10 outubro, 2009

Para Além da Redoma Gospel

fernanda-brum

Um dos temas que mais tem me preocupado, nos últimos tempos, é a realidade que constato de que, apesar de estarmos prestes a completar já a primeira década do século XXI, ainda predomina, na cabeça de muitos cristãos evangélicos a convicção de que temos de viver dentro da nossa circunscrita redoma gospel.

Aliás, "gospel" é uma palavra que, originariamente, é um substantivo, na língua inglesa, e significa, em português, evangelho.

Só que nós a transformamos em adjetivo. Portanto, temos: cantor gospel, show gospel, site gospel, CD gospel, música gospel,banda gospel, filme gospel, empresa gospel, livro gospel, pousada gospel, loja gospel, hotel gospel e por aí afora.

Não seria de se estranhar, se daqui a pouco, como paradoxo dos paradoxos, surgirem também os pastores gospel, as igrejas gospel e, pasmem, as bíblias gospel!

Há alguns anos, durante um curso que ministrava, tive um sério, mas muito produtivo embate com um dos participantes, que se professava membro da instituição religiosa "Testemunhas de Jeová".

O motivo de tal embate era exatamente o meu questionamento do porquê ele, como membro praticante de tal denominação, só restringia as suas leituras às publicações da Sociedade Torre de Vigia (em inglês, Watchtower Society).

Similarmente, hoje, parece que, para muitos cristãos, alguma coisa só pode ser lida, vista, assistida ou consumida, se for gospel, o que, no mínimo, é um contra-senso, pois contraria frontalmente os ensinamentos de Jesus.

Apenas para dar um exemplo, permita-me uma ilustração.

Com todo o carinho, respeito e admiração que tenho pela cantora Fernanda Brum, minha opinião (e penso que tenho respaldo bíblico para isso) é a de que, com todo o talento que ela tem, estaria sendo muito mais coerente e útil ao Reino de Deus, cantando músicas românticas, ao lado de outros cantores como Maria Rita, Fábio Jr., Ana Carolina e tantos outros.

Ela não seria "mundana", "secular" ou "menos cristã", por causa disso. Teria uma oportunidade maravilhosa de ser uma testemunha do Reino de Deus, num meio onde o Reino de Deus mais precisa ser conhecido.

E o mundo, fora da redoma gospel, teria oportunidade de ouvir uma cantora talentosa, com um irretocável testemunho cristão.

Honestamente falando, creio que já é tempo de pararmos e refletirmos sobre essa questão.

Existe conhecimento proveitoso, oportunidades e meios para uma atuação verdadeiramente cristã, fora e para além da redoma gospel.

Tony Ayres

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Meu caro amigo Tony

    Que grande coincidência!

    Estava agora mesmo lendo um artigo que saiu hoje na revista VEJA, sobre uma via em São Paulo que se especializou em lojas e camelôs de artigos gospel, como: bíblias, óleos de unção e roupas de roqueiros. O título da reportagem é: "O Agito na Rua do Senhor".

    Não pude resistir ao riso...

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  3. Levi:

    Não li a revista, mas não seria a rua Conde de Sarzedas?

    O assunto, se não fosse sério, seria mesmo para rir.

    Um abraço.

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  4. Caro Tony

    Você acertou em cheio!

    É essa rua mesma, que fica localizada às costas da catedral da Sé. Lá o "senhor Go$pel" reina absoluto, movimentando um mercado de mais de 1 bilhão de reais.

    Não deixe de ler, na íntegra, a reportagem na VEJA desta semana.

    Um abraço fraternal,

    Levi B.Santos

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  5. Há muitos anos que a "Conde de Sarzedas" é a "25 de Março" dos crentes, Levi. E o pior de tudo é que lá é mesmo o $$$ que prevalece.

    Há muita gente que nada tem de crente, mas que tem ali o seu negócio lucrativo.

    Afinal de contas, "consumismo gospel" também existe, não é mesmo?

    Abraço Fraterno.

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