03 julho, 2009

CARTA DE UMA MULHER ANGUSTIADA

Sad Woman's Face "Boa noite, Antônio!


Quando li este artigo em seu blog fiquei estarrecida, porque nesse texto vi a descrição do que tenho passado neste anos.

Tenho um relacionamento com uma pessoa desde os meus 15 anos de idade. Ele sempre foi muito gentil, me faz me sentir a pessoa mais importante desse mundo, nosso relacionamento sexual é muito bom.

No inicio foi uma paixão avassaladora, mas com o tempo ele queria mandar e se meter em tudo na minha vida, ele não deixava eu respirar, me fez entrar numa faculdade que não queria.

Me fez largar um emprego que gostava, pois falou tanto na minha cabeça: que vivia com uma cara de cansada, que eu estava muito agitada e que deveria deixar esse emprego.

Me fazia tantas perguntas, indagações e falava tanto, que eu ficava sem saber para onde ir, e diante de tantos argumentos eu cedia aos seus desejos, pois sou muito insegura.

Já tentei terminar algumas vezes, mas ele me convencia de que estava sendo insensata e louca, que não tinha motivos para terminar o relacionamento.

Diante de tantos argumentos como sempre acabava me sentindo culpada e mal por querer terminar o relacionamento,  sempre tomava a decisão errada, tudo sempre era minha culpa, eu nunca estava certa de alguma coisa eu sempre estava errada.

Ele sempre estava na minha frente para decidir qualquer coisa, comecei  a fazer faculdade que ele queria, era a profissão que traria o melhor rendimento financeiro pra mim,  faria um concurso público e então ganharia um excelente salário e seria independente. Mas era tanta pressão em cima de mim que comecei a definhar não conseguia estudar.

Fui muito mal na faculdade e nos concursos, aí depois de quase 10 anos insistindo numa profissão, decidi mudar, surgiu uma oportunidade de fazer outro curso, mas me pego muitas vezes pensando se esta decisão é a certa.

Às vezes quando chego em casa feliz e quero compartilhar algo ele nunca está disposto a ouvir.

Está com dor de cabeça, diz que sou sem noção, às vezes acho que estou ficando doida, essa e a sensação que tenho hoje, eu já não sei o que e certo ou errado.

O que me atrai nele é que ele me traz segurança, ele é super-inteligente, porém vigia meus passos. Se não consegue falar ao celular comigo, já fica desesperado.

Ele era de família rica e eu de família pobre, eu fazia tudo que pedia como se fosse uma ordem. Ele nunca me escuta, nunca tem tempo para mim sempre tem uma desculpa, e inverte a situação como se eu fosse sem noção.

Sempre falo as coisas em hora errada e se irrita feio comigo. Hoje acabou de acontecer mais uma vez isso, meu emocional está muito abalado, tenho nesses dias, dando uma volta ao passado e tenho pensado no que fiz com minha vida.

Por que pude ser tão omissa , diante de tantas decisões da minha vida, talvez para que se desse errado eu não me culparia e sim outra pessoa.

Eu não confio em mim; me desculpe por escrever tanto , mas isso é um desabafo de tantos anos.

Diante de tudo que li, acho que convivo com uma pessoa assim, me ajude por favor, porque já comecei achar que sou louca. 

Não sei, me encontro perdida... querendo me encontrar.

Obrigada!"

RESPOSTA

Cara amiga:


Evidentemente, como uma pessoa que nem a conhece (e mesmo que  a conhecesse) não posso tomar decisões por você. No entanto, lendo o seu e-mail, gostaria que você refletisse sobre o que direi a seguir:


1. Um relacionamento somente é lagrimaagradável e nutritivo quando é bom para ambos os parceiros. O próprio nome "parceiros" já traduz essa idéia. É preciso haver equilíbrio na balança que mede defeitos e qualidades. É preciso também que o peso das decisões do casal seja justo. Ou seja, os dois devem ter os mesmos direitos e as mesmas responsabilidades. Não me parece ser, absolutamente, esse, o seu caso.


2. A pessoa que realmente ama, não explora a outra, física, moral ou emocionalmente. Ao contrário, procura cuidar dela e se preocupa com o seu bem- estar. A relação somente pode ser boa quando o jogo é "ganha-ganha" (os dois parceiros ganham) ; e não quendo for do tipo "ganha-perde (um deles sempre ganha e o outro sempre perde).


3. A própria idéia de amor pressupõe respeito à individualidade do outro. Você é um pessoa; não um robô teleguiado. Nenhum ser humano tem o direito de impingir ao outro as suas próprias vontades.


4. Quando o relacionamento de vocês começou, você era muito jovem (tinha apenas 15 anos). Agora, porém, parece-me uma mulher adulta, que já percebeu o que a sua alma almeja. Portanto, leve isso em consideração.


5. Você diz que o relacionamento sexual entre vocês é muito bom. Porém, nenhum relacionamento duradouro pode estribar-se apenas na sexualidade. A vida harmoniosa de um casal precisa ser muito mais do que sexo, apenas.


CONCLUSÃO:


Domestic woes ILLUS.jpg Por tudo o que me disse, parece-me que você tem sido prejudicada em todos os cinco itens que coloquei acima. Isso minou a sua auto-estima, que precisa ser, obviamente, reconquistada.

No entanto, dizer que que seu companheiro não a ama (e que, portanto, você deve deixá-lo, imediatamente) seria precipitação de minha parte, mesmo porque já lhe falei, no início, que não decidiria por você.


O que posso lhe dizer é que, quando, em qualquer tipo de relacionamento, existe um "opressor" e um "oprimido", esse círculo vicioso só pode ser quebrado pelo "oprimido", que no caso, é, realmente, você.

Penso que você deveria ter uma conversa adulta e muito séria com seu companheiro, a fim de estabelecer os seus limites e exigir que eles sejam respeitados.


Ao contrário do que geralmente se pensa, um homem respeita muito mais uma mulher que toma decisões e sabe cuidar de seus direitos e de sua individualidade; do que aquela "boazinha em tudo", a quem, consciente ou inconscientemente, ele terá a tendência de fazer de "gato e sapato".


Se ele concordar com as "novas regras", creio que tudo pode mudar para melhor, pois, a despeito das inseguranças dele, é possível que realmente ele ame você. Além disso, vocês já têm investido muito nesse relacionamento e pode valer a pena levá-lo adiante, sob novas condições.


Entretanto, se ele não concordar com a mudança; em minha opinião, você estará livre para tomar a decisão que achar melhor.
Você e somente você, consultando o seu coração, pode, soberanamente decidir o que é melhor para a sua vida.
Espero que saiba decidir corretamente.


Cordialmente,


Tony

Um comentário:

  1. Essa mulherada não tem jeito mesmo! Ficam aí se relacionando com homens cafajestes e depois se fazem de vítimas! Valorizem-se mulheres!

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