Depois de um longo dia de trabalho e após mais aproximadamente 4 horas de aulas no Seminário,eu voltava para casa exausto, instintivamente apertando um pouco mais o pé no acelerador do carro, com o desejo de chegar o mais rápido possível.
Tinha atravessado boa parte da cidade e estava a menos de 10 minutos de casa, quando, ao fazer uma curva, subitamente, ouvi uma voz falar claramente ao meu coração:
"Dirija-se, agora mesmo, à frente do templo".
O templo em questão era a igreja pela qual eu era responsável, e embora não muito longe do lugar onde me encontrava, ficava na direção oposta ao caminho de minha casa.
Achei que era imaginação de minha mente, pois o que iria eu fazer num dia de semana, com as ruas desertas, já quase meia –noite, diante de um templo fechado?
Mas, a voz insistia, dentro de mim: "Vá agora mesmo ao templo".
Diante de tal circunstância, decidi fazer aquilo que havia aprendido no Seminário não ser sensato fazer. Fiz uma oração, dizendo mais ou menos assim:
"Senhor, estou sentindo uma orientação para ir agora mesmo ao templo. Não tenho certeza se isso é pensamento meu, ou uma orientação de Tua parte. Portanto vou abrir a Bíblia aleatoriamente e peço-te que me orientes, pela Tua Palavra".
Feita a oração, sem nem mesmo desligar o motor de carro, encostei por um momento próximo ao meio-fio, acendi a luz interna e abri a Bíblia.
Meus olhos caíram sobre o seguinte texto:
"Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados, E fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que manqueja não se desvie inteiramente, antes seja sarado" (Hb. 12.12-13).
Imediatamente, entendi que alguém precisava de ajuda. Desliguei a luz interna do carro, engatei a marcha e rumei para a igreja.
Qual não foi minha surpresa, à medida em que ia chegando ao local designado, perceber que um dos jovens da mocidade, estava em pé, na calçada oposta, bem defronte do templo, com o olhar desesperado.
Quando estacionei o carro e desci para cumprimentá-lo, sua voz saiu, num misto de surpresa e de extremo alívio: "Pastor, ainda bem que o senhor veio até aqui. Eu estou desesperado e, se o senhor não chegasse, sinto que iria estourar".
Procurei acalmá-lo, e pedi-lhe que me dissesse, sem temor, a razão de seu desespero.
Nos longos minutos que fiquei com ele, naquela hora deserta da noite, pude ouvi-lo desabafar a história de sua criação e confessar a sua vida de homossexualidade, que trazia escondida em seu coração.
Tive oportunidade de aconselhá-lo, orar com ele e por ele, dar-lhe uma palavra de orientação e de conforto. Quando nos despedimos afinal, seu semblante estava alegre e seu coração apaziguado.
Retomei o caminho de casa, dessa vez convicto de que fora obediente à voz do Senhor.
Durante o tempo em que permaneci como pastor daquela igreja, pude ver aquele jovem sentindo-se perdoado e feliz, fazendo alegremente e com disposição, todo o trabalho que lhe era confiado.
Aprendi mais uma vez que Deus é soberano. Fala a quem quer,no momento em que quiser e da maneira que Lhe aprouver.
Soli Deu Gloriae
Tony Ayres
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