15 agosto, 2009

Quando Falar e Quando Ficar Calado?

mudo_calado Há alguns anos, num sábado de manhã muito cedo, fui despertado pela campainha de minha casa, que tocava insistentemente.

Quando desci para atender, fiquei logo apreensivo, pois quem tocava era o meu pastor, que me olhava com certa ansiedade:

"Preciso de você agora mesmo; por favor me socorra!"

Um tanto atordoado, abri-lhe a porta e só então fiquei inteirado do que se passava. Ele havia recebido a incumbência de recepcionar, em nome do Ministério, um pastor inglês e sua esposa, que estavam prestes a desembarcar em São Paulo.

Como não falava inglês, apelou para mim, para ajudá-lo no cumprimento da missão. Troquei-me, rapidamente, e rumamos para o aeroporto.

Recepcionamos o casal, que por sinal, era muito simpático; mostramos a eles um pouco da cidade de São Paulo, almoçamos juntos e, finalmente, os deixamos no hotel onde já tinham reserva, feita pela Igreja.

Este pequeno relato, aparentemente, sem nenhuma importância, provavelmente eu nem o colocasse aqui, não fosse por um pequeno incidente, envolvendo o pastor britânico, que nunca mais consegui esquecer. Vou contá-lo, a seguir:

Estávamos rodando por uma grande avenida da cidade e eu, com o intuito de "quebrar o gelo" e parecer-lhe simpático, fazia-lhe muitas perguntas sobre fatos e pessoas da Inglaterra, às quais ele respondia, sempre alegre e solicitamente.

Até que, em meio à conversa, perguntei-lhe algo sobre a vida da princesa Diana, que havia falecido tragicamente, algum tempo antes.

O pastor silenciou por um momento, visivelmente constrangido. Depois, olhando para mim, disse-me, em inglês, calma, mas firmemente:

"Meu irmão, há algum tempo, fiz um pacto com o meu Deus. Nesse pacto, eu lhe disse que, toda vez que eu pudesse falar o bem sobre qualquer pessoa, eu falaria. Mas, toda vez que eu não pudesse falar qualquer bem, eu me calaria". E calou-se, a seguir.

Os anos se passaram e nem sei mais por onde anda esse pastor. Nem mesmo o seu nome, eu consigo me lembrar. Mas essa lição que ele me deixou, com certeza, jamais esquecerei.

Não desejo ser hipócrita. Jamais consegui fazer o pacto que ele fez. É-me muito difícil compactuar com atitudes e fatos que considero errados. Mas reconheço que, algumas vezes, seria melhor manter-me calado do que dizer alguma coisa que possa envolver meu próximo.

"Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus..." (1 Pe. 4.11)

Tony Ayres

7 comentários:

  1. Amado Irmão.
    Seu relato é edificante.Quem dera consigamos sempre falar algo bom diante das circunstâncias adversas que por vezes encontramos em nosso caminho.
    Graça e paz.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Heliane:

    Sim, minha irmã, quem dera fôssemos capazes de dizer somente o bem.

    Creio que podemos melhorar sempre e, com a ajuda de Deus, alcançar esse alvo.

    Graça e Paz!

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  4. Caro Irmão Tony,

    Parabéns pelo post! Realmente deveríamos ouvir mais e falar menos e, quanto falar, que fossem sempre palavras de bençãos.

    Não é fácil, mas creio que devemos nos esforçar pra isso.

    Que Deus nos abençoe!

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  5. Caro Ricardo:

    Obrigado pela visita. Quanto ao post, você tem razão quando se refere a ouvir mais e a falar menos.

    A Bíblia nos ensina que todo homem deve ser "pronto para ouvir", mas "tardio para falar", não é mesmo?

    Oxalá, possamos ser capazes disso.


    Um abraço!

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  6. Antonio,
    Estamos num tempo tão difícil de encontrar pessoas sábias, como o pastor britânico da sua experiência. Mesmo sem conhecer, percebo que era um grande homem de Deus. Precisamos ser mais prudentes acerca de comentários que certamente não nos edificarão e, o pior de tudo, nos conduzirá a julgamentos que não nos diz respeito...

    A bíblia nos diz: “Não julgueis...” Mateus 7:1-6

    O texto que acima faz parte do Sermão do Monte é um imperativo no sentido de que não sejamos juízes de pessoas. João já nos disse que Deus enviou o Seu Filho ao mundo não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele (João. 3:17). E o mesmo Jesus, que não encarnou na condição de juiz, nos diz que nós não devemos julgar aos nossos semelhantes.

    Muitas vezes, um simples comentário em cima de algo que vimos ou ouvimos, já nos causa certa ira e confesso, já fui pega por essa tentação. O que não nos edifica e não entendemos no momento... Devemos guardar o coração e os nossos lábios...

    "O Evangelho se revela na vida de uma pessoa não pela a verdade nos lábios, mas pela verdade na vida. O Evangelho se revela não pela verdade que se diz, mas pela verdade que se vive." Pastor José Kleber Calixto

    Querido...

    Mesmo não comentando em todos os seus artigos eu sempre os leio com carinho. Tenho aprendido muito com você e sempre oro em seu favor. Que você não deixe de sonhar os sonhos de Deus pra sua vida; ainda que pareça difícil, desgastante ou quem sabe, impossível... Servimos a um Deus que tudo pode.

    Uma noite de muitos sonhos da parte de Deus pra sua vida!

    “Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas” (Lucas 1:37).

    Shalom

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  7. Márcia, amiga querida:

    Sou-lhe grato pelo comentário edificante, por saber que você sempre lê as coisas que escrevo e...por saber que você ora por mim.

    Utilizando-me de uma expressão sua, como não ficar enternecido, ao saber que uma pessoa que nem mesmo conhece o som de minha voz ora por mim?

    Diante desse fato, como não dar crédito às palavras do apóstolo de que "o amor de Cristo nos constrange"?

    Posso ter certeza de que somente Deus conhece minhas batalhas interiores.

    Mas, também posso ter certeza de que uma pessoa como você as intui e isso me conforta, poi conto com as suas orações.

    Sua amizade me é muito preciosa, amiga querida!

    Que o Senhor sobre ti faça replandecer o Seu rosto!

    Em Cristo,

    Antônio

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