O Blog O PSICANALISTA E A RELIGIÃO é o novo nome deste site, que tratará, a partir deste mês (fevereiro de 2017) de assuntos relacionados ao assim denominado "CONFLITO RELIGIOSO", visto ser este fenômeno, crescentemente preponderante, como um transtorno, entre pessoas religiosas, em especial, as cristãs.
09 janeiro, 2012
SEU CÉREBRO: SUA MAIOR RIQUEZA
26 novembro, 2011
MENTIRA, UM TERRÍVEL MECANISMO DE DEFESA (Republicação)
Mas...foram apunhaladas pelas costas.
Que Deus nos proteja de tais pessoas! E que tenhamos a capacidade de discernimento para reconhecê-las e afastar-mo-nos delas!
23 novembro, 2011
NOVO ESTUDO DEMONSTRA QUE PSICOPATAS TÊM DEFORMAÇÃO NO CÉREBRO
Já sabíamos que os psicopatas são pessoas antissociais, cautelosas e, em alguns casos, violentas. Também tínhamos conhecimento de que elas eram incapazes de sentir medo ou culpa.
Na verdade, apenas as características acima descritas não são suficientes para definir com exatidão se uma pessoa apresenta sintomas de psicopatia ou não.
No entanto, elas são encontradas na maioria dos indivíduos diagnosticados como psicopatas.
O NOVO ESTUDO
A novidade fica por conta de um novo estudo conduzido por um pesquisador norte-americano, o qual revelou que há características físicas no cérebro capazes de identificar uma predisposição à psicopatia.
Analisando tomografias computadorizadas de cerca de 40 prisioneiros, os pesquisadores chegaram à conclusão de que o cérebro dos condenados não têm certas ligações em áreas responsáveis por sentimentos como medo ou culpa.
De acordo com o professor Michael Koenigs, autor do estudo, esse é o primeiro trabalho que mostra claramente diferenças funcionais na estrutura do cérebro de indivíduos diagnosticados com psicopatia.
Essa conclusão significa que, ao menos em tese, é possível prevenir comportamentos psicopatas, caso os pacientes sejam diagnosticados com antecedência, isto é, antes que venham a perpetrar qualquer ato violento ou criminoso.
O estudo abre também portas para novas pesquisas de medicamentos que venham produzir a cura das psicopatias, consideradas até aqui como enfermidades mentais sem cura.
No filme Hannibal, o psiquiatra Hannibal Lecter (interpretado por Anthony Hopkins), é um exemplo da figura que pode chegar a ser um psicopata. No entanto, se a doença tivesse cura, o final do filme poderia ser totalmente diferente.
Esperemos que a Ciência logo esclareça essa questão em definitivo.
Tony Ayres
21 novembro, 2011
A ENTREVISTA DE TONY RAMOS E A SÍNDROME DA FAMA TELE-EVANGELÍSTICA (REPUBLICAÇÃO)
A Entrevista de Tony Ramos e a Síndrome da Fama Tele-Evangelística

Quando sai da pele de seus personagens, o homem Tony Ramos revela-se um um ser humano de rara beleza. Despoja-se de toda afetação (que, no estágio de sucesso que alcançou, até poderia ser-lhe perdoada, se a tivesse) e permite-se ser simplesmente como é e como sempre foi.
Respeitado por todos os seus colegas de trabalho como um homem íntegro, bondoso e com um enorme carisma, sua simplicidade é conhecida dentro das dependências da Globo, onde trata com a mesma humanidade, tanto colegas de peso, como o ator Lima Duarte; como os camareiros e zeladores da Casa.
Casado desde o ano de 1969 com Lidiane, a esposa por quem confessa publicamente ser apaixonado; aos 61 anos de idade, o ator é pai de dois filhos: um médico e uma advogada e já comemora a chegada dos netos, sem esconder sua alegria.
À apresentadora Ana Maria Braga, Tony confessou ser um homem simples, de família, que respeita as demais pessoas, em suas diferenças; que não abriga qualquer tipo de inveja em seu coração; que não enxerga o sucesso como algo que o seduza e que medir o ser-humano por esse parâmetro é simplesmente algo mesquinho e menor.
A CONTRAPARTIDA
Em nosso mundo cristão evangélico, infelizmente, pessoas que chegam a ganhar alguma notoriedade no meio televisivo, surpreendem-nos com um comportamento completamente oposto.
Há alguns dias, coloquei aqui uma postagem referindo-me a determinado evangelista da TV e critiquei a sua postura, quanto ao envio de $900 reais, "exigidos" pelo "profeta" que o acompanhou, como condição para a liberação da "bênção da prosperidade".
Pois bem, em seu programa do último sábado, o referido pastor da TV "mandou" um aviso" aos críticos, afirmando que poria novamente, por algumas vezes, o tal programa no ar, afirmando que "os críticos são pessoas fracassadas e recalcadas, que ficam incomodadas com o sucesso alheio" (no caso, o dele, obviamente).
Espanta saber que tal pastor não esconde de ninguém ser formado em Psicologia e, ao mesmo tempo, demonstra publicamente, na TV, que esta, infelizmente, parece que não lhe ensinou nada, tanto no que se refere ao trato para com as pessoas, passando pela incapacidade de aceitar críticas de uma forma madura ( e não na infantilidade do "revide" grosseiro); como na falta do verdadeiro conhecimento psicanalítico da "teoria do recalque", elaborada por Freud.
Por outro lado, o que entende tal pastor por "pessoa fracassada"? Provavelmente, para ser coerente consigo mesmo, um "fracassado", para ele, é alguém que não tem o desejo de estar, a qualquer preço, na TV; quem não tem a "gana" por notoriedade e "poder", que não deseja aumentar o número de cruzadas com o fito de auto-promoção pessoal; e que não tem nenhum interesse em enriquecer pedindo ofertas e vendendo livros, para ter mais tempo "no ar".
De acordo com esses parâmetros, pessoas como Albert Einstein, Ghandi, Madre Tereza de Calcutá ou o anônimo médico que dedicou a sua vida a atender as pessoas de uma favela da Casa Verde, em São Paulo, gratuitamente, apenas tomando uma xícara de café em cada barraco onde visitava um paciente; foram todos FRACASSADOS.
O QUE SE OBSERVA, AFINAL, NESTA HISTÓRIA?
Por um lado, um grande artista, famoso e reconhecido em todo o Brasil e até fora dele, como um homem talentoso, humano, realizado, de bem com a vida, que atribui ao sucesso apenas um valor menor, no grande contexto da existência.
Por outro, um tele-evangelista que precisa pagar por seus horários para aparecer na TV, que não consegue disfarçar, sob o título de cristão, o ser humano iracundo e belicoso que, na realidade, demonstra ser; e que, a continuar nesse modo de agir, provavelmente nunca terá qualquer notoriedade que ultrapasse o mundo evangélico.
O que podemos afirmar, resumindo, é que o Jesus sobre quem a Bíblia nos fala. era um homem muito simples:cansado, tomava água à beira de um poço ou dormia no canto de um barquinho.
Mesmo sendo o Filho de Deus, não tinha onde reclinar a cabeça e quando morreu, na cruz cruenta do Monte Calvário, os soldados dividiram entre si o único bem material que possuía: suas vestes pessoais.
Mesmo assim, João Batista, o último dos profetas do período de vigência da Lei, testemunhou dele, nos arredores do Jordão: "É necessário que ele cresça e que eu diminua" (Jo. 3.30).
Procura-se evangelistas de TV que estejam dispostos a seguir o exemplo de Jesus e que tenham o espírito de João Batista.
15 novembro, 2011
CARTA A UMA QUERIDA AMIGA QUE RESOLVEU FAZER PSICOTERAPIA
“Fiquei contente ao saber que você está fazendo psicoterapia. Parece-me que você decidiu "passar a vida a limpo"e, pelo jeito, já descobriu algumas coisas importantes.
Quero lhe dizer que, fazer terapia quase nunca deixa de nos trazer coisas tristes, pois, ela nos revela "aquele lado feio e negro" da nossa vida que nunca quisemos ou pudemos enxergar. Ela nos mostra quantos trastes inúteis acumulamos nos "porões" da nossa alma durante anos e anos.
Mas esse "encontro com o próprio eu", por mais sofrido que seja, é compensador, acredite.
Chega uma hora na vida em que não desejamos mais mentiras, não queremos mais fantasias. É o momento de enfrentarmos os nossos próprios fantasmas e de ganharmos forças para vencê-los e seguir em frente.
Sabe, os budistas dizem que a infelicidade dos homens existe porque eles são vítimas do "desejo de ignorar". A psicanálise, por outro caminho, descobriu que eles têm o "desejo de não querer saber".
Por isso, existe esse enfrentamento na terapia: temos que vencer as resistências e conhecer a verdade sobre nós mesmos. Aí, num sentido psicológico, cumprem-se as palavras de Jesus:"E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará".
E já que me referi à verdade ou às verdades, deixe-me dizer-lhe mais uma que, por certo você já descobriu, mas, possivelmente, ainda não "lhe caiu a ficha". Você me diz, no e-mail, que quer ter uma vida sólida (você acha que somente uma "vida sólida" a fará feliz).
Mas...Rubem Alves há muito tempo escreveu (e eu concordo com ele) que "vida sólida" não existe! Ele diz que nós acreditamos que a nossa vida seja forte como uma esfera de aço. Na verdade, porém, ela é frágil como uma bolha de sabão! Basta um ventinho mais forte e essa bolha estoura.
Isso é revelador porque nos dá coragem de fazer o que acreditávamos não poder! Ensina-nos a viver pequenas coisas como grandes feitos e a valorizar cada aparentemente "pequena" conquista. Mostra-nos que devemos parar de perseguir "o ótimo" que, como a linha do horizonte, está sempre longe; e a aceitarmos "o bom", que já está pertinho de nós.
Rubem Alves também nos ensina que devemos ser corajosos como a aranha. A aranha tem coragem de lançar-se no abismo, confiando apenas num fio! Sim, porque ela acredita no fio de sua própria teia, ela lança-se para mais fundo e para mais longe, mesmo em meio à escuridão.
O Almir Klink, entrevistado pelo "Fantástico" deste último domingo, deixou claro que ele não precisa de dinheiro, não precisa de propriedades, não precisa de "status"não precisa de "poder" para ser feliz. Ele só precisa ser livre para viajar (entenda "velejar") e, velejando, ele atravessou, sozinho, os oceanos, chegando ao lugar que ele mais gosta: a Antártida.
Que tal você discutir com seu/sua terapeuta qual seria a "sua Antártida"?
Torço por seu crescimento e felicidade!”
Tony Ayres
12 novembro, 2011
RESPOSTA A UMA MULHER CRISTÃ QUE SE SENTE ATRAÍDA POR OUTRA MULHER
“Boa tarde.
Há algum tempo procuro ajuda de algum profissional pra resolver meu problema. Mas, os que tenho encontrado, não sei, não me sinto a vontade pra falar.
Então resolvi procurar um cristão, pq acho que é alguém que tem o pensamento e os valores mais parecidos com o meu e não vai ficar rindo de mim. Mas antes de começar, gostaria de saber se o senhor tem a cura pra uma mulher que se interessa por outra mulher.
Não suporto isso! Quero ser normal! Quero casar, ter filhos, constituir familia. Mas vejo isso cada vez mais distante de me fazer feliz e isso me apavora!
Por favor, diga que o senhor pode me curar! “
Anônima
Prezada Anônima
Nenhum terapeuta honesto vai responder a seu cliente que TEM A CURA PARA A SUA PATOLOGIA, pois não é assim que as coisas funcionam.
Problemas que afetam a nossa alma, a nossa sensibilidade, a nossa relação com o outro e com o mundo não são como doenças físicas, para as quais você toma um medicamento e fica curada.
O trabalho de um terapeuta É AJUDAR O SEU CLIENTE a descobrir o porquê e onde estão as raízes do problema que lhe traz sofrimento.
Em seu caso, essas raízes certamente têm a ver com o seu passado e em como foi a sua relação com seu pai, sua mãe ou outras figuras que tiveram a mesma importância deles para você.
Compreendo sua aflição e sua luta interior, mas esse é um trabalho difícil, que pode ser doloroso, mas que pode, sim, desde que você se compreenda, ter uma solução.
Mas, DEPENDERÁ SEMPRE DE VOCÊ e não do terapeuta que escolher.
Pense nisso. E se compreender que vale a pena despender um esforço nisso (e se quiser), volte a me escrever.
Cordialmente,
Tony Ayres
P.S: Tenho quase certeza de que não sou eu o primeiro a dizer-lhe isso
10 setembro, 2011
PORNOGRAFIA - FAZENDO MAL A SI MESMO - A AUTO SABOTAGEM
06 agosto, 2011
RELACÕES AMOROSAS TUMULTUADAS: SERÁ QUE VOCÊ CONVIVE COM UM MISÓGINO?
O termo grego "misógino" é utilizado pelos psicólogos para designar a pessoa que odeia mulheres: miso = odiar e gyne = mulher. Isso, teoricamente falando, porque, na vida real, nem sempre é fácil reconhecer um misógino.
À primeira vista, ele é muito educado, gentil; e, em geral, considerado um gentleman. Tem muita facilidade em conquistar a mulher por quem está interessado, pois age de maneira extremamente amorosa, o que o torna quase irresistível.
Sua atitude demonstra um apaixonamento e uma dedicação tão intensos que, com o decorrer do tempo, fica cada vez mais difícil para a mulher estabelecer limites seguros e ser capaz de atribuir-lhe quaisquer responsabilidades na eventual geração de conflitos ou turbulências no relacionamento.
Na verdade, estabelece-se um contrato tácito (sem palavras, mas compreendido por ambos), no qual o homem vai, imperceptivelmente avançando nos limites, a fim de tomar pé de até onde pode ir com seu estilo manipulador e altamente controlador.
A mulher, por sua vez, a fim de "preservar" a relação", tenta ser boa todo o tempo e evita confrontá-lo. Com isso, evidentemente, o relacionamento fica assimétrico e ela, naturalmente, fragiliza-se cada vez mais.
Esse controle do misógino vai avançando de tal maneira que chega a alcançar as áreas financeira e íntima, prejudicando a sexualidade do casal. Ainda que a mulher faça tudo para evitar desentendimentos, ele acaba sempre convencendo-a de que ela sempre está errada.
Com o tempo, ela passa a medir cada palavra que pronuncia, uma vez que, confusa e cada vez mais perplexa, teme que tudo “desmorone” de uma hora para outra. À essa altura, ela já está irreconhecível e a sua auto-estima se encontra totalmente minada.
Torna-se difícil tomar qualquer atitude, uma vez que o homem utiliza argumentos que lhe soam tão lógicos para o bem da relação, que ela passa a chafurdar-se num mar de lodo emocional.
A única coisa que ele deseja é sentir que ela lhe dê mostras de seu amor incondicional por ele, através de muita compreensão e do atendimento de suas mínimas necessidades, sem demonstrar qualquer tipo de aborrecimento. Algumas vezes, ele estoura e, em seguida se arrepende, voltando a ser o homem maravilhoso do princípio...até que novo estouro aconteça.
Vale ressaltar que, a despeito dessa descrição avassaladora da atitude de um misógino, ele está totalmente inconsciente dela e sequer tem noção da dor que sua atitude produz no outro. Seu comportamento é, na verdade, um subproduto de sua história de vida na família de origem, que lhe causou um sofrimento psicológico, o qual não pôde ser evitado.
Geralmente, ele é oriundo de um relacionamento conturbado entre seus pais, com o qual aprendeu que oprimir a mulher é a única maneira de controlá-la.
Como adulto, ele “atualiza” a vivência sofrida no passado, buscando desesperadamente ser amado, ainda que de uma maneira totalmente deturpada.
Já em relação à mulher que tende a relacionar-se com um misógino; o mais provável é que ela tenha sido infantilizada pela sua família pregressa e, por essa razão, tenta encontrar no parceiro, suporte, apoio e amor, como forma de compensação.
Assim sendo, embora pareça que o misógino seja o carrasco e a mulher seja a vítima, a verdade é que existe um conluio entre eles. De uma forma doentia, precisam um do outro.
A solução para esse problema é um dos dois sair do círculo vicioso e começar a agir de uma maneira nova. Geralmente, quando isso acontece, existem três possibilidades:
1. A mulher mantém-se submissa, para conservar consigo o seu homem.
2. Ela prefere separar-se dele.
3. Ela decide investir numa nova relação com o mesmo homem.
As que optam pela última opção terão que elaborar a reconstrução de sua auto-estima, estabelecer limites claros, ser firmes perante o parceiro e assumir o seu lugar dentro da relação. Para isso, com toda probabilidade, elas necessitarão de ajuda terapêutica.
O resultado dessa atitude provocará uma solução do problema que provavelmente será: ou o seu misógino desistirá de ser o algoz para ficar a seu lado, ou desistirá da relação.
De qualquer forma, ela terá conquistado o resgate de sua auto-estima.
Tony Ayres
Baseado no livro: “Homens que odeiam mulheres & mulheres que os amam “, de Susan Forward e Joan Torres, texto de SÔNIA NEMI(www.sonianemi.com)
20 julho, 2011
BELEZA ESTÉTICA: RAZÃO DE ALEGRIAS E SOFRIMENTOS
Todos sabemos que a chamada beleza estética varia de uma época para outra e também de uma cultura para outra. As anoréxicas top-models dos dias de hoje, apontadas por muitos como “cabides ambulantes” não fariam nenhum sucesso nas décadas de 1950 e 1960, nas quais o padrão de beleza feminino centrava-se na mulher “cheinha”, com curvas muito bem delineadas.
Todavia, na atualidade, temos um fator decisivo na disseminação dos padrões tidos como belos: a super-impactante força da mídia, representada, principalmente, pela televisão digital e pela Internet. As artistas de novelas (ou os artista, no caso dos homens) e as apresentadoras de programas, por exemplo, são belas, malhadas, possuem dentes e sorrisos perfeitos, cabelos brilhantes e, além de tudo, vestem-se muito bem.
Isso produz um mundo encantado que é projetado em quem as assiste.
Esse mundo encantado é assimilado e introjetado pelos telespectadores ou internautas. Em se tratando de homens, eles admiram; no caso das mulheres, elas procuram imitar, uma vez que querem ser amadas e desejadas como as atrizes de TV.
É claro que esse é um processo mais ou menos inconsciente, no qual o mundo interior psíquico do indivíduo é invadido por estímulos externos, tornando a imitação algo tão forte que, não raras vezes, avizinha-se de uma obssessão.
QUAIS SÃO AS CONSEQUÊNCIAS DISSO?
Não é preciso refletir muito para se perceber as consequências de um processo identificatório como esse:
1. Algumas mulheres privilegiadas saem-se bem, pois foram agraciadas com padrões de beleza que batem com aqueles difundidos pela mídia. Nesse caso, podemos dizer que o resultado é satisfatório, uma vez que há um ganho para a auto-estima.
2. Um outro grande número de mulheres não possui os padrões difundidos. Mesmo assim, imitam os cortes de cabelo, as roupas da moda ( que não lhes caem bem) e o estilo de vida que imaginam apropriado para elas também. O resultado pode ser, em alguns casos, ridículo e, no mais das vezes, alienante, uma vez que elas passam a viver uma irrealidade.
3. Finalmente, temos aquelas mulheres que, decididamente, estão muito longe de ser reconhecidas como esteticamente belas. O resultado, neste caso, é, frequentemente a decepção e o sofrimento.
ENTÃO OS RESULTADOS JÁ SÃO PRÉ-DETERMINADOS?
A impressão que temos é a de que a resposta será “sim”, mas a realidade nos ensina que essa resposta é “não”.
Isso porque o ser-humano não é somente “casca”. Beleza estética nunca foi garantia de um casamento duradouro, por exemplo; mas a beleza interior, cultivada e apreciada ao longo da vida, é o tipo de beleza que adorna as pessoas com um aura irresistível. As que possuem essa beleza interior, geralmente são as que são mais felizes e possuem os relacionamentos mais compensadores e duradouros.
Além disso, “vã é a graça e enganosa a formosura”. Beleza física acaba, fica velha com o passar dos anos. Mas a beleza interior jamais tem fim. É um presente que dura a vida toda para aqueles que têm a virtude se conseguir cultivá-las.
CONCLUSÃO
Concluímos, então, que ninguém precisa viver frustrado ou decepcionado com sua aparência. Existe uma máxima, muito verdadeira que afirma que “cada mulher tem a sua graça”. Isso, positivamente, é verdadeiro.
É claro que ninguém deve relaxar e descuidar-se de sua aparência. Mas, fundamentalmente, é preciso enriquecer-se interiormente, ter conteúdo, ser sábia (falo com as mulheres, aqui).
Isso sim, resultará numa saudável auto-estima e contribuirá, sem dúvida para a felicidade e a realização pessoal.
Tony Ayres
NOTA: Colocamos, neste post, uma foto da atriz e cantora americana Ashlee Simpson, considerada muito bela, por muitos, para exemplificar como a beleza estética atrai.
20 janeiro, 2011
QUAL É A IDADE IDEAL PARA SE CASAR?
A partir desse pressuposto, creio que um fato natural, básico para fundamentar nossa argumentação é o de que a vida do ser humano transcorre num lapso de tempo (que pode ser 70, 80, 90 ou mais anos) no qual são acionados todos os "gatilhos" do relógio biológico, com os quais o homem veio à vida equipado.
Assim é que a criança que nasce sem dentes, com poucos meses tem o primeiro "gatilho" acionado, com a chegada da primeira dentição. Por volta dos 6 anos, temos o acionamento do segundo "gatilho" com a queda dos "dentes-de-leite" e a chegada da segunda e definitiva dentição.
Posteriormente, à medida que o tempo passa, vamos observando os sucessivos "gatilhos": puberdade, ao redor dos 11-12 anos, com a menarca (primeira menstruação) para as meninas e com a capacidade de produção de sêmen para os meninos. Muito mais tarde, por volta dos 50 anos, ocorrem o climatério, a menopausa, até o início da degeneração da vida biológica, cujo desfecho culmina com a morte, evento que, embora traumático, também faz parte da natureza.
CAPACIDADE BIOLÓGICA
Se fôssemos levar em conta apenas o aspecto biológico da questão, não haveria como contestar o fato de que, com o evento da puberdade, a partir do qual a mulher possui a capacidade de ovular e o homem a capacidade de produzir espermatozóides, fatores essenciais para a perpetuação da espécie, ambos estariam aptos para casar e gerar filhos.
No entanto, quando isso acontece (e na verdade é um fato, pois a cada ano aumenta o número de adolescentes grávidas!) acaba se transformando num transtorno, que envolve a adolescente em questão (que não foi preparada para a maternidade e deveria prosseguir em seus estudos); o pai da criança (normalmente também um adolescente que ainda nem chegou ao seu primeiro emprego); a criança em si (que poderá ser criada num ambiente muito diferente do ideal) e os pais de ambos, que acabam por assumir responsabilidades que não lhes caberiam ou para as quais também estão despreparados.
Colocada dessa forma, que a nosso ver é a correta, vê-se que seria um absurdo se a sociedade incentivasse, ou mesmo permitisse o casamento onde os nubentes seriam garotos de 12,13 ou 14 anos de idade. Em nossa cultura, isso seria simplesmente um disparate, embora não seja impossível que aconteça. No entanto, quando, infelizmente, acontece, a metáfora mais apro-priada para descrever esse fato talvez seja a conhecida canção infantil:
"... o anel que tu me destes era vidro e se quebrou,
O amor que tu me tinhas era vidro e se acabou..."
Isso significa que a criança (simbolizada pelo "anel de vidro" da canção) era frágil, e se quebrou, queimando uma etapa no seu processo de amadurecimento: perdeu as alegrias da adolescência e "adultizou-se", pela maternidade/paternidade precoce. Uma pena!
O que nos resta a dizer, à essa altura de nosso pensamento, é que, embora na adolescência (entendida aqui desde a puberdade até os 17 0u 18 anos de idade), a menina se desabroche, como a flor, numa linda mulher e o menino assuma os caracteres de virilidade próprios de um homem feito, emocionalmente, na quase totalidade dos casos, serão imaturos para assumirem uma responsabilidade tão complexa como a do casamento.
CAPACIDADE PSICOLÓGICA
Aqui entramos num outro enfoque da questão: o enfoque da evolução emocional, que é a que realmente interessa, no sentido de que, o ser humano torna-se apto para tomar sobre seus ombros determinadas responsabilidades, quando está emocionalmente preparado para tal. Isso não é diferente, no que se refere ao casamento.
Do ponto de vista da psicologia, um adolescente adquire a "idade da razão" por volta dos 14 anos, uma vez que é a partir dessa idade que se torna capaz de discriminar o certo do errado. Esse é o motivo pelo qual a maioria das igrejas só admite a chamada "profissão de fé" e o batismo, a partir dos 14 anos, pois, tecnicamente, segundo algumas correntes teológicas, seria a partir daí que ela seria capaz de distinguir com clareza aquilo que é pecado e contrário à vontade de Deus.
No entanto, a idade da razão não serve como parâmetro para determinar a aptidão emocional para o casamento. A experiência de vida: conquistas, frustrações, alegrias e decepções são vivências que farão parte, necessariamente do amadurecimento do indivíduo. Aprender a lidar com essas experiências significa aprender a interagir com a vida, ensinando a pessoa em processo de crescimento a analisar cada situação, refletir a respeito e tomar as decisões mais adequadas em relação a elas.
A conquista do emprego desejado, a oportunidade de cursar um curso superior ou técnico almejado, a aquisição de determinados bens materiais e, fundamentalmente, a consciência do quanto se tem de lutar para alcançar tais objetivos, são fatores imprescindíveis na consolidação dessa experiência que o (a) jovem deve ter para pensar em casamento.
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA
Isso porque ela funciona como o primeiro "espelho" onde o ser humano verá refletida a sua imagem, e, a partir dessa imagem refletida, construir uma auto-estima positiva ou negativa.
Se a família for disfuncional (pais separados, alcoólatras, indiferentes, intolerantes, ausentes, etc), o(a) filho(a) estará vendo a sua imagem num espelho defeituoso e, como resultado, construirá uma imagem defeituosa sobre si mesmo(a).
Já o inverso é absolutamente verdadeiro. Uma família funcional (pais amorosos, compreensivos, disponíveis, abertos ao diálogo, nutritivos, etc) terá o efeito de um espelho de cristal (perfeito) e fornecerá todas as condições para que o(a) filho(a) tenha uma elevada auto-estima, fundamental no desenvolvimento de suas própria vida, principalmente quando viver sua própria experiência dentro do casamento.
E A IGREJA, COMO FICA?
Paulo, escrevendo a Timóteo, diz: "Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo". (I Tm. 5.8). Embora o contexto nos indique, neste versículo, que o apóstolo está falando principalmente do cuidado que os filhos e parentes próximos devem ter para com a viúva idosa, não seria absolutamente de nenhum prejuízo aplicarmos este ensinamento ao cuidado que os pais precisam ter para, com muita sobriedade e sabedoria, instruírem seus filhos em relação à responsabilidade do casamento.
No entanto, seria falta de sensibilidade de nossa parte reconhecer honestamente que, infeliz-mente, um número muito pequeno de famílias cristãs está realmente preocupado em orientar seus filhos para a experiência do casamento.
Dá-se muita ênfase à questão da capacidade em montar uma casa (própria ou alugada), na escolha dos móveis, nas questões materiais e até mesmo, em coisas muito insignificantes, como a escolha de padrinhos e madrinhas adequados, tipo de recepção e outras coisas dessa natureza; e despreza-se o principal, que é, sem dúvida o preparo emocional e a busca da maturidade psicológica do(a) filho(a) que irá se casar.
É aqui que, sob a nossa ótica, a igreja precisa entrar em ação, para suprir essa deficiência, planejando e levando à frente programas que contemplem tópicos como os que se seguem:
·Instrução aos pais sobre o que é realmente importante ensinarem a seus filhos em pers-pectiva de se casar, principalmente no que diz respeito à maturidade psicológica.
·Ensino aberto e esclarecedor aos jovens nubentes, incluindo: responsabilidades exigidas pela nova vida de casado, provisão/provimento de um lar, instrução clara sobre a sexualidade, diferenças psicológicas entre o homem e a mulher, etc.
·Curso abrangente sobre maternagem/maternidade, acompanhamento médico durante a gestação, preparação para o parto, etc.
É evidente que tudo isso, como o leitor percebe, seria de responsabilidade da família, mas como conhecemos bem nossa realidade, infelizmente, as famílias não estão preparadas para tanto e, se a igreja se omitir, nunca esse problema será resolvido, trazendo, como conseqüência outros muito piores, que todo pastor experiente já conhece.
AFINAL DE CONTAS, ENTÃO, QUAL É A IDADE IDEAL PARA SE CASAR?
Bem, depois de toda a exposição que fizemos, creio que a pergunta já pode ser respondida. Sua resposta pode surpreender, mas, na realidade, é muito simples: NÃO EXISTE IDADE IDEAL PARA SE CASAR!
Convém que haja uma explicação aqui. Quando afirmo que não existe idade ideal para se casar, estou pretendendo dizer que não se pode fixar esta ou aquela idade para que o casamento dê certo. O ideal é que ambos os noivos tenham complementado seus estudos, tenham um mínimo para começar uma nova vida a dois, mas o que realmente deve determinar a realização de um casamento que tenha tudo para dar certo é a maturidade emocional dos noivos e isso, definitivamente, não depende da idade cronológica!
É um fato absolutamente comprovado que, uma jovem de apenas dezessete anos seja psicologicamente muito mais madura do que uma outra de 24, por exemplo. Conheço duas jovens, filhas de uma psicóloga cristã, que casaram ambas, ao redor dos 17 anos. Mas TINHAM SIDO emocionalmente preparadas para isso durante a vida toda! Hoje são excelentes esposas e mães, são muito felizes em seus lares e seguem na igreja, servindo a Deus!
Finalizando este artigo, escrevo para você, moça ou rapaz cristão que são, potencialmente as partes mais interessadas na questão do casamento. Olhe bem para dentro de você mesma(o). Procure compreender-se profundamente. Você ama realmente seu/sua parceiro(a)? Se o(a) ama, sente-se maduro(a) psicologicamente para assumir responsabilidades como as que o casamento impõem? Buscaram juntos e separadamente a ajuda e orientação de Deus?
Se se sentem seguros na resposta a essas perguntas, então, a questão da idade não é realmente a mais importante.
Casem-se, sigam em frente temendo ao Senhor e sejam felizes!
04 janeiro, 2011
O Setting Analítico
Não diríamos que tal preocupação seja infundada, mas, sem dúvida, é superdimensionada.
Por que dizemos isso?
Porque uma tal preocupação pode chamar a atenção do analisando para aquilo que realmente não é importante, acabando por induzir a transferências negativas absolutamente desnecessárias, ainda no começo da análise.
Na verdade, o setting analítico, para ser bom, precisa ser como um juiz de futebol: quanto menos aparecer, melhor. Se passar despercebido, ótimo.
O consultório, setting analítico, local da análise deve isolar o mundo de fora para ser bom; mas não deve confinar o mundo de dentro como um mosteiro, já que as vivências dentro dele deverão repercutir fora dele.
Dentro dessa ótica, o setting deverá ser apenas um local propício para servir como campo analítico dentro do qual ocorre o entrejogo de ações, sentimentos e representações que façam fluir a análise; não dificultá-la.
O que vale mesmo é a sintonia dos inconscientes do analista e do analisando, sem interferências do setting.
Daí a razão de não se superdimensionar a sua importância.
22 novembro, 2010
Suas Fraquezas São a Sua Força!
Lembro-me de dos fragmentos de uma estória que de que gostava muito, quando criança. Tratava-se da sagacidade de um garotinho que, sendo conduzido por uma bruxa para o interior de uma floresta, foi deixando cair pelo caminho, pequenas migalhas de pão, sem que ela percebesse.
Quando já estavam bem no interior da floresta e a bruxa já se achava dona da situação, o garotinho desvencilhou-se dela e fugiu, em desabalada carreira.
A bruxa, apanhada de surpresa, num primeiro instante ficou sem reação. Depois, sarcasticamente, gritou: "Você está perdido, menino! Nunca ninguém conseguiu sair sozinho dessa floresta!"
Porém, o garotinho começou a seguir as migalhas de pão que deixara cair ao longo do trajeto; e dessa forma conseguiu fazer o caminho de volta, saindo da mata, são e salvo.
UMA LIÇÃO A SER APRENDIDA
Essa estória infantil, aparentemente, ingênua e sem nenhuma importância; na verdade pode ensinar-nos uma grande lição: Assim como aquelas migalhas de pão serviram de roteiro para a salvação do menino; as "pegadas" que deixamos na vida também podem mostrar-nos as saídas que dispomos, para um futuro melhor.
Poucos gostam de "perder tempo" relembrando "fracassos" do passado. Mas, a verdade é que as nossas derrotas, tanto quanto as nossas vitórias passadas, constituem a argamassa com a qual construiremos o nosso futuro.
Se, todavia, quisermos ser absolutamente sinceros conosco mesmos, veremos que a grande maioria de nossas vitórias na vida surgiram de, aparentemente, grandes fracassos.
NOSSAS FRAQUEZAS, A BASE DE NOSSAS FORÇAS
O apóstolo Paulo, querendo demonstrar essa verdade, em uma de suas epístolas, escreveu: "Porque, quando estou fraco, então estou forte".
E, o escritor aos Hebreus, referindo-se aos heróis da fé, deixou muito claro que todos eles, "da fraqueza tiraram forças".
UMA ANÁLISE MUITO IMPORTANTE
Agora, você que lê estas linhas e que, talvez precise de um incentivo para a tomada de uma decisão muito importante; ou que se julga pequeno demais para assumir uma responsabilidade que julga demasiado grande, pare e pense:
Procure se lembrar de todas as vitórias que você teve na vida. Seja sincero e veja se, quase que a totalidade desses êxitos não provieram de aparentes fracassos!
Quando você pensou que tudo estava perdido e você ia sucumbir; então, tal como um Sansão com os cabelos novamente crescidos, ou tal como um Davizinho diante de um Golias, você deu a volta por cima e venceu!
E não será diferente daqui em diante. Prosseguir rumo à vitória exige fé; e possuir fé é também uma pré-condição para correr riscos.
Soren Kierkegaard, filósofo cristão dinamarquês, deixou-nos, como legado, esta importante lição: "O homem que se arrisca, perde o passo por um pouco; o homem que não se arrisca, perde a vida".
Olhemos para os nossos "fracassos" que viraram vitórias, no passado. E confiemos que, embora nos sintamos fracos, Deus nos dará forças para sermos vitoriosos, no futuro!
Ousemos, pela fé!
"Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram forças, na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos dos estranhos" (Heb. 11.34).
Tony Ayres
01 outubro, 2010
O cristão pode se divorciar? (republicação)
Esse post tem como objetivo lançar alguma luz sobre a questão. Primeiramente, é preciso que nos lembremos de que "... a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo" (Jo. 1.17).
A primeira pergunta que devemos nos fazer, portanto, é se os que vivem tragédias matrimoniais como o divórcio, por exemplo, também são dignos dessa "graça" e dessa "verdade" trazidas por Jesus. Creio que uma consciência cristã experiente tem a resposta certa para ela.
Um outro ponto importante é dizer que a Bíblia fala apenas de um divórcio, no texto de Jeremias 3:8, que diz o seguinte: "E vi que, por causa de tudo isto, por ter cometido adultério a rebelde Israel, a despedi, e lhe dei a sua carta de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também ela mesma se prostituiu".
Nesse texto, Deus está advertindo a Judá de que está procurando problemas. Ele, então, instruiu a Jeremias para que alertasse a Judá de que ela havia sido testemunha da infidelidade de sua irmã Israel, e que Ele a havia mandado embora e lhe dado carta de divórcio. Assim mesmo, Judá não se arrependeu (Jr. 3.6-8).
POR QUE A FALTA DE COMPREENSÃO SOBRE O DIVÓRCIO?
Quando Jesus foi questionado pelos fariseus, no evangelho segundo Marcos, "se é lícito ao marido repudiar sua mulher" ele respondeu, fazendo outra pergunta: "Que vos ordenou Moisés?"
A resposta deles foi: "Moisés permitiu lavrar carta de divórcio e repudiar" (Mc. 10.2-4).
Essa resposta dada pelos fariseus se refere à lei à qual o historiador Josefo, que viveu um pouco depois da época de Jesus, chama de "a lei dos judeus", e se encontra em Deuteronômio 24.1-4.
Esta é a lei de que trata Deuteronômio: "Se um homem tomar uma mulher e se casar com ela, e se ela não for agradável a seus olhos, por ter ele achado coisa indecente nela, e se ele lhe lavrar um termo de divórcio, e lho der na mão, e a despedir de casa; e se ela, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem..." (Dt. 24.1-2).
Isso estava vigente na época de Jesus, mas a situação em que os homens judeus viviam era bem diferente, pois eles, na realidade, não a praticavam, e tomavam outras esposas, sem se incomodar em pensar em divórcio.
Ora se não se divorciava, o que fazia, então, um homem daquela época com a primeira esposa, quando tomava outra?
Simplesmente, punha-a de lado, não lhe dando documento algum. Assim, caso se arrependesse, tinha a esposa anterior sempre à sua disposição! Isso era uma crueldade para com as mulheres, contra a qual Jesus se insurgiu.
A palavra hebraica, usada no Antigo Testamento, para descrever esse "pôr de lado" ao qual nos referimos é shalach, diferente da palavra que significa divórcio (como utilizada em Jeremias 3.8) que é keriythuwth que, literalmente significa excisão ou corte do vínculo matrimonial.
Ora, shalach normalmente é traduzido por "repudiar". Então, as mulheres que eram "colocadas de lado" por seus maridos, sem carta de divórcio como mandava a lei, eram "repudiadas" e era contra essa espécie de repúdio que Jesus se opôs.
Quando, em Lucas 16.18 ele diz: "Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério; e quem casa com a mulher repudiada pelo marido também comete adultério", ele está se revoltando contra uma prática cruel e injusta, porém não está se referindo ao divórcio.
Na verdade, no Novo Testamento, a palavra grega utilizada para "repúdio" vem do verbo apoluo, e é equivalente à palavra hebraica shalach ("deixar" ou "repudiar"). Já a palavra hebraica utilizada para "divórcio" é keriythuwth, cujo equivalente no grego (língua na qual foi escrito o Novo Testamento) é apostasion.
Resumindo, para ficar mais claro: shalach, no hebraico, corresponde a apoluo, no grego e significa "repúdio", em português. Keriythuwth, no hebraico, corresponde à palavra grega apostasion e significa "divórcio", de fato, em português. A não compreensão dessa diferença é que provoca tanta confusão e tanta incompreensão em nossos dias!
As passagens bíblicas nas quais Jesus tratou deste assunto incluem Lucas 16.17-18; Mateus 19.9, Marcos 10.10-12 e Mateus 5.32. Nessas passagens, Jesus utilizou onze vezes a palavra apoluo, em uma de suas formas e, em todas essas ocasiões, o que ele proibiu foi o apoluo, ou seja, o repúdio. Ele jamais proibiu apostasion, a carta de divórcio exigida pela lei judaica!
Isto posto, devemos traduzir a palavra grega apoluo por divórcio? A tradução Revista e Corrigida de Almeida, que é a mais antiga em língua portuguesa sempre usou "deixar" e "repudiar". Do mesmo modo, emprega essas mesmas palavras a Revista e Atualizada.
Ao que tudo indica, esse equívoco começou em 1611, quando a rei Tiago encomendou a versão mais antiga e, hoje em dia, mais popular da língua inglesa (a chamada King James Version). Nessa edição ocorreu um problema: em uma das onze vezes que Jesus usou o termo, os tradutores escreveram "divorciada", ao invés de "abandonada" ou "repudiada".
Isso aconteceu em Mateus 5.32, onde eles colocaram: "E aquele que se casar com a divorciada comete adultério", embora a palavra grega não seja apostasion, mas uma forma de apoluo - situação que não inclui carta de divórcio para a mulher, pois ela, tecnicamente permaneceria casada.
A versão Standard Americana corrigiu o erro em 1901, mas nunca chegou a ser tão popular como a King James Version. Na verdade, tudo o que foi impresso depois (incluindo os léxicos gregos e americanos) foi influenciado por essa ocorrência. De onde resulta o fato incontestável de que a tradição nos ensinou a ter em mente "divórcio", mesmo quando lemos "repúdio".
Portanto o divórcio é um privilégio, no sentido de servir como um corretivo apenas para situações intoleráveis.
Mesmo assim, não deixa de ser uma tragédia: sentimento de culpa, perda da auto-estima, um agudo senso de ter falhado, solidão, rejeição, críticas dos familiares e dos irmãos em Cristo, problemas na educação dos filhos e uma série de outras graves conseqüências são os resultados concretos que afligem os divorciados.
No entanto, a graça de Cristo é abundante para eles também. Jesus sempre se identificou com os que sofrem e com os que, reconhecendo o seu pecado, confessam-no e o deixam. A igreja foi planejada para ser uma comunidade terapêutica, que cura as feridas; não que as fazem doer mais.
Portanto, nosso desejo sincero é que deixemos de ser juízes, pois não foi para isso que Cristo nos chamou. E que tenhamos mais amor, mais compreensão e mais empatia por esses nossos queridos irmãos divorciados. Por eles também Jesus derramou seu precioso sangue purificador!
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BIBLIOGRAFIA:
Este artigo está baseado no apêndice O divórcio, a lei e Jesus, incluso in:
CARVALHO, Esly Regina, Quando o vínculo se rompe, ed. Ultimato, 2001
09 setembro, 2010
VOCÊ SE SENTE UMA ÁGUIA OU UMA GALINHA?
O escritor Leonardo Boff é o autor de um interessantíssimo livro chamado A águia e a galinha,que já vendeu milhares de exemplares e se tornou um best-seller no Brasil. Nesse livro, Boff, fazendo uso de uma metáfora, conta a história de uma aguiazinha ferida que, caída à beira de uma estrada, foi encontrada por um homem, o qual, compadecido dela, levou-a para casa, tratou de seus ferimentos e se propôs a criá-la.
Como a aguiazinha se tornasse maior e esbarrasse nos objetos da casa, o homem pediu ajuda a seu vizinho, que se propôs a ajudá-lo. De boa fé, sem maiores preocupações, o vizinho colocou a pequena águia no galinheiro para ser criada junto com as suas galinhas.
Como o leitor pode imaginar, o tempo se passou, a aguiazinha se tornou adulta, mas, mesmo com as suas enormes asas, ela agia como uma perfeita galinha: ciscava o chão à procura de minhocas e à tardinha batia as asas somente até o poleiro, como as demais galinhas.
No corpo, era uma forte e saudável águia, potencialmente habilitada para voar até às grandes altitudes, sem nada para limitá-la. Na cabeça, porém, era apenas uma galinha, que tentava cacarejar e ficava confinada aos limites de um galinheiro.
Essa situação se perpetuou.
Até o dia em que passando por aquelas paragens um biólogo, este não se conformou com tamanho disparate. Disposto a fazer a falsa “galinha” a recuperar sua identidade de águia, ele iniciou um penoso treinamento que, a princípio, parecia fadado ao insucesso.
Depois de repetidas tentativas, um dia, levantando-se de madrugada, levou a águi a uma alta montanha. Ali, quando o sol começava a nascer, ele disse: “Águia, você não é uma galinha, você não nasceu para passar a vida ciscando o chão de um galinheiro, você tem um CORAÇÃO DE ÁGUIA! Voe, águia! Voe!”
E, dando um safanão com o braço, fez com que a águia se soltasse no ar. A princípio desajeitada, ela começou a bater as asas, assustada, mas….percebeu que VOAVA NAS ALTURAS!
Começou a bater as asas mais mansamente, planou, voou em círculos e subiu, desaparecendo no horizonte.
Naquele dia, morreu uma galinha e nasceu uma águai, destinada à vastidão dos céus.
Minha pergunta para você, prezado leitor, que me acompanhou até aqui:
O que você está fazendo com a sua vida? O que você tem feito com os talentos que o Criador lhe concedeu?
Será que você está “ciscando” o galinheiro como uma galinha ou voando nas altitudes sem limites, como uma águia?
Seja sincero em sua resposta.
Quem sabe, uma falsa “galinha” está se transformando numa águia, neste momento?
Carpe Diem
Antônio Ayres
31 agosto, 2010
DESABAFO DE UM SERVO
Quando me converti, ainda menino, aceitei as delícias de minha fé assim como o bebê recebe o leite do seio materno. Deliciei-me com o meu novo nascimento, apeguei-me a meu Pai, aprendi com seu Filho, devorei a Sua Palavra.
Fui adolescente, jovem e sempre mantive a comunhão com o meu Senhor. Estudei muitas matérias, passei por muitas escolas, fiz cursos de especialização e mestrado,tornei-me maduro.
Conheci Marx, Freud, Nietzsche, Saramago e muitos, muitos outros nomes que poderiam ter usurpado minha fé. Mas, nunca pude encontrar um livro como a Bíblia nem um homem que pudesse substituir Jesus Cristo de Nazaré.
Repugna-me, agora, ver a apostasia rondando o coração de jovens e velhos cristãos. Pessoas que um dia alegraram-se cantando louvores da Harpa Cristã, do Cantor Cristão e do Salmos e Hinos agora sofismando, estribados em teorias que encantam com acenos de “insights” e taxando o remanescente que ainda crê como ortodoxo, fundamentalista e ingênuo.
Chegam a tratar Deus como alguém que está no inconsciente; e não nos Céus. Esqueceram-se do profeta Isaías, que diz: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti que trabalha para aquele que nele espera” (Is. 64.4).
Não souberam mesclar o antigo com o novo e caíram numa armadilha. Por essa razão e por se acharem sábios acabaram por desdenhar a fé e embruteceram a própria alma.
Passaram a viver na “sociedade elitizada” dos sábios desde mundo, que, segundo o apóstolo Paulo, não são mesmo muitos desse tipo que foram chamados por Deus.
Teminando este post, faço coro com as palavras de Rollo May: “Nenhuma sociedade sobreviveria muito tempo sem vitalidade, ou sem as antigas formas, sem mudanças e estabilidade, sem religião profética que ataca as instituições existentes e aquela que as protege” (O Homem à Procura de Si Mesmo, pg 156).
Desejo continuar a minha jornada com o coração renovado, com a Bíblia e com Jesus Cristo, como meu Senhor.
N’Ele, que me deu a salvação,
Antônio Ayres