico

Uma das preocupações mais encontradas nos terapeutas que iniciam a carreira é com o chamado "setting analítico" que, em última instância abrange desde a secretária e o telefone até a disposição do consultório (com divã e poltrona, sem divã e com poltrona, com mesa, sem mesa, etc).

Não diríamos que tal preocupação seja infundada, mas, sem dúvida, é superdimensionada.

Por que dizemos isso?

Porque uma tal preocupação pode chamar a atenção do analisando para aquilo que realmente não é importante, acabando por induzir a transferências negativas absolutamente desnecessárias, ainda no começo da análise.

Na verdade, o setting analítico, para ser bom, precisa ser como um juiz de futebol: quanto menos aparecer, melhor. Se passar despercebido, ótimo.

O consultório, setting analítico, local da análise deve isolar o mundo de fora para ser bom; mas não deve confinar o mundo de dentro como um mosteiro, já que as vivências dentro dele deverão repercutir fora dele.

Dentro dessa ótica, o setting deverá ser apenas um local propício para servir como campo analítico dentro do qual ocorre o entrejogo de ações, sentimentos e representações que façam fluir a análise; não dificultá-la.

O que vale mesmo é a sintonia dos inconscientes do analista e do analisando, sem interferências do setting.

Daí a razão de não se superdimensionar a sua importância.

Tony Ayres