31 dezembro, 2008

EXPLICANDO A ANGÚSTIA ATRAVÉS DA PSICANÁLISE

noescuro Todos nós já experimentamos em nossa vida, em alguma ou diversas ocasiões, a dolorosa sensação de angústia; que nos apavora e amedronta.

Mas o que vem a ser a angústia, afinal?

Para Freud, o criador da psicanálise, a angústia é um estado afetivo, próprio da condição humana. Esse estado resulta de uma consciência que temos de um estado de desamparo a que estamos submetidos.

Esse estado de desamparo provoca em cada um de nós tensões muito dolorosas e intensas, as quais, em sua fase mais primitiva, constituem a raiz dos diferentes afetos e, particularmente, da angústia propriamente dita.

Segundo Freud, a manifestação mais primitiva do sentimento de angústia é a chamada angústia do nascimento, provocada pela separação e expulsão do novo ser do corpo de sua mãe.

Ele distingue com clareza dois tipos de angústia, assim descritos:

1. Angústia Real: é a reação à percepção de um perigo externo, ou seja, um dano previsto e esperado, uma atitude ligada ao reflexo de fuga. Pode ser, portanto, positiva.

2. Angústia Neurótica: é aquela que tem um caráter "flutuante", pois não se liga a nenhuma realidade concreta. A pessoa espera atentamente o aparecimento de qualquer situação que possa justificar tal angústia.

Como consequência, a angústia deixa de ser um sinal adaptativo, um modo de reação (como a angústia real) e se transforma em algo patológico, que seria uma "angústia derivada", cuja origem estaria em impulsos sexuais reprimidos.

O papel da psicanálise seria trazer o conteúdo reprimido no inconsciente de volta ao consciente, fazendo com que a pessoa descubra por si mesma e assuma sem traumas, o que esse estado oculta, desenvolvendo, para isso, mecanismos normais de adaptação.

Toni Ayres

25 dezembro, 2008

MENSAGEM DE NATAL

nataldejesus Hoje é Dia de Natal, uma data ansiosamente aguardada por milhões de crianças e adultos do mundo todo. Ontem, algumas páginas do noticiário mostraram que, surpreendentemente, até alguns países mulçulmanos comemoram, à sua maneira, o Natal.

Mas a idéia que muitos têm do Natal, infelizmente, não passa do peru assado sobre a mesa, das frutas secas que acompanham as nozes, de uma árvore de plástico enfeitada com luzinhas que piscam, das bebidas e da troca de presentes.

São poucas as famílias que se lembram de dar graças pela Ceia de Natal. E ainda menor o número daquelas que se lembram de que Natal simboliza o nascimento de uma criança.

Não uma criança que nasceu numa maternidade, com berçário, enfermeiras prestativas, apartamento privativo com ar condicionado para a mamãe, que irá crescer numa casa com carpetes, lustres e cortinas.

Mas um nenenzinho que nasceu numa manjedoura (um cocho tosco para os animais comerem), numa estrebaria (um curral), envolvida em simples paninhos que mal passavam de trapos; que iria crescer num lar humilde e despojado de um carpinteiro e sua esposa.

Mas esse bebezinho, cujo nascimento hoje lembramos, embora tivesse dito que "as raposas têm os seus covis e as aves do céu têm os seus ninhos" e ele mesmo, o FILHO DO HOMEM, não tinha onde reclinar a cabeça; mudou toda a HISTÓRIA DA HUMANIDADE e deu aos homens, mulheres e crianças do mundo inteiro, a promessa de vida eterna, desde que creiam em Seu nome!

Se você que lê este post, ainda não teve um encontro especial com Ele, faça neste Natal de seu coração, uma manjedoura.

Permita que Jesus nasça dentro dele!

Toni Ayres

22 dezembro, 2008

LIVROS DE TONY AYRES

Em razão de algumas pessoas terem se interessado na compra de meus livros, tomei a liberdade de colocá-los aqui, com os respectivos links das editoras, a fim de facilitar sua aquisição pela Internet.



Reflexos da Globalização sobre a Igreja


Toni Ayres


Secularização, materialismo, exclusivismo, misticismo, permissividade são algumas das muitas características disseminadas pelos formadores de opinião e que, sutilmente, são incorporadas pela sociedade.


Esta obra é indispensável para a compreensão deste período histórico de transição e de suas implicações abordadas à luz da Palavra de Deus.


72 páginas / Formato: 14 x 21cm ISBN 85-263-0226-4


de: R$ 18,40 por: R$ 15,64


Comprar este produto. Clique no link:


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Editora: Vozes




Prática Pedagógica Competente - Ampliando os Saberes do Professor


Autor(es): Toni Ayres



144 páginas

Peso: 180 gramas

4ª edição (2008)

Assunto:
Educação e pedagogia



Preço: R$ 21,80




O livro ajuda o professor a melhorar ainda mais o seu desempenho em sala de aula de forma simples: sendo mais específico, utilizando técnicas projetivas, empregando os métodos de raciocínio, despertando e mantendo a atenção dos alunos, lidando com a indisciplina etc. Para comprar, clique no link:



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20 dezembro, 2008

KIRK DOUGLAS, O BLOGUEIRO MAIS VELHO DA WEB - UM BOM EXEMPLO DE ENVELHECIMENTO SADIO

6a00d83451bdba69e200e5506852188833-800wi Causou espanto a divulgação esta semanana, na Internet, a notícia de que o veterano ator americano Kirk Douglas, pai do também astro de Hollywood, Michael Douglas, é, oficialmente, o mais velho blogueiro da rede social My Space, aos 92 anos de idade.

Kirk, que protagonizou grandes clássicos do cinema, tais como "20 Mil Léguas Submarinas" e "Spartacus" posta desde março do ano passado e possui cerca de 4400 amigos, com os quais interage de forma bastante afetuosa.

Considerando-se a verdade amplamente comprovada pela psicanálise, de que "a vida trata a gente como a gente trata a vida" e que também, os que mais têm medo de morrer são aqueles que têm medo de viver, proponho que façamos uma breve reflexão, a propósito do exemplo do ator e que se resume na pergunta:

De que forma temos vivido nossa vida?

Comecemos por uma metáfora. Pense numa grande e antiga árvore. Se ela for serrada em seu tronco; um lenhador experiente poderá, ao observar os anéis da face serrada, "recontar" a história da árvore.

As feridas e cicatrizes que ele encontrar em cada anel irão lhe dizer se ela padeceu com longos períodos de seca, se ela sofreu algum ferimento por facão, se ela foi agredida por machadadas ou até mesmo se ela passou por confortáveis épocas de abundância de chuva.

Esse "recorte" da árvore de nosso exemplo simboliza um "recorte" em nossa própria existência. Daí a razão da pergunta logo acima.

Se você estiver vivendo a sua vida de uma forma compensadora, gratificante e feliz, provavelmente sua velhice será assim.

Mas, se estiver se estressando, dando muita atenção ao que os outros pensam de você, valorizando as coisas erradas e reclamando à maior dificuldade, os prognósticos para a sua velhice, infelizmente não serão bons.

Pense nisso e, o quanto puder, viva a vida abundante, preconizada por Jesus. Se fizer assim, provavelmente estará incluso entre os felizes (bem aventurados) "que na velhice ainda darão frutos".

Toni Ayres

OBSERVAÇÕES:

Na foto, Kirk Douglas com Brigitte Bardot em Cannes, 1953.

Visite o blog de Kirk Douglas, clicando no link a seguir:

http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendid=171170276


16 dezembro, 2008

MADONNA E ROLLING STONES, CONVÉM ASSISTI-LOS?

250px-Madonna_3_by_David_Shankbone-2 No momento em que escrevo este post, a cidadã norte-americana Madonna Louise Veronica Ciccone, mais conhecida como a pop-star Madonna, nascida no dia 16 de agosto de 1958, na cidade de Bay City, estado de Michigan, apresenta seu show no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Achei o instante propício para uma reflexão sobre a nossa atitude, enquanto cristãos e a visão de mundo que desenvolvemos.

Há cristãos que imaginam que a música e as artes em geral devem sempre estar associadas à pregação, ao evangelismo ou qualquer outro objetivo, desde que este seja espiritual.

Aliás, é o nosso costume espiritualizar tudo, principalmente os talentos de um novo convertido de forma a dicotomizarmos tudo na fórmula: sagrado versus secular.

Se um novo convertido tem o dom da música, ele deve tornar-se um músico evangélico; se ele tem talento para a pintura, será encarregado da elaboração do quadro de avisos da igreja ou da nova decoração do batistério.

Essa visão de mundo infantilizada tem produzido uma cisão, não mais entre o sagrado e o profano; mas entre o evangélico e o mundano, a tal ponto que, se Jesus voltasse à terra hoje, dificilmente seria recebido como membro em alguma denominação, visto que convivia com os "pecadores" e condenava os "religiosos de sua época.

A nossa ótica sobre essa questão chega a ser tão limitada que, apenas para dar um exemplo, este blog não seria lido por muitas pessoas se em seu título não constasse a palavra "cristão", ao lado da palavra "psicoterapeuta".

Evidentemente, não irei responder à pergunta se devemos ou podemos assistir aos shows de Madonna ou dos Rolling Stones. Não porque não tenha opinião formada a respeito e sim porque pretendo levar a sério a afirmação do apóstolo Paulo: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convêm".

O que posso afirmar é que não há nada de não-espiritual em apreciar um concerto secular por simples prazer. Mas devemos ser rigorosamente criteriosos em relação à música sacra.

Por que razão?

Porque ela foi feita para adorar a Deus!

Infelizmente, porém, a maior parte de nós ainda se preocupa mais com as palavras rasteiras que às vezes aparecem nas músicas de Madonna ou dos Rolling Stones do que com a falta de reverência no culto a Deus.

Creio que devemos estar atentos a essa questão. Honestamente falando, às vezes é melhor preocuparmo-nos mais com as letras das músicas de determinados compositores e cantores gospel do que com as músicas de Adriana Calcanhoto e de Ana Carolina, por exemplo.

Toni Ayres

13 dezembro, 2008

IMPOTÊNCIA MASCULINA TEM CURA?

disfuncao_eretil Com este tema, pretendo começar a abordar, neste blog, assuntos sobre os quais freqüentemente sou questionado e que, por se constituírem a realidade de muitas pessoas (inclusive evangélicas), não são anti-cristãos nem tampouco tabus.

A impotência masculina pode ocorrer em qualquer indivíduo, em qualquer época da vida. Dificilmente se encontrará um homem que não a tenha vivenciado, pelo menos em uma ocasião.

Pesquisas recentes, no entanto, demonstraram que cerca de um em cada cinco homens acima de 40 anos apresenta algum grau de impotência (disfunção erétil). É preciso, antes de mais nada, abandonar a idéia de que esse fato constitui uma doença, embora, em alguns raros casos, isso possa acontecer.

O CÍRCULO VICIOSO

Geralmente, o mais comum é ocorrer o seguinte:

Um homem saudável, com um relacionamento normal, em função de problemas e estresse vividos num dia de trabalho assoberbado, por exemplo; inexplicavelmente (segundo ele pensa) "falha", ao tentar, à noite, ter uma relação sexual com a esposa.

Se ele não for maduro o suficiente para compreender que as preocupações e o estresse foram a causa desse incidente, assumirá uma conduta de temor compulsivo de "falhar outras vezes".

Essa "fobia" diante da perspectiva de um mau desempenho instala nele um grande grau de ansiedade. A ansiedade, por sua vez, prejudica o mecanismo da ereção, o que gera mais ansiedade.

A situação pode chegar a tal ponto que assume um caráter crônico-compulsivo e, neste caso, a ereção fica realmente bloqueada, causando no indivíduo afetado, um profundo desconforto e uma dolorosa angústia.

O QUE A ESPOSA PODE FAZER?

Muito! Primeiramente, evitar toda e qualquer situação de cobrança. Em seguida, agir sabiamente, demonstrando compreensão, não super-valorizando o incidente e, carinhosamente demonstrar uma atitude de aconchego e de cumplicidade.

Não é preciso agir como uma "consoladora". Basta demonstrar compreensão e curtir toques e carícias, descobrindo zonas erógenas no corpo do parceiro (e vice-versa). Isso leva o casal a entender que o sexo, afinal, não se resume apenas na genitalidade.

Esse modo de agir do casal costuma realmente resolver o problema e tudo volta à normalidade.

Se, contudo, a dificuldade persistir, um urologista deve ser consultado, a fim de descartar uma pouco provável, porém não impossível, razão orgânica para a disfunção.

Um psicoterapia breve poderá ser recomendada e, como todos sabem, até mesmo a prescrição de modernos medicamentos que estão disponíveis em todas as farmácias.

Ninguém, nos dias de hoje, precisa sofrer com o problema de impotência masculina.

Toni Ayres

*Observação: tratamos, neste post, o assunto como IMPOTÊNCIA MASCULINA simplesmente porque impotência feminina também existe. No entanto, nas mulheres a impotência é orgástica (dificuldade ou impossibilidade de atingir o orgasmo).

11 dezembro, 2008

MENTIRA, UM TERRÍVEL MECANISMO DE DEFESA

www.poeta_gotico.kit.net_-_img02 Um psicoterapeuta tem muita facilidade de reconhecer quando está diante de um mecanismo de defesa de seu paciente. Os mecanismos de defesa foram definidos com muita clareza no livro: O ego e os mecanismos de defesa, de autoria de Anna Freud, filha de Sigmund Freud.

Entre os mais conhecidos, encontram-se: a regressão, a negação, a racionalização, a fixação e a sublimação.

MAS, O QUE VEM A SER UM MECANISMO DE DEFESA, AFINAL?

Grosso modo, um mecanismo de defesa é um "recurso" ou "um álibi" que, de maneira inconsciente, o paciente apresenta, frequentemente de modo extremamente assertivo, quando o terapeuta chega muito próximo, do "núcleo de sua neurose", uma vez que a neurose (o conflito entre um desejo e uma censura) trabalha contra a cura do indivíduo.

No entanto, na vida real, alguns indivíduos utilizam-se de pseudos "mecanismos de defesa", dentre os quais destacamos, por ser o objetivo deste post, a mentira.

MENTIRA, UM TERRÍVEL "MECANISMO DE DEFESA"

Conheço ( e você também deve conhecer!) um batalhão de pessoas estropiadas por completo na vida, porque, infelizmente, foram impiedosamente enganadas por outras em quem sempre acreditaram leais, e a quem devotavam a mais pura e cega confiança, o mais belo, cuidadoso e devotado amor.
Mas...foram apunhaladas pelas costas.

Pessoas que ferem, sem piedade, como foi dito, e pisoteiam o coração de outras, que as amam, tratando-as como tijolos ou pedras; e não como seres humanos que possuem alma, coração e sentimentos, estão mais perto da animalidade irracional do que da humanidade concedida pelo Criador.

Por isso, o seu "mecanismo de defesa" não merece eufemismos, não.

São, para vergonha delas, hipocrisia e falta de caráter, sim - um câncer que invade e toma conta da alma de seres humanos mesquinhos e rasteiros, movidos pela única força que conhecem: a nojenta força do egoísmo.

Que Deus nos proteja de tais pessoas! E que tenhamos a capacidade de discernimento para reconhecê-las e afastar-mo-nos delas!

Toni Ayres

08 dezembro, 2008

MIRIAM SOBRAL DA RÁDIO RECORD AM 1000 ENTREVISTA O PSICANALISTA TONY AYRES

A apresentadora Miriam Sobral, que faz o quadro PAPO DE MULHER, dentro do programa Mulher Nota Mil, na Rádio Recor FM 1000 de São Paulo, entrevistou, juntamente com Lilian Lóy, no dia 27 de novembro de 2008, o psicanalista Tony Ayres, autor deste blog.

Aliás, o que motivou a entrevista foi o post aqui publicado Mulheres Presas ao Passado, que esclarece aquilo que Tony Ayres designa o que, para ele, configura a Síndrome da Mulher de Ló.

Clique e assita aos vídeos da entrevista.

02 dezembro, 2008

POR QUE MEU FILHO É PROBLEMÁTICO?

theOC Um dos problemas mais comuns nos consultórios de psicologia é aquele configurado por filhos que aqui chamaremos de problemáticos.

Tais filhos tanto podem ser crianças, quanto adolescentes ou jovens e os problemas que apresentam variam desde a timidez até muitos outros de diferentes matizes, tais como: indisciplina, desobediência, insubmissão, revolta, fracassos escolares e até a utilização de drogas.

A pergunta que os pais trazem para o terapeuta geralmente é:Por que meu filho é assim?

A resposta pode variar, dependendo do caso, mas geralmente é esta: Porque a sua família é disfuncional.

Em outras palavras, o que não está funcionando direito é a família como um todo, sendo que os conflitos maiores são as discussões e incoerências entre os pais, ou mesmo a ausência deles.

Segundo Rivière (1986), temos aí uma "doença familiar" onde o filho problemático é apenas o "bode expiatório", ou, esclarecendo melhor, o "porta-voz" dos problemas de toda a família.

A coisa funciona como num banco. Temos as figuras do depositante, do depositado e do depositário.

O depositante, na verdade, são os depositantes, representados pelos membros da família que depositam os seus próprios problemas (o material depositado).

O depositário é ninguém menos que o filho problemático, que recebeu os maus depósitos de todo o resto da família, e por ser o mais fragilizado, psicologicamente falando, "assumiu" as "depositações".

Conclui-se, então, que "filhos e filhas problemáticos" geralmente são apenas o "sintoma" de uma família doente.

Quem precisa ser tratado, portanto, não é apenas ele, mas a família como um todo.

Toni Ayres

29 novembro, 2008

CÔNJUGES CRISTÃOS QUE APESAR DE SE AMAREM, BRIGAM. PODE ISSO?

discutindo-relacao-170308 Evidentemente, haverá, apesar de minha simplicidade à essa resposta, quem fique pasmo. E ela é: Pode! Sim, pessoas que se amam profundamente e são plenamente côncias de sua fé em Deus também brigam!

"Como assim?" - diria aquele que é mais apegado à letra do que ao Espírito, que vivifica a letra - "não pode brigar um casal nascido de novo em Cristo!"

Eu diria: "Mera ilusão". Não só os casais evangélicos brigam e se ferem, magoando-se mutuamente, como também os pastores e reverendos brigam com suas esposas e , não raro, ficam semanas sem falarem com elas!

Afinal, reverendos e pastores não são anjos e, tanto eles, como cada um de nós, cristãos; apesar de termos a experiência de uma nova vida em Cristo, continuamos a sermos humanos e ainda (como já escrevi aqui em outro post) trazemos em nós a velha natureza adâmica.

Portanto, seria legalista demais exigir que homens e mulheres, por mais santos que sejam, passassem da categoria humana para a categoria angelical; e não tivessem discórdias, às vezes, entre si.

A vida conjugal também tem as suas pressões que, aliás, não são pequenas, principalmente quando vêem os filhos e as despesas aumentam.

Casais cristãos também se estressam e se decepcionam. Dizem coisas erradas, nos momentos errados e tudo isso faz parte do aprendizado e da vida em comum.

O importante é que haja sempre a disposição em perdoar e que o perdão seja sincero.

Não estou sancionando aqui (quem seria eu para tal?) o desenvolvimento de uma personalidade belicosa nem defendendo as discussões frequentes. "No que depender de vós, tende paz uns com os outros", ensinou-nos o apóstolo Paulo.

Portanto, sejamos honestos também nessa questão. Jesus sempre combateu, sem titubear, a hipocrisia. Se queremos ter em nós o caráter Dele, devemos refletir seriamente sobre o que aqui foi dito.

Toni Ayres

24 novembro, 2008

ESPOSAS SOLITÁRIAS DE MARIDOS VICIADOS EM PORNOGRAFIA

Tenho ficado impressionado pelo número cada vez maior de mulheres que se queixa de solidão, entendida aqui como solidão sexual, em virtude de seu maridos serem viciados na pornografia da Internet.

E o que causa um impacto ainda maior é saber que muitos desses maridos são cristão evangélicos, bons pais de família e profissionalmente realizados.

Num país como o Brasil, sabe-se que 95% dos homens apreciam revistas de mulheres nuas e entram em contato com algum tipo de pornografia.

Uma parte desse contingente (e aqui, o assunto não diz respeito apenas ao universo masculino, mas inclui as mulheres também) justifica a utilização dessa pornografia como uma espécie de "preliminar" para incrementar seu relacionamento sexual com o cônjuge.

No entanto, com o passar do tempo, muitos deles viciam-se nos sites e filmes pornográficos e começam a negligenciar a esposa, preferindo satisfazer suas pulsões mediante a prática da masturbação.

É óbvio que tais indivíduos estão, imaturamente, "compensando" suas frustrações; ou por não se sentirem mais atraídos pelo corpo de suas esposas (que obviamente não podem competir com atrizes pornográficas); ou, por não as amarem mais mesmo e não terem a coragem de assumir isso.

POR QUE PORNOGRAFIA E MASTURBAÇÃO CONSTITUEM IMATURIDADE?

Porque quando um homem de fato ama sua mulher, ele a deseja. Ela lhe basta e lhe satisfaz sexualmente. O sexo que ele faz com ela é prazeroso, tendo ela um corpinho de "miss" ou estrias e celulite.

Seu amor não está condicionado apenas à estética, mas vai muito mais além, incluindo amizade, companheirismo e cuidado pela satisfação de suas necessidades.

Quando isso não ocorre e há a necessidade compulsiva de de fantasias, masturbação e pornografia, esse homem é imaturo, encontra-se sexualmente regredido e, embora possa ser maduro nos negócios ou nas decisões de trabalho; sexualmente, parte de seu seu caráter está ainda infantilizada.

QUAL É A SAÍDA, ENTÃO?

Sem dúvida, em primeiro lugar, uma conversa franca e honesta entre os parceiros,
na qual, sem hipocrisias e sem ofensas tudo deve ser dito: as frustrações confessadas, os descontentamento esclarecidos, os gostos e preferências compartilhados e as fraquezas trazidas à luz. Isso, em geral, costuma surtir efeito.

Caso o problema persista, o passo seguinte seria obter a ajuda de um conselheiro idôneo e competente ou mesmo a procura por uma psicoterapia de casal que, em muito casos, é realmente a solução ideal para reconduzir as coisas aos trilhos.

Finalmente, se ficar evidente que a causa do problema é o amor que se acabou; por mais contundente que isso possa parecer, a solução seria mesmo a separação formal, pois a infidelidade maior, em tal circunstância, seria carregar sobre as próprias costas e colocar sobre as costas do outro o jugo de uma convivência estéril e sem amor.

Toni Ayres

NOVA EDIÇÃO DE LIVRO

Graças a Deus, acaba de sair, agora em Novembro de 2008, a 4ª edição de meu livro Prática Pedagógica Competente, publicado pela editora Vozes, Petrópolis, RJ.

O livro, lançado em dezembro de 2004, teve sua 2ª edição em 2006 e 3ª edição também em 2008 (início do ano).

Alegro-me po
r ver que o livro é vendido também em Portugal. Mas, tenho observado nos sites de livrarias daquele país, que lá chamam-me António Tadeu Ayres, enquanto aqui no Brasil, sou Antônio Tadeu Ayres.


António ou Antônio, o importante é que o livro, ao que parece, tem encontrado leitores que me prestigiam, tanto aqui como lá.

A eles, toda
a minha gratidão.


Toni Ayres

22 novembro, 2008

A CAPITU CONSCIENTE DE UM MACHADO DE ASSIS INCONSCIENTE

Desde que o livro Dom Casmurro, de Machado de Assis, foi lançado, no ano de 1900 e até os dias atuais, persiste a grande pergunta que tem mobilizado literatos de todas as gerações desde então: Seria Capitu culpada ou inocente pela acusação de adultério, que lhe é impingida pelo seu marido e narrador do livro, Bentinho, o Casmurro que dá título à obra.

A grande curiosidade que os estudiosos têm, além dessa (da culpa ou inocência de Capitu) é a de saber se Machado teve a intenção deliberada de deixar o leitor nessa dúvida, que realmente parece uma sinuca de bico, não apenas para aqueles de fala portuguesa, como também para os demais, visto que a obra se tornou mundialmente conhecida, exatamente por essa questão.

Em minha modesta condição de psicanalista ( e não de literato, portanto), ocorre-me aqui deixar registrado a declaração que Freud fez, em uma de suas conferências, realizada em 1914: a de que uma das grandes feridas narcísicas da humanidade é a de tomar conhecimento de que a razão humana não é norteada pelo consciente, e sim pelo inconsciente.

Em outras palavras: desde o advento da psicanálise, sabe-se que o que guia, o que dirige, o que é decisivo para as deliberações que o homem faz na vida, embora lhe pareça planejado e calculado, possui, na verdade, motivações inconscientes.

Isto posto, após uma cuidadosa releitura de Dom Casmurro, a mim me parece que Machado de Assis, por tudo aquilo que faz transparecer nas linhas e nas entrelinhas do livro, teve a intenção “consciente” de colocar Capitu no banco dos réus.

Para mim, sempre foi a intenção do autor mostrar a traição da personagem. Mas, como tudo em sua obra foge aos padrões e lugares comuns, Machado construiu de forma espantosamente criativa todo o enredo do romance. A dúvida que restou, desde então, a meu ver, sempre foi por conta dos leitores, e não do autor.

Acontece que, conforme dissemos acima, de acordo com a psicanálise o homem apenas tem a ilusão de que faz as coisas conscientemente. Suas reais motivações, no entanto, estão no inconsciente.

Portanto, a despeito de toda a sua genialidade, nem mesmo Machado de Assis fugiu à essa regra. Ele, obviamente, pensou que planejou conscientemente o romance. Mas, como em todos os mortais, suas motivações, ao escrever Dom Casmurro, foram inconscientes.

Assim sendo, mesmo que não quisesse, Machado transferiu para o personagem Bentinho, muito de suas dúvidas, temores, ambiguidades e incoerências. O que, na verdadade nos permite ficar sabendo que, mesmo aquilo que o escritor Machado de Assis não diria em hipótese alguma, acaba dizendo pela boca (ou pena) de Bentinho.

Ora, excusado seria dizer que essas mesmas dúvidas, temores, ambiguidades e incoerências também estão presentes no imaginário de todos nós, leitores de sua obra. O que faz-nos concluir que a “consciência” inconsciente de Machado, ao planejar e escrever o livro, desperta em cada um de nós a dúvida in-consciente sobre Capitu ser ou não culpada.

Finalizando este pequeno artigo a mais sobre uma polêmica secular, resta dizer, para não fugir aos propósito de tudo aquilo que escrevo neste site: Que pena que Bentinho não tenha tido a grandeza necessária para perdoar Capitu.

Teríamos tido um livro talvez menos polêmico e muito menos famoso. Mas um livro cuja leitura o leitor terminaria edificado. Um livro em que os personagens principais não acabariam vivendo tânatos - pulsão de morte; e sim eros - pulsão de vida.

Tenho visto casamentos em que a traição de um dos cônjuges quebrou mesmo para sempre a taça de cristal. Mas também tenho visto outros, onde ocorrem o arrependimento de um e o perdão de outro.

Nestes, além da taça se cristal ser reconstruída de uma forma muito mais bonita, o vinho que se serve nela é de qualidade muito superior.


Toni Ayres

20 novembro, 2008

A CRISE DOS 40 ANOS

Este artigo é, ao mesmo tempo, uma constatação e um alerta.

Quem de nós já não se surpreendeu
, ao tomar conhecimento de que um casal bem afinado, sempre alegre e jovial, de repente se separa, lá pela casa dos 40 anos de idade, às vezes, aparentemente, sem qualquer motivo que justifique atitude tão radical?


Infelizmente, a nossa cultura
não criou nenhuma escola que prepare o ser humano para a segunda metade da vida, assim como criou as que o preparam para a primeira.


É, na realidade, de improviso, que o homem e a mulher se dão conta de que já são "quarentões" e de que é impossível viver a tarde da existência (maturidade) de acordo com os mesmos programas que viveram a manhã (juventude).

É nessa fase (normalmente entre os 40 e 45 anos de idade)
que o homem e a mulher fazem um balanço da própria vida e nesse balanço chegam à conclusão de que, apesar das numerosas conquistas familiares, sociais e profissionais; muito daquilo que poderiam ter vivido, permanece irrealizado. Isso faz parte da experiência humana e atinge pessoas de todos os tipos de formação.


Ocorrem, então, verdadeiros terremotos interiores:
depressões, incertezas, medo do futuro, insatisfação com o presente, vontade de mudança, falta de perspectiva, terror da velhice, desejo inconsciente de retorno à juventude; o que leva o indivíduo a vivenciar, em muitos casos, aquilo que chamamos de "segunda adolescência". Aqui, começa a advertência a que nos referimos, no princípio.


Nesse período é que mais comumente
ocorrem as separações, mudanças bruscas de profissões, procura de um novo estilo de vida, verdadeiras guinadas de 360º! O aconselhamento ou o acompanhamento psicoterápico poderia ajudar muito, nesses momentos!


Isso por que
, apesar do tsunâmi representado pela crise dos quarenta anos, a crise passa, assim como passaram as da primeira adolescência!


Normalmente ocorre, então, uma calmaria, uma profunda
modificação da alma; o caráter infantil que se interpôs no meio do caminho da existência vai desaparecendo, o homem e a mulher vão gradualmente retornando ao seu eixo.


Equilibrados, mais amenos
, mais dóceis, mais "escolados" pela vida, estão mais maduros agora, para enfrentar os anos de maturidade por vir.


No entanto, por falta de instrução adequada
, de aconselhamento sábio (como já dissemos), muitos deixaram-se levar pela "crise dos 40 anos" e agora sofrem conseqüências, as mais diversas: sentimentos de culpa, incerteza, ambigüidade, incoerência, arrependimento, etc.


Se esse for o seu caso, nosso propósito
é animá-lo para que deixe toda negatividade de lado. Ainda que você esteja descasado(a), por ter-lhe faltado sabedoria ou discernimento, próprios da chamada "crise dos 40 anos", sua vida não está perdida e o Criador tem a maravilhosa bondade em transformar nossas experiências de erro e fracasso (desde que reconhecidos) em esplêndidas experiências de felicidade!


Abra-se para uma experiência nova
e madura num novo relacionamento.


Aproveite suas lições do passado
. Lembre-se do que a Bíblia fala: "... Eis que faço novas todas as coisas..."

Toni Ayres

11 novembro, 2008

O TRAUMA DE UM CASAMENTO TERMINADO E O MEDO DE SER FELIZ NOVAMENTE

Não é conveniente permitir que uma ferida fique aberta, incomodando, e com o risco de infeccionar, só para que a pessoa que a tem não sinta mais dor por ter de mexer nela.

Melhor é enfrentar a dor de frente, expondo a ferida ainda mais, realizando a assepsia necessária, para só então, suturá-la e permitir que haja uma cicatrização natural.

A metáfora da "ferida aberta" utilizada acima, infelizmente tem uma aplicação prática muito real na vida de muitas pessoas divorciadas que, em virtude de terem sofrido demais com o término de seu casamento, estão literalmente paralisadas de medo: medo de arriscar-se a ser feliz novamente num possível novo relacionamento.

Convém que façamos aqui um esclarecimento: esse medo mórbido sobre o qual estamos falando nada tem a ver com o processo natural de luto, que acontece em toda separação.

O divórcio é um processo doloroso e a perda da outra pessoa inicia um período de luto. Depois da morte física, propriamente dita, ele é o segundo fator mais estressante na vida do ser humano, e a experiência do luto, quase que necessariamente, faz parte dele.

Durante esse período de luto, que leva em média, entre um e dois anos para terminar, toda sorte de sentimentos negativos e contraditórios são experienciados: culpa, raiva, rancor, autodepreciação, inconformismo, desejo de vingança, indiferença forjada, instabilidade emocional, extrema irritação, falta de perspectiva, etc. Esses sentimentos, como que pintam a vida da pessoa de um cinza-chumbo tão pesado que parece que a tempestade nunca terá fim.

No entanto, decorrido os primeiros meses, ao final do primeiro ano e início do segundo, a situação já não é tão negra. Há mágoas, obviamente, mas o tempo tem o condão de suavizá-las. Se tudo der certo, o arco-íris em breve surgirá e o sol voltará a brilhar, trazendo um horizonte novo à vida da pessoa.

É quando se inicia de fato, a oportunidade de um recomeço, de um refazer a vida de uma forma mais feliz. É a chance que se abre para um novo amor, para uma nova perspectiva, para com uma nova e excitante expectativa, cheia de esperanças. Esse é o processo normal.

Mas, não é dele que estamos nos ocupando. Falamos de pessoas que, divorciadas há sete, oito, dez ou mais anos, não conseguem envolver-se emocionalmente o suficiente para apostar tudo numa nova relação. É para essas pessoas que estamos escrevendo.

Se você é uma delas, ou conhece alguém que age dessa maneira, procure refletir no que iremos dizer. Essas pessoas, como que "cristalizaram" ou "fossilizaram" suas emoções. Encontraram mil desculpas para não se envolverem emocionalmente e sofrem muito com isso!

Estão na situação do asno que morreu de fome bem no meio de dois montes de feno, por não ser capaz de decidir qual dos dois iria comer!

De um lado, desejam ardentemente, ser felizes. De outro, deixam-se boicotar pelo próprio medo e acabam fugindo da felicidade. Criam toda sorte de mecanismos de defesa, sob os quais escondem o seu temor.

Algumas se tornam extremamente exigentes: "Só se permitirão envolver-se com alguém socialmente influente; economicamente bem colocado; educacionalmente com formação acadêmica, etc, etc".

Outras chegam a ser cruéis e frias em suas avaliações: A marca, o modelo e o ano do carro do pretendente; seu(s) possível(eis) apartamento(s) de alto padrão, casa de campo, casa de praia, gordo salário e outras coisas como essas, passam a ser a meta a ser alcançada.

Psicanaliticamente falando, está claro que tais pessoas estão simplesmente dificultando as coisas, com o objetivo inconsciente de evitar o temido envolvimento, utilizando-se de expedientes que são apenas "máscaras" que escondem o medo irracional de se envolverem emocionalmente e de "correrem o risco" de serem felizes!

Apenas para lembrar uma passagem bíblica que poria por terra todas essas "pretensas" exigências descabidas, bastaria lembrar I Tm. 6.7-9: "O que foi que trouxemos para o mundo? Nada! E o que é que vamos levar do mundo? Nada! Portanto, se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso. Porém os que querem ficar ricos caem em pecado, ao serem tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se afundarem na desgraça e na destruição".

É preciso, então, que os processos de "cristalização" e de "fossilização" das emoções comecem a desfazer-se. Quem sabe a leitura deste artigo não seja uma primeira fagulha para permitir que isso aconteça?

A você, meu/minha querido (a) leitor (a) que sabe que se encontra na situação que descrevemos, e entende que, para ser feliz é preciso sair dela, lançamos-lhe um desafio: Sob a direção de Cristo, Senhor de nossas vidas, assuma com coragem, o destino de suas próprias decisões. Dê a si mesmo (a) a chance de voltar a ser feliz!

Encerrando este artigo, para a sua reflexão, deixamos o riquíssimo texto, que muito tem a ver com o que aqui tem sido abordado. Receba-o como um presente!

Arriscar é Viver

"Rir é arriscar-se a parecer louco.
Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.
Estender a mão para o outro é arriscar-se a se envolver.
Expor seus sentimentos é arriscar a expor seu eu verdadeiro.
Amar é arriscar-se a não ser amado.
Expor suas idéias e sonhos ao público é arriscar-se a perder.
Viver é arriscar-se a morrer.
Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.
Tentar é arriscar-se a falhar.
Mas...é preciso correr riscos.
Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...
Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.
Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.
Mas assim não podem aprender, sentir, crescer,
mudar, viver...Acorrentadas às suas atitudes, são escravas;
Abrem mão de sua liberdade. Só a pessoa que se arrisca é livre...
Arriscar-se é perder o pé por algum tempo?. Não arriscar é
perder a vida..."

(Soren Kierkegaard)

E, não se esqueça: ao contrário do que muitos preferem acreditar, a vida não é uma esfera indestrutível de aço. A vida é uma tênue e frágil bolha de sabão, que pode se arrebentar e sumir a qualquer momento. Convém arriscar-se a ser feliz...antes que a bolha de sabão já não exista.

Que tal pensar um pouco nisso?

Toni Ayres

A DIFERENÇA DE IDADES PODE IMPEDIR UM RELACIONAMENTO FELIZ?

Entramos, ao abordar este assunto, num tema ao mesmo tempo muito controvertido e muito atual. Até há algum tempo atrás, se uma mulher se casasse com um homem mais novo, por exemplo, isso seria algo quase que inaceitável pela sociedade, que polemizava a situação "ad nauseam".

Hoje, no entanto, principalmente depois que conhecidas apresentadoras e atrizes da TV assumiram um relacionamento com homens muito mais novos do que elas, a situação mudou radicalmente. Namorar ou até mesmo se casar com alguém bem mais jovem virou moda. (Não é à toa, que, em se tratando da capacidade de influenciar pessoas que a mídia tem, a televisão é considerada o quarto poder, ao lado do Exército, da Marinha e da Aeronáutica)!

No entanto, simplesmente criticar essa atitude, sem maiores preocupações seria, obviamente, preconceito de nossa parte. É preciso refletir sobre essa questão de uma maneira sensata, sóbria e equilibrada. Como cristãos, somos conclamados a viver uma nova vida, mas nesse "nova" não está implícito o direito de agirmos como juízes de outras pessoas. Podemos, no máximo, exprimir, sem forçar a barra, a nossa opinião.

O PENSAMENTO PAULINO

No que se refere ao casamento, o apóstolo Paulo nunca escondeu a sua opinião pessoal de que era preferível para os cristãos que permanecessem celibatários. No entanto, admitia, é claro, a união conjugal. Veja o que ele diz:

"Você tem esposa? Então não procure se separar dela. Você é solteiro? Então não procure esposa. Porém se você se casa, não comete pecado. E se a moça solteira se casa, também não comete pecado. Mas eu gostaria de livrá-los dos problemas que vocês terão na vida de casados" (I Cor. 7.27-28). "Eu quero livrá-los das preocupações. O solteiro se interessa pelas coisas do Senhor, porque quer agradá-lo" (I Cor. 7.32).

No mesmo capítulo, no verso 39, ele diz: "A mulher não está livre enquanto o seu marido vive. Caso o marido morra, ela fica livre para se casar com quem quiser. Mas, deve ser casamento cristão. Porém, ela será mais feliz se ficar como está. Esta é minha opinião, e penso que eu também tenho o Espírito de Deus".

CASAR-SE COM MENOS OU MAIS IDADE

O leitor mais atento deve ter notado que, no texto de Paulo acima, grifamos as expressões: "moça solteira" e "com quem quiser". Existe uma razão para isso. Analisando o contexto, percebe-se que, no primeiro caso, o apóstolo está se referindo a pessoas mais novas (os jovens, que, como é natural nesta época da vida, desejam casar-se e constituir família). A palavra "moça" deixa muito claro isso.

No segundo caso, quando Paulo está falando sobre o vínculo matrimonial, ensina às mulheres que este termina, com a morte do marido. E então diz que, ocorrendo essa hipótese, a mulher fica livre para casar-se "com quem quiser", desde que o casamento seja cristão.

Refletindo um pouco sobre essa expressão ("com quem quiser") claro está que, desde que o novo cônjuge seja cristão, não existe nenhuma restrição em relação à idade. Esse novo relacionamento pode, obviamente ser com uma pessoa mais nova, mais velha ou da mesma idade. Certamente que a experiência de vida e a maturidade devem ser os árbitros nessa questão. Afinal de contas, existe um ditado popular que diz que "cada um sabe onde o sapato aperta". Isso, na vida cotidiana dos seres humanos é uma verdade que não pode ser ignorada.

O MUNDO REAL QUE PRECISA SER LEVADO EM CONTA

Existem, na vida de todas as pessoas (inclusive as cristãs evangélicas), um mundo real e um mundo da fantasia. Psicanaliticamente falando, diríamos que há um "mundo consciente" e um "mundo inconsciente". Infelizmente, a maior parte dos erros cometidos pelas pessoas, ocorre, porque elas estão sendo guiadas pelo seu "mundo inconsciente". Daí, a necessidade que vimos, na escrita deste artigo.

No início dele, fizemos referência "à moda", hoje vigente na sociedade, notoriamente entre mulheres famosas da televisão, de estarem assumindo um relacionamento estável ou se casando com homens que poderiam ser seus filhos. Será que essas pessoas poderiam servir como modelos para a Igreja de Cristo, assim como estão sendo para a sociedade como um todo?

Creio que o texto de Romanos 2.2 serviria como uma resposta adequada à essa pergunta: "Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por uma completa mudança de suas mentes. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus que é boa, perfeita e agradável a ele".

O QUE NOS ENSINA A BIOLOGIA?

O estudo sistemático dos fatores biológicos, que intervêm nas diversas etapas da vida do ser humano, comprova algumas verdades que não devem ser desconsideradas.

Uma delas é que, em função da maior complexidade do organismo feminino (afinal é a mulher que foi "programada" para a gestação), ela não apenas possui uma série de órgãos que o homem não tem (útero, trompas, ovários, etc); como também, tem uma diversidade hormonal extremamente significativa. Isso a leva a passar por problemas que não afligem os homens: TPM (tensão pré-menstrual, menstruação, instabilidade emocional, maior propensão para problemas com a tireóide, etc). Isso, sem mencionar os outros que se acrescentarão, na época da menopausa.

Esses fatores, combinados com o fato de que é a mulher que carrega dentro de si por nove meses o filho, a cada nova gravidez; e que é quem realmente dá à luz a eles (isso interfere extremamente em seu metabolismo) acaba redundando num fato: geralmente os sinais da idade se apresentam mais cedo para ela! Em outras palavras (cirurgias plásticas e reposições hormonais à parte) a mulher envelhece mais cedo que os homens. É claro que existem exceções, mas geralmente as coisas acontecem assim.

Por essa razão, artigos médicos têm sugerido que, para amenizar os problemas que poderão advir dessas diferenças, seria (idealmente falando) recomendável que houvesse uma diferença entre quatro e seis anos entre o homem e a mulher. Colocando com mais clareza: o casal ideal seria aquele em que o homem seria entre 4 e 6 anos mais velho do que a mulher.

O QUE NOS ENSINA A PSICOLOGIA?

Dissemos em um outro artigo que, após a puberdade, por volta dos dezessete ou dezoito anos de idade, uma moça é muito mais madura do que um rapaz. Mas isso nem sempre é assim e, mesmo que fosse, essa não é uma situação que costuma perdurar para sempre.

Psicologicamente falando, tanto o homem quanto à mulher podem ser imaturos ou maduros, em qualquer época da vida. Julgamos que é nesse ponto que se concentra a maior importância de nossa reflexão. Por esse motivo, aconselhamos que, além de pensar bastante sobre tudo o que já dissemos até aqui, você que tenciona ou não descarta a possibilidade de envolvimento emocional com outra pessoa com grande diferença de idade, considere também os seguintes aspectos:

1.O relacionamento entre pessoas com diferenças de idade tem um grau de complexidade maior. Casais assim costumam ser vítimas de críticas, preconceitos e ironias.

2.Os riscos de uma relação desfavorável, nesse tipo de casamento, geralmente advêm de conflitos provenientes das fases diferentes da vida dos cônjuges. Desníveis educacionais, motivacionais e de idéias em geral podem levar a conflitos.

3.Nunca é demais lembrar que, quando não existe amor, as motivações para o relacionamento entre mulheres mais velhas e homens mais novos podem ser contra-indicadas, por razões, às vezes, excusas: O homem em questão pode estar à procura de facilidades financeiras e a mulher pode estar vivendo uma dificuldade em aceitar o seu processo natural de envelhecimento.

4.Embora muitos não concordem, a verdade é que é um fato comprovado pela psicanálise que o homem pode estar procurando na mulher mais velha, uma mãe; e a mulher pode estar procurando nele um filho. Isso, configuraria, a nível inconsciente, um "incesto", com implicações psicológicas inadequadas.

5.O mais novo pode estar buscando no outro uma pessoa para se relacionar que tenha mais cultura, maturidade e sabedoria. A ausência de um amor autêntico, neste caso, teria conseqüências desastrosas.

6.Seres humanos têm necessidade de afeto. Isso se traduz naquele desejo saudável de se envolver amorosamente e ser correspondido. No entanto, ao conseguir essa correspondência, outras emoções podem surgir: paixão, apego e alegria. Todavia, quando a paixão permite que se abra um espaço para a realidade, a seguinte pergunta pode ser inevitável: "como posso ser capaz de amar uma pessoa tão mais velha que eu?"

7. Ao entrar nesse tipo de relação, os envolvidos devem ter a consciência de que ela está unindo pessoas com momentos de vida diferentes. Por essa razão, é preciso avaliar todas as prioridades e estar disposto(a) a fazer concessões. Quando a diferença de idade é muito grande, sempre ocorrerá alguma perda.

CONCLUSÃO

É possível que o leitor que nos acompanhou até aqui tenha imaginado que a nossa conclusão pudesse ser diferente da que estamos apresentando. Pessoalmente, sabemos das dificuldades por que passam os cristãos (as mulheres, em especial) em encontrar um companheiro digno, para a vida.

Portanto, relembrando a expressão de Paulo, utilizada neste artigo de que as mulheres estão livres para casarem-se "com quem quiser", desde que o casamento seja de acordo com os preceitos cristãos, pensamos que esse "com quem quiser" abarca pessoas de qualquer idade, inclusive mais novas, se for o caso.

Dificuldades na relação existem sempre, com diferenças de idade ou não. Por outro lado, é certo que idade não é sinônimo de maturidade nem garante o conhecimento do sexo oposto. A solução que vislumbramos, portanto, ao se conviver com um parceiro com uma diferença grande ou pequena de idade é simplesmente admirá-lo, aceitá-lo e amá-lo por tudo o que é e representa. O resto é o resto.

Para finalizar esta reflexão, colocamos esta citação, de Guy de Maupassant: "Quando duas pessoas se amam, nada é mais imperativo e delicioso para elas do que dar; dar sempre e tudo: os próprios pensamentos, a própria vida, o próprio corpo e tudo o que se tem; e sentir a doação e arriscar tudo a fim de ser capaz de dar mais, ainda mais"

Nunca se esqueça, contudo, de que não escrevemos este artigo meramente por escrever. Se você o leu com cuidado, terá percebido que ele pode ser revelador. Portanto, tenha sempre em vista que, nesta questão da idade, como em qualquer outra na vida, equilíbrio, sensatez e sobriedade não farão falta a ninguém.

Toni Ayres