24 abril, 2009

CAMINHO DAS ÍNDIAS. ASSISTIR OU NÃO?

201008-caminhos-india A novela Caminho das Índias, de autoria de Glória Perez e exibida diariamente pela TV Globo já tem sido motivo de polêmicas no meio evangélico brasileiro.

Recentemente, recebi um e-mail, do tipo "forwarded", no qual o autor apresenta o argumento de que, no Brasil, somos mais de 35 milhões de evangélicos, dos quais, 10%, no mínimo, são, como ele diz, "noveleiros", o que daria, por baixo, um número de 3 milhões e 500 mil telespectadores.

Alegando morar na Índia há 4 anos e citando dados sobre o Hinduísmo, religião politeísta, que possui cerca de 33 milhões de deuses, ele propões um boicote contra a emissora, cujo propósito, segundo seu pensamento, seria difundir essa religião no Brasil.

Ainda segundo o autor desse e-mail, se esses 3 milhões e 500 mil telespectadores cristãos brasileiros desligassem seus aparelhos de TV na hora da exibição de Caminho das Índias, a novela seria um fracasso - e, nós, evangélicos, estaríamos livres de sermos vítimas do proselitismo hinduísta.

Mesmo acatando as boas informações desse nosso irmão, e a sua visível boa intenção; pessoalmente, não acredito que as coisas possam ser tão simples assim.

E POR QUE RAZÃO DIGO ISSO?

Em primeiro lugar, porque, estando a população brasileira em torno de 195 milhões de habitantes, não me parece que 35 milhões de evangélicos ou, melhor dizendo, 3, 5 milhões (10%, conforme propõe o nosso irmão), seja um número significativo para boicotar a novela global.

Em segundo lugar, pelo fato de mesmos óculos poderem ter lentes de diferentes cores. Os 33 milhões de falsos deuses indianos que o nosso irmão vê como ameaça, com certeza NADA SIGNIFICAM para cristãos nascidos de novo que conhecem o ÚNICO DEUS VERDADEIRO, Jesus Cristo, de Nazaré, "que é, que era e que há de vir"!

Ao contrário, essa idolatria toda pode conscientizar os cristãos brasileiros do quanto maior do que pensávamos é a necessidade de evangelização daquele pobre país de dimensões continentais, chamado Índia.

E, em terceiro lugar porque os adultérios, as traições, as falsidades e a discórdia de irmãos, entre outras coisas, como sempre; representam o verdadeiro perigo das novelas globais, não apenas para os cristãos evangélicos, mas para todo cidadão de bem que esteja menos avisado.

CONCLUSÃO

Concluindo este post já bastante longo, desejo esclarecer que não estou defendendo o "assistir novelas" como sendo desejável. Penso que ler um bom livro, compartilhar bons momentos com a família ou mesmo, estar no computador lendo aquilo que convém são atividades muito mais edificantes.

Mas, se a sua escolha for assistir às novelas, procure fazer isso com muito critério e senso crítico. Como nos ensinou Jesus, ainda estamos no mundo. Mas não devemos viver como se fôssemos do mundo.

"E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." (Rom. 12.2)

Tony Ayres

15 abril, 2009

CRISE NO CASAMENTO

Sei que, pelo menos para as pessoas que se consideram bem casadas, o título deste post pode parecer um tanadolescentesto exagerado, pois, afinal, nem todos os casamentos estão em crise.

Minha resposta a essas pessoas é que, de início, se nem todos os casamentos estão em crise, todos os casamentos, até mesmo entre os cristãos, passam por crises.

Entretanto, como este assunto é muito vasto, para ser discutido num simples post, quero concentrar-me aqui a um certo tipo de crise conjugal que a realidade tem ensinado ser muito freqüente e, por isso, a minha preocupação com ela.

Refiro-me aquele casamento que consiste na união de um homem e de uma mulher que se apaixonaram e se casaram muito jovens.

É muito comum uma relação de namoro ter começado ainda na adolescência, quando o rapaz tinha, digamos, 18 anos de idade; e a garota, 15.

Essa é uma fase na qual sobra amor romântico, mas falta experiência de vida. Esses dois fatores, combinados, por vezes precipitam, após dois ou três anos de namoro, um casamento que se concretiza cedo demais, na vida.

No exemplo em questão, o noivo teria 21 anos e a noiva apenas 18, uma época da vida em que: ainda não existe plena maturidade de ambos, falta experiência de namoro com outras pessoas e a questão de prosseguimento nos estudos ou na carreira torna-se secundária, mais difícil ou completamente esquecida.

Nesses casos, é também muito comum uma gravidez precoce, que acrescentará uma carga muito grande com todos os cuidados da maternidade/paternidade muito cedo, na vida.

E como "a vida trata a gente como a gente trata a vida"; ainda que exista muito amor, as demandas e responsabilidades que os cônjuges têm de assumir com o passar dos anos acaba levando a um desgaste natural na relação.

Ela pode se tornar morna, monótona, fastidiosa, na melhor das hipóteses; ou belicosa, repleta de discussões e carregada de mágoas, na pior delas.

O resultado costuma ser a inviabilização da relação e a separação, através do divórcio, uma década ou pouco mais, após o casamento.

Por que razão escrevo isso?

Em primeiro lugar, para alertar pessoas que vivenciam esta situação a procurarem um conselheiro matrimonial, pois, com boa vontade, o "primeiro amor" pode ser resgatado e, em assim sendo, o casamento não precisa terminar.

Com o amor renovado e a experiência de vida acumulada, o casamento pode, de fato, durar a vida inteira, com felicidade real.

Em segundo lugar, para alertar os jovens namorados e seus pais que, nos dias de hoje, principalmente, não é aconselhável um casamento antes dos 25-29 anos para a mulher; e antes dos 27-32 anos, para o homem.

Nessa faixa de idade, ambos terão mais experiência de vida, já deverão estar formados na carreira escolhida e terão maturidade muito maior para realizar escolhas.

Isso diminuirá significativamente a chance de um divórcio doloroso, no futuro.

Tony Ayres

03 abril, 2009

O AMOR ENTRE UM HOMEM E UMA MULHER

amor-verdadeiro03 Já há algum tempo, venho considerando a possibilidade de escrever um post sobre o amor. Não o amor ágape (aquele amor incondicional que podemos manifestar por qualquer pessoa, por todas as pessoas ou por uma causa a qual nos dedicamos), entre outras possibilidades.

Mas, o amor eros, que também pode ser ágape,mas que sendo eros pressupõe uma ligação amorosa entre um homem e uma mulher, que é o fundamento para todos os apaixonamentos e que, em sendo também de natureza sexual, está na base do chamado instinto de preservação da espécie.

E, abordando essa questão, algumas outras surgem por via de consequência: Será que existe amor à primeira vista? Será que o amor romântico é também o amor paixão?

Será que o amor entre um homem e uma mulher pode durar a vida toda ou será que, a partir de um determinado ponto da existência, os casais simplesmente se acostumam com a convivência (na melhor das hipóteses), ou passam a se suportar (na pior delas)?

São questões pertinentes, que fazem parte do universo de reflexões daqueles que se preocupam verdadeiramente com a qualidade de suas vidas; melhor dizendo: com a qualidade de seus relacionamentos.

Para o psicanalista Rollo May, o amor homem-mulher é como o "encontro" que tem o artista inspirado, com a sua arte. Assim como um pintor,que, tomado pela inspiração, passa noites em claro, entregue à pintura de sua obra.

Não sente fome, não sente sono, não sabe se lá fora é dia ou noite. Está consumido pelo desejo de ver a sua obra de arte pronta e acabada, preparada para ser exposta e admirada. Assim também, para ele, seria o amor homem-mulher.

Já para Erich Fromm, outro notório psicanalista, o amor entre um homem e uma mulher é antes de mais nada, um ato volitivo, ou seja, um ato subordinado à vontade. Para ele, o homem ou a mulher decide que vai amar o outro. Seria, então, segundo sua visão, um ato de decisão.

Por sua vez, o psiquiatra Flávio Gikovate acredita que aquilo que chamamos de "amor", na verdade, seria outra coisa. Seria a necessidade que o ser humano tem de preencher o vazio que cada um de nós carrega em seu interior, como consequência do trauma do nascimento.

O preenchimento dessa necessidade, para ele, nada teria de romântico ou de "complementar". Deveria, muito mais, ser uma atitude racional e madura, entre pessoas que se elegem para um relacionamento.

Pessoalmente, prefiro uma posição intermediária entre essas opiniões: Penso que o amor deva ter um tanto da paixão-inspiração de Rollo May; um tanto da vontade ou decisão de Eric From e um tanto da racionalidade, de Gikovate.

E, cá entre nós, uma boa dose de romantismo não há de comprometer nenhum relacionamento no qual os parceiros se amam, pois um pouco de insensatez também faz bem ao coração "apaixonado" (entre ou sem aspas).

Tony Ayres