30 outubro, 2012

A Mesma Mente Que Nos Protege Nos Delata

FORMAÇÃO REATIVA Um dos estudos mais fascinantes da Psicanálise constitui, sem dúvida, os chamados "mecanismos de defesa". Todos nós possuímos mecanismos de defesa, que utilizamos, diariamente, para nos proteger de estímulos internos (provindos de nós mesmos) ou de estímulos externos (provindos do meio externo ou de outras pessoas).
Na verdade, todo mecanismo de defesa é uma "tática" que o nosso inconsciente utiliza para manipular alguma coisa que irá nos ofender, nos magoar ou nos ferir. Utilizamos "inconscientemente" o mecanismos de defesa e saímos "ilesos" da situação traumática.
Os mais conhecidos são:a negação, a regressão, a projeção e a sublimação, entre outros. Todos eles são utilizados com a mesma finalidade: Proteger o indivíduo contra a ansiedade.
UM MECANISMO DE DEFESA ESPECIALMENTE IMPORTANTE
Desejamos, agora, abordar um mecanismo de defesa não muito conhecido pelas pessoas em geral, mas que se reveste, devido à sua ação, de especial importância. Refererimo-nos à Formação Reativa.
Na Formação Reativa, protegemo-nos da ansiedade, manipulando uma percepção interna, transformando, equivocadamente, um sentimento em seu oposto. Com muita frequência, transformamos amor em agressão; ou agressão em amor.
A HISTÓRIA DE BEETHOVEN
Uma história conhecida, que ilustra o que dissemos acima, é a do famoso compositor Beethoven. O episódio envolveu Karl, sobrinho de Beethoven, e a sua cunhada Johana, mãe do Karl. O compositor desenvolveu um ódio extremamente irracional por Johana e uma firme convicção de que era o seu dever resgatar Karl de sua influência.
Hoje se cogita, com convincente razão de que, na verdade, o ódio de Beethoven camuflava uma intensa atração passional que ele nutria por Johana. Beethoven utilizou-se, para se proteger, de uma Formação Reativa.
É IMPORTANTE SABER ISSO?
Obviamente, é muito importante conhecer o funcionamento desse mecanismo de defesa para entendermos, muitas vezes, o que está subjacente àquilo que ouvimos, vimos ou presenciamos.
Vamos a alguns exemplos, que podem estar presentes em nossa vida cotidiana. Se o pastor de determinada igreja faz um sermão no qual condena a sensualidade e a pornografia, ele está fazendo aquilo que é inerente à sua função de cuidar de seu rebanho.
Mas, se esse mesmo pastor demonstra obssessão por pregar sempre contra a sensualidade e a pornografia, muito provavelmente ele é que está sendo alvo dessas tentações e deve estar seduzido por elas.
Um outro exemplo: aquele televangelista que está continuamente apontando na TV os "críticos de mau caráter" pode, simplesmente, estar demonstrando que o "crítico mau caráter" é ele mesmo.
Vemos, pelo que aqui foi exposto que o nosso cérebro e a nossa mente são como uma faca de dois gumes. Eles, com toda certeza, nos protegem. Mas podem, também, nos delatar.
Tony Ayres

06 outubro, 2012

Idade Certa Para Se Casar. Isso Existe?

youger husband Até há alguns anos, se uma mulher se casasse com um homem mais novo, isso seria, com certeza, motivo de muita polêmica.

Hoje, no entanto, principalmente depois que conhecidas apresentadoras e atrizes da TV assumiram um relacionamento com homens muito mais novos do que elas, a situação mudou radicalmente.

Namorar ou até mesmo se casar com alguém bem mais jovem deixou de ser tido como alguma coisa "do outro mundo", sendo visto até, com relativa normalidade. No entanto, como cristãos que somos, bom é refletirmos sobre essa questão de uma maneira equilibrada.
Comecemos pela Bíblia:

O PENSAMENTO PAULINO


No que se refere ao casamento, o apóstolo Paulo nunca escondeu a sua opinião pessoal de que era preferível para os cristãos que permanecessem celibatários. No entanto, admitia, é claro, a união conjugal. Veja o que ele diz:

"Você tem esposa? Então não procure se separar dela. Você é solteiro? Então não procure esposa. Porém se você se casa, não comete pecado. E se a moça solteira se casa, também não comete pecado. Mas eu gostaria de livrá-los dos problemas que vocês terão na vida de casados" (I Cor. 7.27-28). "Eu quero livrá-los das preocupações. O solteiro se interessa pelas coisas do Senhor, porque quer agradá-lo" (I Cor. 7.32).

No mesmo capítulo, no verso 39, ele diz: "A mulher não está livre enquanto o seu marido vive. Caso o marido morra, ela fica livre para se casar com quem quiser. Mas, deve ser casamento cristão. Porém, ela será mais feliz se ficar como está. Esta é minha opinião, e penso que eu também tenho o Espírito de Deus".

CASAR-SE COM MENOS OU MAIS IDADE?


O leitor mais atento deve ter notado que, no texto de Paulo acima, grifamos as expressões: "moça solteira" e "com quem quiser". Existe uma razão para isso.

Analisando o contexto, percebe-se que, no primeiro caso, o apóstolo está se referindo a pessoas mais novas (os jovens, que, como é natural nesta época da vida, desejam casar-se e constituir família). A palavra "moça" deixa muito claro isso.

No segundo caso, quando Paulo está falando sobre o vínculo matrimonial, ensina às mulheres que este termina com a morte do marido. E então diz que, ocorrendo essa hipótese, a mulher fica livre para casar-se "com quem quiser", desde que o casamento seja cristão.

Refletindo um pouco sobre essa expressão ("com quem quiser") claro está que, desde que o novo cônjuge seja cristão, não existe nenhuma restrição em relação à idade.

Esse novo relacionamento pode, obviamente, ser com uma pessoa mais nova, mais velha ou da mesma idade. Certamente que a experiência de vida e a maturidade devem ser os árbitros nessa questão.

Afinal de contas, existe um ditado popular que diz que "cada um sabe onde o sapato aperta". Isso, na vida cotidiana dos seres humanos é uma verdade que não pode ser ignorada.

O MUNDO REAL QUE PRECISA SER LEVADO EM CONTA


Existem, na vida de todas as pessoas (inclusive as cristãs evangélicas), um mundo real e um mundo da fantasia. Psicanaliticamente falando, diríamos que há um "mundo consciente" e um "mundo inconsciente".

Infelizmente, a maior parte dos erros cometidos pelas pessoas, ocorre, porque elas estão sendo guiadas pelo seu "mundo inconsciente". Daí, a necessidade que vimos, na escrita deste artigo.

No início dele, fizemos referência "à moda", hoje vigente na sociedade, notoriamente entre mulheres famosas da televisão, de estarem assumindo um relacionamento estável ou se casando com homens que poderiam ser seus filhos. Será que isso pode dar certo?

O QUE NOS ENSINA A BIOLOGIA?


O estudo sistemático dos fatores biológicos, que intervêm nas diversas etapas da vida do ser humano, comprova algumas verdades que não devem ser desconsideradas.

Uma delas é que, em função da maior complexidade do organismo feminino (afinal é a mulher que foi "programada" para a gestação), ela não apenas possui uma série de órgãos que o homem não tem (útero, trompas, ovários, etc); como também, tem uma diversidade hormonal significativa.

Isso a leva a passar por problemas que não afligem os homens: TPM (tensão pré-menstrual, menstruação, instabilidade emocional, maior propensão para problemas com a tireoide, etc). Isso, sem mencionar os outros que se acrescentarão, na época da menopausa.

Esses fatores, combinados com o fato de que é a mulher que carrega dentro de si por nove meses o filho, a cada nova gravidez; e que é quem realmente dá à luz a eles (isso interfere extremamente em seu metabolismo) acaba redundando num fato: geralmente os sinais da idade se apresentam mais cedo para ela!
Em outras palavras (cirurgias plásticas e reposições hormonais à parte) a mulher envelhece mais cedo que os homens. É claro que existem exceções, mas geralmente as coisas acontecem assim.

Por essa razão, artigos médicos têm sugerido que, para amenizar os problemas que poderão advir dessas diferenças, seria (idealmente falando) recomendável que houvesse uma diferença entre quatro e seis anos entre o homem e a mulher.

Colocando com mais clareza: o casal ideal seria aquele em que o homem seria entre 4 e 6 anos mais velho do que a mulher.


O QUE NOS ENSINA A PSICOLOGIA?


Dissemos em um outro artigo que, após a puberdade, por volta dos dezessete ou dezoito anos de idade, uma moça é muito mais madura do que um rapaz. Mas isso nem sempre é assim e, mesmo que fosse, essa não é uma situação que costuma perdurar para sempre.

Psicologicamente falando, tanto o homem quanto à mulher podem ser imaturos ou maduros, em qualquer época da vida. Julgamos que é nesse ponto que se concentra a maior importância de nossa reflexão.

Por esse motivo, aconselhamos que, além de pensar bastante sobre tudo o que já dissemos até aqui, você que tenciona ou não descarta a possibilidade de envolvimento emocional com outra pessoa com grande diferença de idade, considere também os seguintes aspectos:

1.O relacionamento entre pessoas com diferenças de idade tem um grau de complexidade maior. Casais assim costumam ser vítimas de críticas, preconceitos e ironias.

2.Os riscos de uma relação desfavorável, nesse tipo de casamento, geralmente advêm de conflitos provenientes das fases diferentes da vida dos cônjuges. Desníveis educacionais, motivacionais e de idéias em geral podem levar a desentendimentos.

3.Nunca é demais lembrar que, quando não existe amor, as motivações para o relacionamento entre mulheres mais velhas e homens mais novos podem ser contra-indicadas, por razões, às vezes, escusas:

O homem em questão pode estar à procura de facilidades financeiras e a mulher pode estar vivendo uma dificuldade em aceitar o seu processo natural de envelhecimento.

4.Embora muitos não concordem, a verdade é que é um fato comprovado pela psicanálise que o homem pode estar procurando na mulher mais velha, uma mãe; e a mulher pode estar procurando nele um filho. Isso, configuraria, a nível inconsciente, um "incesto", com implicações psicológicas graves.

5.O mais novo pode estar buscando no outro uma pessoa para se relacionar que tenha mais cultura, maturidade e sabedoria. A ausência de um amor autêntico, neste caso, teria conseqüências desastrosas.

6.Seres humanos têm necessidade de afeto. Isso se traduz naquele desejo saudável de se envolver amorosamente e ser correspondido. No entanto, ao conseguir essa correspondência, outras emoções podem surgir: paixão, apego e alegria.

Todavia, quando a paixão termina e permite que se abra um espaço para a realidade, a seguinte pergunta pode ser inevitável: "como posso ser capaz de amar uma pessoa tão mais velha que eu?"

7. Ao entrar nesse tipo de relação, os envolvidos devem ter a consciência de que ela está unindo pessoas com momentos de vida diferentes. Por essa razão, é preciso avaliar todas as prioridades e estar disposto(a) a fazer concessões. Quando a diferença de idade é muito grande, sempre ocorrerá alguma perda.

CONCLUSÃO


É possível que o leitor que nos acompanhou até aqui tenha imaginado que a nossa conclusão pudesse ser diferente da que estamos apresentando. Pessoalmente, sabemos das dificuldades por que passam os cristãos (as mulheres, em especial) em encontrar um companheiro digno, para a vida.

Portanto, relembrando a expressão de Paulo, utilizada neste artigo de que as mulheres estão livres para se casar "com quem quiser", desde que o casamento seja de acordo com os preceitos cristãos, pensamos que esse "com quem quiser" abarca pessoas de qualquer idade, inclusive mais novas, se for o caso.

Dificuldades na relação existem sempre, com diferenças de idade ou não. Por outro lado, é certo que idade não é sinônimo de maturidade nem garante o conhecimento do sexo oposto.

A solução que vislumbramos, portanto, ao se conviver com um parceiro com uma diferença grande ou pequena de idade é simplesmente admirá-lo, aceitá-lo e amá-lo por tudo o que é e representa. O resto é o resto.

Tony Ayres