Não diríamos que tal preocupação seja infundada, mas, sem dúvida, é superdimensionada.
Por que dizemos isso?
Porque uma tal preocupação pode chamar a atenção do analisando para aquilo que realmente não é importante, acabando por induzir a transferências negativas absolutamente desnecessárias, ainda no começo da análise.
Na verdade, o setting analítico, para ser bom, precisa ser como um juiz de futebol: quanto menos aparecer, melhor. Se passar despercebido, ótimo.
O consultório, setting analítico, local da análise deve isolar o mundo de fora para ser bom; mas não deve confinar o mundo de dentro como um mosteiro, já que as vivências dentro dele deverão repercutir fora dele.
Dentro dessa ótica, o setting deverá ser apenas um local propício para servir como campo analítico dentro do qual ocorre o entrejogo de ações, sentimentos e representações que façam fluir a análise; não dificultá-la.
O que vale mesmo é a sintonia dos inconscientes do analista e do analisando, sem interferências do setting.
Daí a razão de não se superdimensionar a sua importância.
Tony Ayres
Prezado Tony
ResponderExcluirExcelente observação essa que você fez.
Um mal Juiz é aquele que para aparecer, interrompe o jogo a todo minuto. Resultado: quebra a beleza do espetáculo e castra a espontaneidade dos jogadores.
O bom juiz deixa o jogo fluir livremente, e com isso, ganha ele, a torcida e os meliantes (rsrs)
Abraços,
Levi B. Santos
Caro Levi:
ResponderExcluirMuito bem feita, a sua observação sobre o juiz, o jogo e a platéia. Penso que um bom juiz, que não aparece e deixa o jogo fluir é mesmo uma excelente metáfora para o analista sensato e maduro: ambos têm que vencer a luta contra o narcisismo.