24 novembro, 2009

O Meio Determina o Caráter?

Jesus no caminho de Emaús As generalizações são sempre perigosas. Elas envolvem os inocentes no mesmo embrulho onde estão enrolados os culpados e, por essa razão mesma, são injustas.

Sempre haverá exceções que fogem à regra.

Feita essa observação inicial, desejo externar aqui o meu assombro diante de colocações que algumas vezes ainda encontro aqui e acolá; em palestras, sermões ou preleções, que afirmam que o homem é um produto do meio onde vive.

Ora, se isso fosse verdade, toda pessoa nascida na Rocinha, no Rio de Janeiro; ou na favela de Heliópolis,em São Paulo, seriam, necessáriamente, traficantes ou usuários de drogas, o que, absolutamente, não é verdade.

Se o meio realmente determinasse o caráter de uma pessoa, Ló, chamado de justo, na Bíblia, teria se tornado um sodomita (no sentido depreciativo da palavra); assim como Daniel e seus companheiros teriam sido seduzidos pelas iguarias da corte para onde foram levados, a fim se servirem ao rei.

MINHA HISTÓRIA

Em minha infância, convivi de perto com a prostituição, com a pobreza e com a delinquência. Mas, essas coisas não fizeram de mim uma pessoa desvairada, torta na vida e sem Deus. Ao contrário, serviram-me de incentivo para que, muito cedo, eu O encontrasse.

Não me envergonho em dizer que faz parte de meu currículo profissional, as seguintes atividades: catador de esterco, catador de vidros, bananeiro, limpador de teares em fábricas de tecidos; sorveteiro, bóia-fria, lavador de carros, etc.

Nem por isso tornei-me um revoltado com a vida. Trabalhei e estudei muito para sair daquela situação. Não me tornei rico nem tenho tal pretensão.

Mas consegui uma realização pessoal, enquanto ser humano digno e isso me faz feliz. Por esse motivo, repudio os “deterministas” e todos aqueles que “profetizam” apenas o que é ruim, destrutivo e amedrontador.

Deus tem um propósito em minha vida. Deus também tem um propósito em sua vida. Pode estar certo de que os propóstos de Deus SEMPRE SÃO BONS.

Creia nisso; permita que a luz de Cristo ilumine a sua vida e que as Suas palavras aqueçam o seu coração, assim como aqueceram os corações dos discípulos a caminho de Emaús.

SHALOM

Tony Ayres

18 novembro, 2009

POSSESSÃO OU DOENÇA EMOCIONAL?

Checkup-OCD-Obsessive-Compulsive-Disorder_full_article_vertical Algumas confusões podem ser feitas por pessoas cristãs sinceras, quando se deparam com aquilo que comumente é conhecido como “manifestações espirituais”, obviamente, quando se referem a fenômenos negativos, que infligem sofrimento à pessoa.

Este post tem como objetivo lançar, despretensiosamente, alguma luz sobre a questão.

Em primeiro lugar, convém deixar claro que não é um procedimento correto “demonizar” todo e qualquer fenômeno psíquico-emocional, deixando o diabo com as costas mais largas do que, realmente, ele tem.

Por outro lado, embora o pensamento de muitos, a respeito do assunto ainda permaneça no estágio medieval; é igualmente insensato afirmar que o diabo não existe e que não exerce a sua ação sobre os seres humanos.

É preciso ter discernimento, vida espiritual sadia, conhecimento bíblico e um mínimo de informações psicológicas para não se cometer erros, às vezes traumáticos, nesta área tão delicada.

O QUE É NECESSÁRIO SABER?

Antes de mais nada, ter consciência de que existem questões psico-afetivas-emocionais que, às vezes se manifestam sob a forma de variados sintomas, que envolvem distúrbios de humor, distúrbios de caráter, transtornos dissociativos, transtornos de ansiedade, entre muitos outros; que embora, para os menos informados, pareçam “obras do diabo”, são, na realidade doenças de fato, que sofrem dramãticas remissões, com a administração do medicamento adequado.

Um exemplo claro disso é o TOC (Transtorno Obssessivo-Compulsivo), quadro em que uma pessoa, por exemplo, precisa dar três voltas no quarteirão, antes de estacionar o carro; verificar 15 vezes se desligou o gás ou fechou a porta à chave, antes de dormir; lavar as mãos incontáveis vezes por dia, etc.

Embora tudo isso possa parecer “diabólico”, configura um quadro patológico, catalogado no CID-10. Mesmo que a terapia ajude, essa patologia só sofre remissão quando a pessoa é corretamente diagnosticada por um professional competente e medicada.

Em segundo lugar, ter conhecimento de que outros distúrbio menos graves, como o rebaixamento temporário da auto-estima, por exemplo, ou um estresse pós-traumático (estresse provocado po traumas como a perda de um namorado, a perda do emprego, a ameaça de um abuso, entre outros) pode ser solucionado simplesmente pelo tratamento psicoterápico, não havendo a necessidade da prescrição de medicamentos.

E, finalmente, ter absoluta certeza de que as manifestações diabólicas ou “possessões’ existem, estão relatadas nos evangelhos e escravizam pessoas. Para essas, não existem benzodiazepínicos ou antidepressivos que funcionem. Somente a libertação, através do poder do sangue e do nome de Jesus.

E POR QUE FAZER ESSAS DISTINÇÕES?

Exatamente para não se cometer injustiças e não se magoar pessoas, desnecessariamente. Eu mesmo já tive de ajudar pessoas profundamente feridas e ressentidas porque, ao procurarem a ajuda de um pastor, foram tratadas como endemoninhadas, sem o menor critério de avaliação.

Pessoas assim, frequentemente relatam episódios de levarem “pancadas de bíblias” na cabeça, ouvirem gritos histéricos de exorcismos nos ouvidos, terem tido nenhuma consideração pelo ser humano que são e um profundo abalo em sua auto-estima.

CONCLUSÃO

Tendo em vista o que foi considerado nas linhas acima, concluímos que, mais do que nunca, na História da Igreja, os pastores de hoje têm que ter muito mais do que conhecimentos teológicos, para pastorearem seus rebanhos.

Devem ter um profundo conhecimento bíblico e um mínimo de conhecimentos de psicologia e de relações humanas.

Tony Ayres

15 novembro, 2009

Crer é Um Ato de Fé

planeta-terra Já passei dos 50 anos de idade. Mas, desde que decidi seguir a Jesus, como meu Salvador e Senhor, pouco antes de completar 12 anos, sempre tive questionamentos em relação ao que está escrito na Bíblia e em relação a como os homens interpretam as Escrituras.

Quando estudei o Darwinismo, no Ginásio; custou-me um pouco, mas logo compreendi que a minha fé teria que superar quaisquer dúvidas, se eu quisesse que ela subsistisse.

Portanto, muito cedo, em minha vida (embora, naquele tempo nem conhecesse a significado da palavra) aprendi que não poderia ser maniqueísta; tampouco ser fundamentalista ortodoxo, se desejasse viver uma vida coerente com a capacidade de discernimento com a qual o Criador me proveu.

Foi assim que cresci. Sempre “correndo por fora” na denominação, no seminário, no ministério e na “ortodoxia” humana.

Hoje, decorridos todos esses anos, vejo pessoas, denominações e até instituições que agregam várias denominações (e digo isso com toda a humildade) chegando às mesmas conclusões que, há muito, em minha vida, eu já havia chegado.

O que, de certa forma, valida o ditado popular que diz ser o tempo o senhor de todas as coisas.

Em um dos posts passados deste blog, deixei transparecer a minha opinião de que, quem quiser ter uma fé de verdade, tem que conhecer “os dois lados” da moeda. Não basta apenas conhecer o “seu lado” e, simplesmente, “condenar” os que não pensam igual.

Vou exemplificar, para ficar mais claro.

Tive um professor que, além de pastor de uma grande igreja no Rio de Janeiro, é também médico psiquiatra. Um homem de fé, simples e sábio, amigo de todos os alunos.

Um dia, ele nos contou em sala de aula que, aproveitando de seus trajes brancos de médico, ele saía para pesquisar os terreiros de umbanda, no Rio, e era até muito bem recebido, pois era confundido como sendo “pai de santo”.

Dessa forma, ele pode inteirar-se de alterações de consciência que ocorriam nas pessoas que ficavam em transe naquelas reuniões, mas a sua fé em Jesus jamais ficou abalada por causa disso. Ao contrário, ele ficou muito mais preparado para levar o evangelho àquelas pessoas necessitadas.

E DAÍ, ONDE VOCÊ QUER CHEGAR?

É a pergunta que muitos podem estar me fazendo, neste momento. Respondo, dizendo que o cristão de hoje precisa aprender a lidar com questões novas e diversificadas, tais como: doaçãode órgãos, aborto de crianças anencéfalas, pesquisas com células-tronco, clonagem de animais e vegetais, novos paradigmas de casamentos, doenças mentais que eram tidas tradicionalmente como “possessões” e muitas outras.

Isso, com certeza, demandará uma re-leitura do Velho e do Novo Testamentos, a des-legalização de muitas “legalidades” e a perda do medo para enfrentar o novo.

Além de, claro, respeito para com a fé dos co-irmãos, pois ainda no século XXI permanece a verdade paulina: “Um faz diferença entre dia e dia; para outro, todos os dias são iguais”…

MEU EXEMPLO PARTICULAR

Há cerca de 20 anos deixei de considerar a a narrativa bíblica da criação de Adão e Eva como uma “fotografia”, passando a enxergá-la como uma “radiografia”.

Isso não comprometeu a minha fé, não alterou a minha comunhão com Deus e; nem por um milímetro, mudou alguma coisa do senhorio de Cristo em minha vida.

No entanto, respeito a todos os meus irmãos que vêem o fato como uma fotografia. Há liberdade na diversidade. Mas, deve haver respeito também.

Consegue entender, então, por que crer é um ato de fé?

Espero ter sido compreendido.

Tony Ayres

05 novembro, 2009

Minha Mudança

FOTOS DO BACKUP 282 Amados, tenho ficado algum tempo sem postar. Tempo em que tenho mergulhado em meus pensamentos e tentado buscar dentro de mim algumas verdades que, inconscientemente, estavam me incomodando.

Como resultado dessas minhas reflexões obtive algumas respostas. A principal delas é a de que, de certa forma, perdi o gosto pela blogagem porque, repassando os meus posts, percebi que a maior parte dele contém conteúdo de críticas a posturas e instituições.

Percebi também que, ainda muito mais do que eu, alguns blogs abusam do direito de utilizar livremente a palavra, fazendo críticas, por vezes jocosas, a pessoas de nosso meio, principalmente porque isso “dá IBOPE”.

Porém,a crítica gratuita, a crítica pela crítica não tem o condão de resolver problema algum, além de não edificar.

Assistindo ao filme “Olga”,dei-me conta de que, talvez, a maioria de nós, blogueiros cristãos, não estamos dispostos a abraçar a uma causa e lutar ou militar por ela, a não ser virtualmente; o que, convenhamos, é muito fácil.

Lembrei-me do Código de Ética que prometi seguir, quando da conclusão do meu curso de formação de psicanalista. Por esse código, comprometi-me a respeitar a dignidade humana das pessoas.

Assim sendo, o tanto quanto possível, procurarei ser menos crítico e mais agregador pelo lado positivo. Afinal, apesar das muitas mazelas, a Igreja continua a ser o Corpo de Cristo na Terra. E esse Corpo têm muitas coisas positivas, que devem ser destacados.

Isso, por si só, promoverá edificação.

Continuo a prezar e a respeitar os colegas que permanecerem na linha de apontar erros e posturas inadequadas.

Mas procurarei me conduzir por essa nova conduta (que descrevi no início) em minhas postagens.

Em Cristo,

Tony Ayres