26 março, 2010

CASO ISABELLA: E SE ELES FOREM INOCENTES?

"E se eles forem inocentes?" - essa é a pergunta através da qual o escritor Marcelo Carneiro da Cunha inicia seu artigo no "Terra Magazine, edição de hoje(http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4341027-EI8423,00-E+se+eles+forem+inocentes.html).

Nesse artigo, conforme você pode conferir, o colunista mostra o "circo" montado em frente ao forum de Santana (bairro da Zona Norte de São Paulo) onde ocorre o julgamento; em que não faltam repórteres à cata de quaisquer novidades, tolos com placa ISABELLANARDONIde protestos e até um pastor evangélico, expulso (provavelmente por querer converter vidas, "com seu coração piedoso") pelo inoportunismo de sua intervenção.

O escritor contrasta a "comédia" desse circo que se formou do lado de fora do forum, com o drama que se desenrola em seu interior, duríssimo pela sua realidade; e nefasto pelo número de vidas que, de qualquer maneira, serão afetadas pela decisão de um juri. 

E nada disso poderá trazer de volta, a doce e meiga menininha Isabella, a grande vítima desta tragédia.

No dia de ontem (25.02.2010), os noticiários de TV e as notícias de jornais chamaram a atenção para a atuação dos curiosos do lado de fora da "arena de julgamento", que chegaram a subir nas paredes e a correr atrás do veículo penitenciário, aos gritos de "justiça" e "assassinos".

Sem entrar no mérito da questão sobre a culpabilidade ou não dos réus; esses fatos fizeram-me lembrar da "mulher adúltera", atirada diante de Jesus para que Ele a julgasse e para saber qual seria o seu veredicto, perante a Lei de Moisés.

Tal qual no forum de Santana, ali, diante de Jesus e de uma mulher extremamente humilhada, estava também armado "um circo", que a multidão queria ver "pegar fogo".

No momento mais crítico, de maior dramaticidade e expectativa, eis que, serenamente, o Juiz ergue os olhos para a turba e diz: "aquele de vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra" (para matar a mulher).

A CULPA ESTÁ NA INTERIORIDADE DO SER HUMANO

A resposta de Jesus a todos pegou no contrapé, uma vez que Ele direcionou a acusação feita por aqueles homens para a interioridade de cada um deles; uma situação que, definitivamente, eles não podiam esperar e, por serem legalistas, muito menos suportar.

Naquele momento, Jesus os confrontou, não mais com a acusação que faziam à mulher; mas com a acusação que suas próprias consciências faziam contra si mesmos. E, como sabemos, nenhum deles considerou-se inocente.

Veja outra ocasião em que Jesus mostra que todos nós somos culpados: "

"E aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém? Não, vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis" ( Lc. 13. 4-5).

QUAL É A LIÇÃO QUE TEMOS NESSA PASSAGEM?

Muitos têm a tendência de julgar, ao ouvir ou saber de qualquer catástrofe, que aquele ou aqueles que dela foram vítimas eram, de alguma forma, "culpados". Logo, racionalizam, a catástrofe foi "o castigo divino" para os tais.

Jesus mostra, então, com clareza, que a culpabilidade, como no caso da mulher adúltera, está no interior de cada um de nós.

VOLTANDO AO COMEÇO

Retornando ao início desta postagem, desejamos destacar que o colunista do Terra, Marcelo Carneiro da Cunha, ao se referir ao casal Nardoni, afirma: "...se forem inocentes, esses dois acusados são hoje as pessoas mais injustiçadas desse país".

Pessoalmente, ainda sem entrar no mérito da culpabilidade ou não do casal, em relação a esse bárbaro crime, lembraria o fato de que, assim como os "acusadores" da mulher, nos tempos de Jesus, e assim como os manifestantes do forum de Santana, todos somos culpados de muitas coisas.

E para concluir, digo: muitos de nós que, talvez acusemos os réus do caso Isabella, talvez tenhamos culpas em nossas consciências também.

Quantos de nós, talvez, já não "matamos" emocionalmente nossos filhos, esposas e netos? Quantos, talvez, já não "assassinamos" psicológicamente nossos colegas de trabalho, amigos e companheiros de de ministério?

Talvez, a advertência de Jesus ainda encontre eco na nossas consciências:

"Aquele que dentre vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra..."

Tony Ayres

21 março, 2010

A INFÂNCIA, O PROTÓTIPO DE TODA UMA VIDA

tom-cruise-like-father-like-son Poucas coisas se revelam tão verdadeiras como o conhecido ditado que diz: "O menino é o protótipo do homem". Essa é uma verdade incontestável na história da humanidade como um todo, como também o é na história de cada um e único indivíduo.

Freud descobriu e provou isso através das etapas que constituem a  a longa fase do desenvolvimento psicossexual do ser humano, durante as quais, qualquer erro ou deslize pode ter implicações por toda a existência.

Mas, milênios antes de Freud, o grande sábio Salomão já havia ensinado: "Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele" (Prov. 22.6). A  Psicanálise veio corroborar a veracidade dessas palavras, de uma maneira irrefutável.

ALGUNS EXEMPLOS

Quando você encontrar uma pessoa bondosa, sensata, justa e equilibrada, dê uma olhada em seus pais. Imediatamente você compreenderá o porquê desse modo de ser: os pais serviram como modelo positivo e nutritivo para os filhos.

Faça a mesma coisa com outra pessoa. Alguém que seja irresponsável, pouco dado ao trabalho, briguento, insatisfeito, crítico, etc. Procure olhar para sua família de origem, Se ela existiu, provavelmente foi o nascedouro de comportamentos tão desairosos.

A única coisa que NÃO podemos fazer, nesses casos, é generalizar. Isso porque exceções sempre existiram e sempre existirão. Mas, como o próprio nome diz, são exceções. A regra é a de que a qualidade da família de origem, das figuras parentais ou de seus substitutos sãom determinantes para a formação da personalidade do indivíduo.

UMA METÁFORA MUSICAL

Façamos uma analogia do que dissemos acima com as músicas clássicas do século XVIII. Naquela época, os compositores utilizavam uma forma musical chamada sonata. Os primeiros movimentos das sinfonias de Mozart e Beethoven são exemplos de sonatas.

Na sonata, todos os temas do movimento aparecem no início, no começo. Em todo o restante do movimento, o compositor desenvolve e amplia esses temas, criando variações sobre cada um deles e recapitulando-os. Esse é um poderoso esquema que, talvez explique a razão pela qual a música daquele período provavelmente sempre será tocada.

Pois bem, podemos supor que a vida de cada um de nós é como uma sonata. Todos os temas dos nossos relacionamentos e da qualidade deles aparecem no começo (na infância).

A nossa vida adulta (toda a nossa vida) consistirá nas variações, evoluções e recapitulações desses temas.

E DAÍ, O QUE FAÇO COM ESSA INFORMAÇÃO?

Em primeiro lugar, lembre-se de que, se você está satisfeito(a) com a pessoa que é, seus pais têm grande responsabilidade nisso e, portanto, você também tem grande responsabilidade no que seu filho ou sua filha será! E agradeça a Deus por isso.

Lembre-se de que sua influência sobre seus filhos farão deles as pessoas que serão. Portanto, se seu filho ou sua filha escolher para companheiro de casamento alguém que que seja um drogado ou um alcoólatra; ou uma pessoa decente e de bem, você foi determinante nessa escolha.

Em segundo e último lugar, se você, pessoalmente, foi a vítima de uma educação pouco saudável ou cresceu numa família disfuncional, lembre-se de que destino não existe.

Você pode mudar o curso de sua vida, dependendo de Deus e assumindo o compromisso por mudar a si mesmo, tomando nas mãos a responsabilidade pela construção de sua própria história.

Tony Ayres

 

10 março, 2010

O Verdadeiro Remédio Para a Culpa

BÍBLIA ABERTA Aquilo que a a maioria das pessoas conhecem como "consciência", a psicanálise chama de "superego". Quando, por alguma razão, sentimos a "consciência pesada", a psicanálise chama esse sentir de "culpa moral".

Há, no mundo, milhões de pessoas sentindo o peso da "culpa moral". Uma boa parte delas opta por fazer psicoterapia por meses; às vezes, anos a fio, para, de alguma forma, fortalecer o "ego" a fim de enfrentar a "culpa moral" do "superego", gastando muito dinheiro com isso.

No entanto, existe uma maneira muito mais eficaz de acabar com a "culpa moral". Basta apenas reconhecê-la e chamá-la pelo verdadeiro nome: pecado.

E, então, se conhecermos a Luz do Mundo, fazermos o que nos ensinou João:

"Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado" (1 Jo.1.7).

É uma forma simples, verdadeira e eficaz para livrarmo-nos da culpa e termos verdadeira paz com Deus.

Tony Ayres

07 março, 2010

O Melhor Presente de Casamento

                                                                                   Um conto de: Tony Ayres

 

 

 

LasBodasDeCana Os raios prateados do luar invadem displicentemente a janela de um tosco, mas cuidadosamente arrumado quarto de uma casa simples construída em pedras, iguais a tantas outras da pequena cidade de Caná.


O vento fresco vindo do mar da Galiléia ameniza o calor do dia, que castiga e torna a tez trigueira nas mulheres e a pele mais dura e avermelhada nos homens.


É justamente um desses homens, ainda muito jovem na idade e já experimentado nos labores da vida que, dentro do quarto, contempla os raios do luar, que teimam em seduzir seus olhos, enquanto seu coração vagueia e seu espírito devaneia de maneira quase que irresistível.

A noite tem o condão de trazer consigo sonhos, que, nesta época da vida, além de serem belos, ainda que não isentos de preocupações, são vivenciados mais acordados do que dormindo.

A voz do coração sempre é mais forte do que a da razão, mormente quando o coração ama e uma preocupação teima em turvar o ânimo daquele que, mais do que nunca, deveria estar feliz.

O silêncio é completo e quando a sua música inaudível se faz presente, apenas o contemplar do luar e do brilho das fulgurantes estrelas da Palestina levam os pensamentos cativos à imagem da amada que, em algum lugar, não muito longe, dorme o sono das virgens prometidas.

O Rabi que há pouco chegara de Nazaré e de cuja fama se ouvia falar em toda a região às margens de Tiberíades e para além da Galiléia, na província da Judéia; já conhecida por gentios e pelo povo da terra ensinara que não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.

Caná não ficava sobre um monte, mas essas noites enluaradas cujos raios prateados penetravam cada pequena fresta faziam dela um espelho natural, impossível de não ser notado pelo natural ou pelo estrangeiro.

Benjamin – este era o nome do moço amante e amado – recostado em seu catre pensava sobre o grande passo que estava para dar. Seu sono havia ido embora, mas não por inquietações perversas, que trazem dor ao coração e infelicitam a alma.

Sua vigília era provocada por outra sorte de inquietude: aquela que somente o coração dos amantes tem o privilégio de conhecer. Não dormia por puro prazer em imaginar o sono da noiva, e tal sentimento ele o trocava de bom grado por uma noite insone, ainda que suas mãos calejadas tivessem que albardar os camelos nas primeiras horas da madrugada.

Pensava no meigo sorriso da doce Ester dormindo em sua magnífica recâmara.  Imaginava os cachos dourados de seus cabelos acalentando seus seios virginais, cobertos pela alva seda dos lençóis. Com certeza os sonhos da jovem seriam para ele, sabidamente, o único amor de sua vida.
Mas...seu pensamento tornava ao novo Rabi, que curava os enfermos e dava pão aos pobres.

Benjamin dividia o seu coração entre a felicidade de pensar em Ester e em considerar como seria esse Rabi tão desejado. Imaginava-o um homem bondoso e compassivo; pois que outra razão senão essas qualidades poderiam mover um Sábio tão afamado a fazer de pescadores seus mais íntimos amigos?

Entregue a essas reflexões, as fibras que teciam a rede na qual trabalhava feriam-lhe as mãos, sem que nem mesmo sentisse.
De repente, um pensamento, como um raio, atravessou-lhe a mente: Suas bodas com Ester estavam se aproximando; quem sabe por um desses milagres inexplicáveis, de que tanto ouvira seu pai lhe contar, o Rabi novo pudesse estar presente, tornando a festa a mais linda que Caná jamais presenciara?

Não havia ele próprio, e o pai, de viagem à Judéia, sido batizados por João Batista, o profeta do deserto, nas águas do Rio Jordão? E não havia ele ouvido da boca de João Batista, aquelas palavras que marcaram a sua vida indelevelmente?

“Aquele que tem a esposa é o esposo; mas o amigo do esposo, que lhe assiste e o ouve, alegra-se muito com a voz do esposo. Assim, pois, já este meu gozo está cumprido”.

Ora, Ester estava para ser sua esposa e, pelo que sabia o novo  Rabi era jovem, quem sabe sete ou oito anos apenas mais velho do que ele. Enfim, exausto, dormiu com esse pensamento embalando seu coração: ele, o noivo feliz com a sua amada; Ester, a linda esposa que lhe estava destinada; e, alegrando-se em sua alegria, o novo Rabi, como o amigo do noivo, assim mesmo como João havia dito, às margens do Jordão, na Judéia.

De fato, seu coração adivinhava.

Alguns dias depois, o mais feliz de sua vida, finalmente o seu sonho se realizou. As rubras faces de Ester, iluminada por seus lindíssimos olhos azuis como pedacinhos do céu, os seus lábios rosados e trêmulos de felicidade; o seu talhe esbelto cuidadosamente ornado, enfim, Ester inteira, de corpo e alma era lhe entregue por esposa, na tão esperada noite das bodas.

E quando os serventes mostraram-se aflitos porque o vinho da festa se acabava, eis que surge o novo Rabi, como havia ele sonhado, e lhe dá o mais precioso dos presentes: O milagre da água agora transformada no melhor vinho que jamais existira.

03 março, 2010

Ansiedade e Sexualidade Insatisfatória

                                                                         Por: Tony Ayres

 

 

 

CASAL DISFUNCIONAL NA CAMA O motivo da escrita deste artigo são as frequentes perguntas e dúvidas que aparecem nos blogs cristãos sobre sexualidade. Nesses blogs, as pessoas desejam saber se é é lícito a prática de sexo que não seja a natural entre um casal casado.

Antes de mais nada, é preciso entender que sexo "natural" significa coisas distintas, para pessoas diferentes.

O que para um casal pode ser natural, para outro pode ser errado e até abominável. Por essa razão, a sexualidade no âmbito do casamento ou as formas de expressão dessa sexualidade devem ser, antes de tudo, de foro íntimo do casal em questão.

A NECESSIDADE DE UM ESCLARECIMENTO

Entretanto, como neste campo específico, muitas igrejas ainda não tratam do assunto de forma objetiva e clara, mesmo em suas reuniões de casais,  tenho a impressão de que um esclarecimento se faz necessário.

Em se tratando do instinto sexual, se me sinto inclinado a praticar algo que a minha "consciência" reprova (ou não aprova totalmente), vou, fatalmente, ser vítima da ansiedade, que me "avisa" da culpa que essa mesma consciência me fará sentir, se eu insistir na prática daquilo que estou desejando e tenho dúvidas sobre se é certo ou se é errado.

Para não sentir essa ansiedade e quiser ficar em paz e aliviado, preciso encontrar uma saída. Essa saída acaba sendo a repressãode meu desejo.

Reprimo ou recalco esse desejo e, em contrapartida, volto a sentir paz.

E ISSO NÃO É BOM?

Isso poderia até ser bom, se o recalque tivesse sido completo.

Mas, na maioria dos casos, não é isso o que acontece. O que ocorre é, então, um recalque imcompleto, que será parcialmente eficaz.

O resultado concreto disso é que, dentro da situação sexual, o meu desempenho e o meu prazer ficarão comprometidos. Isso porque a porcão de ansiedade que restou trabalhará contra mim. É como se eu estivesse me dizendo:

"Sei que não deveria estar fazendo isso. Mas, se eu não o fizer bem ou se não for muito prazerozo, talvez  não me sinta culpado".

A CONSEQUÊNCIA

Ora, a consequência imediata da ansiedade sobre o sistema nervoso será, infelizmente, a interrupção do desempenho e o bloqueio do prazer sexual, o que levará o casal (principalmente o homem) a uma situação frustrante e profundamente constrangedora.

À vista do que aqui foi exposto, está claro que, se um casal não tiver completa certeza de que a forma de sexualidade que vai praticar não é legítima; para o seu bem, definivamente, não deve praticá-la.

"Bem aventurado aquele que não se condena naquilo que aprova"