09 janeiro, 2010

O Evangelho Que Desaliena e Os Donos de Igrejas

algema A despeito de estarmos vencendo já a primeira década do terceiro milênio e não obstante a Igreja Evangélica ter passado por profundas transformações pelo lado positivo; ainda assim existem cristãos que continuam seguindo cartilhas de igrejas, disfarçadas em “estatutos”, “credos” ou “catecismos eclesiais”, que apenas toldam as verdades bíblicas neotestamentárias, que são profundamente libertadoras.

Esses cristãos não percebem, muitas vezes, que honram líderes que não deveriam honrar, seguem “doutrinas” que não deveriam seguir, submetem-se a fardos sem nem mesmo o perceberem e obedecem cegamente pretensos “homens de Deus” como se fossem ídolos, incapazes de enxergarem além do estreito corredor intelectual e cultural, que lhes foi imposto para domesticá-los, por esses mesmos “homens santos”, que, por sua vez, enriquecem, vivem regaladamente e sem susto, alimentando-se da carne e aquecendo-se da pele das ovelhas.

Karol Józef Wojtyła, o papa João Paulo II, criticado por muitos por não abandonar o papado, mesmo idoso e doente, foi líder da Igreja Católica por 27 anos. E, até onde se pode saber, foi um homem probo, que apenas utilizou com humildade as benesses que lhe competiam aceitar. No íntimo, porém, era pobre. Ao morrer, deixou como herança, apenas a sua caneta, único bem que era realmente seu.

A Igreja Evangélica brasileira, no entanto possui líderes que estão por 30 ou mais anos no poder que não largam, de vontade própria; como se os seus cargos significassem o próprio oxigênio que respiram. Para isso, fazem tudo o que for preciso fazer, mesmo que seja antiético, indecente ou vergonhoso.

Manipulam subordinados, concedem benesses aos aliados, fazem conchavos com outros líderes que também desejam perenizar-se no poder; mudam estatutos a fim de poderem eleger-se quantas vezes quiserem, estendem os seu “territórios de mando”, fazem uso do voto das ovelhas para elegerem membros de suas famílias nas diversas instâncias do Legislativo e transferem para a Igreja a mais singular forma de nepotismo, ordenando filhos, filhas e até netos para o Ministério Cristão, numa clara evidência de que têm em mente uma Dinastia Religiosa.

ESSES HOMENS AGEM ASSIM POR QUÊ?

Porque descobriram que, sendo vistos e percebidos como “arautos de Deus”, conseguem ter um poder que nem mesmo o Presidente da República consegue deter em suas mãos (pois precisa do Congresso Nacional). Para os crentes humildes, crédulos e pobres (irmãozinhos e irmãzinhas que não tiveram a sorte de estudar para ter uma condição sócio-econômica melhor na vida; moradores de guetos e favelas, muitas vezes), o “pastor” é quase que divino. Desprezar o que ele diz, para esses queridos irmãos, seria desprezar o próprio Deus. Mesmo se a “palavra conselheira” nada tenha a ver com o ensino de Jesus Cristo e seus discípulos.

Imagine então a magnitude da capacidade de “dirigir as coisas conforme lhes convêm” que esses homens têm. Mas, o mais triste de tudo isso é que, se no início eles recebem essas demonstrações de obediência como um deferimento especial dos mais humildes; ao final e ao cabo dos anos, exigem-na como uma “prerrogativa” inegável e intransferível.

E assim, no decorrer dos anos e décadas, vão vivendo farisaicamente em mansões e apartamentos de luxo, viajando ao exterior “a serviço da obra”, servindo-se de carros importados com motoristas e, pasmem, até mesmo com seguranças; enquanto as ovelhas a quem defraudam e que, de boa fé, sustentam os seus excessos, pagando rigorosa e inocentemente os seus dízimos, vivem nos grotões, nas favelas, nos cortiços e nas mais distantes e desprovidas periferias.

E ISSO PODERIA SER DIFERENTE?

Isso não apenas poderia, mas deveria ser completamente diferente. A Igreja Evangélica não existe para ser o objeto de poder de “donos” ou “proprietários”. Não é tampouco um clube religioso com sócios fundadores privilegiados. Muito menos uma “empresa familiar”.

Ela possui um Corpo Ministerial com homens capazes e comprometidos (que também sofrem com essa situação, quando são honestos e sinceros) que deveriam parar e pensar com integridade sobre essa questão, que denigre profundamente o povo evangélico diante dos demais cidadãos deste país. E usar de suas prerrogativas de homens de Deus, dando um basta nesses excessos e promovendo, de maneira cristã e democrática, a alternância de poder na Instituição.

O EVANGELHO DE JESUS NÃO TORNA CATIVO, MAS LIBERTA

Se, ao invés de olhar para as “cartilhas eclesiais” os homens de Deus realmente comprometidos, olhassem para a Palavra, enxergariam claramente que Jesus não veio para impor, mas para libertar os homens dos fardos. Primeiramente do fardo do pecado. E a seguir, dos fardos e das amarras institucionais impostas pelos privilegiados líderes de igrejas desta era, assim como dos fariseus da era de então.

Palavras como: “e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”; “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância”; “e se a verdade vos libertar, verdadeiramente sereis livres”; “pelos seus frutos os conhecereis”, “E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo”; “não ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes” e tantas outras de igual teor, são suficientes para abrir as mentes e esclarecer os corações de todos quantos, volitiva ou inconscientemente compactuam com o status quo dos que acham que podem ad eternum, administrar aleivosamente o rebanho de Deus.

TEMPO OPORTUNO

Reconhecendo que as coisas assim são, creio que, mais do que nunca, é chegado o tempo para os que têm nas mãos a responsabilidade pela pregação do Evangelho de Cristo, façam-no diligentemente, de maneira bíblica, neotestamentária e reformada; preguem a Palavra que liberta de todos os fardos; o do pecado e os fardos vantajosamente elaborados pelos homens. Proclamem as boas-novas e livrem as suas ovelhas da alienação que escraviza e cega.

Tony Ayres

4 comentários:

  1. Impossível ler seu berro sem indignação... Hoje mesmo estava clamando a Deus pelo poder que levou João Batista a pregar a palavra de tal maneira que não houve na terra maior profeta que ele ...Pela a santidade e poder de Elizeu que até sua caveira produziu vida; assim fui lembrando os grandes homens de Deus que viviam humilde e pobremente como seu grande Mestre, mas que exalavam gloriosamente o bom perfume de Cristo.
    Eu peço a Deus Tony, que quero viver para ser e ver homens e mulheres de Deus tão santos que a bíblia seja lida na própria pele de cada um. E que esses mercenários da fé sejam desmascarados pela vida de cada santo.
    Imagino como você sofre por toda esta lama que leva o nome de luxo na vida desses tosquiadores...
    Deus continuel inspirando você. Abraço.

    ResponderExcluir
  2. Tony Ayres meu irmão, paz seja contigo!
    Meu irmão parabéns pelo magistra texto.
    O verdadeiro conhecedor das escrituras não deten seu conhecimento, mas o usa para edificação dos outros que humildemente vive em busca do alimento para alma.
    O texto em tela é muito contudente a uma realidade atual.
    A renovão dos pensamentos é o principal combustivel para se viver o que é justo.
    Meu irmão no mais quero deixar meus sinceros agradecimentos, pela sua coloboração no convite que o irmão de boa fé tão prontamente atendeu.
    Que Deus continue sempre envazando o irmão com a verdade que sempre vejo em seus textos.
    Parabéns e graça e paz seja contigo e familia.

    ResponderExcluir
  3. Guiomar:

    Obrigado mais uma vez pelo comentário solidário.

    De fato, é edificante saber que outros irmãos também percebem e repudiam aquilo que, erroneamente, está se perpetuando, como se fossem bíblico.

    Que Deua a abençoe grandemente.

    ResponderExcluir
  4. Amigo de Cristo:

    Obrigado por suas palavras, meu irmão. Foi um prazer, para mim, contribuir com meu modesto comentário em seu excelente blog.

    Um grande abraço!

    Em Cristo

    Tony

    ResponderExcluir

Seu comentário será exibido após examinado pela moderação.