15 novembro, 2009

Crer é Um Ato de Fé

planeta-terra Já passei dos 50 anos de idade. Mas, desde que decidi seguir a Jesus, como meu Salvador e Senhor, pouco antes de completar 12 anos, sempre tive questionamentos em relação ao que está escrito na Bíblia e em relação a como os homens interpretam as Escrituras.

Quando estudei o Darwinismo, no Ginásio; custou-me um pouco, mas logo compreendi que a minha fé teria que superar quaisquer dúvidas, se eu quisesse que ela subsistisse.

Portanto, muito cedo, em minha vida (embora, naquele tempo nem conhecesse a significado da palavra) aprendi que não poderia ser maniqueísta; tampouco ser fundamentalista ortodoxo, se desejasse viver uma vida coerente com a capacidade de discernimento com a qual o Criador me proveu.

Foi assim que cresci. Sempre “correndo por fora” na denominação, no seminário, no ministério e na “ortodoxia” humana.

Hoje, decorridos todos esses anos, vejo pessoas, denominações e até instituições que agregam várias denominações (e digo isso com toda a humildade) chegando às mesmas conclusões que, há muito, em minha vida, eu já havia chegado.

O que, de certa forma, valida o ditado popular que diz ser o tempo o senhor de todas as coisas.

Em um dos posts passados deste blog, deixei transparecer a minha opinião de que, quem quiser ter uma fé de verdade, tem que conhecer “os dois lados” da moeda. Não basta apenas conhecer o “seu lado” e, simplesmente, “condenar” os que não pensam igual.

Vou exemplificar, para ficar mais claro.

Tive um professor que, além de pastor de uma grande igreja no Rio de Janeiro, é também médico psiquiatra. Um homem de fé, simples e sábio, amigo de todos os alunos.

Um dia, ele nos contou em sala de aula que, aproveitando de seus trajes brancos de médico, ele saía para pesquisar os terreiros de umbanda, no Rio, e era até muito bem recebido, pois era confundido como sendo “pai de santo”.

Dessa forma, ele pode inteirar-se de alterações de consciência que ocorriam nas pessoas que ficavam em transe naquelas reuniões, mas a sua fé em Jesus jamais ficou abalada por causa disso. Ao contrário, ele ficou muito mais preparado para levar o evangelho àquelas pessoas necessitadas.

E DAÍ, ONDE VOCÊ QUER CHEGAR?

É a pergunta que muitos podem estar me fazendo, neste momento. Respondo, dizendo que o cristão de hoje precisa aprender a lidar com questões novas e diversificadas, tais como: doaçãode órgãos, aborto de crianças anencéfalas, pesquisas com células-tronco, clonagem de animais e vegetais, novos paradigmas de casamentos, doenças mentais que eram tidas tradicionalmente como “possessões” e muitas outras.

Isso, com certeza, demandará uma re-leitura do Velho e do Novo Testamentos, a des-legalização de muitas “legalidades” e a perda do medo para enfrentar o novo.

Além de, claro, respeito para com a fé dos co-irmãos, pois ainda no século XXI permanece a verdade paulina: “Um faz diferença entre dia e dia; para outro, todos os dias são iguais”…

MEU EXEMPLO PARTICULAR

Há cerca de 20 anos deixei de considerar a a narrativa bíblica da criação de Adão e Eva como uma “fotografia”, passando a enxergá-la como uma “radiografia”.

Isso não comprometeu a minha fé, não alterou a minha comunhão com Deus e; nem por um milímetro, mudou alguma coisa do senhorio de Cristo em minha vida.

No entanto, respeito a todos os meus irmãos que vêem o fato como uma fotografia. Há liberdade na diversidade. Mas, deve haver respeito também.

Consegue entender, então, por que crer é um ato de fé?

Espero ter sido compreendido.

Tony Ayres

5 comentários:

  1. Tony, você foi longe, muito longe... Realmente é necessário saber em quem tem crido para chegar a essa altura no caminho...

    Eu compreendo que em meio a tantas descobertas e tantos equívocos temos que buscar a Deus com toda seriedade e de todo coração, com toda humildade, reconhecendo que "há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia"(Shakespeare,)para nos posiciornarmos diante de tantas novas questões que, ainda que muitos não possam perceber, existem nelas envolvimentos espirituais com metas que não podemos imaginar...

    sou uma leiga apenas diante de você, mas que busca com toda a alma compreender verdades.
    Um carinhoso abraço. Amigo, que Deus te ilumine a cada dia.

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  2. Prezado Tony

    Demorei, mas cheguei.

    O seu artigo e o que postei ultimamente, "Cai o Mito da Fé versus Ciência" (que é mais uma alvissareira notícia comentada), são, até certo ponto, afins.

    Como médico, louvo a iniciativa do jornal "Mensageiro da Paz" - órgão tradicional e antigo do Pentecostalismo nacional, publicar algo que tanto almejávamos, com cheiro de realidade e não mais de sonho: o fim do embate entre Fé e Ciência.

    Se possivel for, dê uma passada lá no meu blog e deixe registrada a sua opinião.


    Um grande abraço,

    Levi B.Santos

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  3. Irmã Guiomar:

    Sua citação de Sheakespeare induz-me a acreditar que ela é verdadeira para você, o que me mostra a sua disposição em entender, compreender (coisa que muitos não desejam, pois têm medo de ver abalada a fê que professam). É exatamente esse o ponto: uma fé só pode ser fé se for acrisolada pelo teste do que chamo "o outro lado da moeda".

    Muitos ignoram que o Cristianismo floresceu num mundo pós-platônico e, por essa razão, infelizmente, interpretam o texto fora do contexto, preferindo colocar "tapa-olhos", com medo de ver a sua "fé" ameaçada.

    Todavia, o nosso entendimento sobre as coisas de Deus sempre há de ser relativo, uma vez que "os judeus" continuam a buscar sinais e "os gregos" a buscar sabedoria.

    Nós, entretanto, apesar de vivermos vinte séculos depois de Paulo, ainda precisamos pregar "a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios", mas,para nós, que fomos chamados, "poder de Deus e sabedoria de Deus" (vide 1 Cor., cap. 1).

    Que continuemos a ver todas as coisas comos olhos de Jesus! Assim,muito erro será evitado.

    Em Cristo.

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  4. Caro Levi:

    Já li o seu artigo e deixarei o meu comentário lá no "Ensaios...".

    Quem sabe, agora, haverá compreensão e não condenação para cristãos que lêem Nietszche, Marx, Freud, Sartre, Reich, Jung e tantos outros (inclusive o Saramago, rsrs) sem deixar de seguir fielmente Jesus de Nazaré.

    Forte abraço!

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  5. Voltei...rsrs Trabalhamos durante vinte anos com recuperação de viciados em drogas. Deve ser do seu conhecimento que muitos deles frequentam terreiro de macumba ou algo parecido, portanto, as manisfestações de espíritos eram constantes. Também trabalho com aconselhamento e frequentemente enfrentamos manifestações demoníacas. Como disse o seu professor, percebemos o mesmo,as alterações de consciência são claras, indiscutíveis, o que sempre me foi motivo de reconhecer a lealdade de Deus para com os seus filhos, que, mesmo enchendo-os do Espírito Santo, jamais rouba-lhes a consciência, estamos sempre lúcidos e temos liberdade de entrega, ao contrário de nós, muitas vezes pessoas nos buscavam apavoradas sentindo a aproximação de espíritos que iriam possuí-las, e sempre que eram libertas não tinham noção nenhuma do que haviam feito, falado ou sofrido.
    O que mais me doía era que familiares totalmente incrédulos a respeito de possessões entregavam os seus a psiquiátras que atribuiam as manifestações a crises psicológicas e os dopavam deixando-os numa verdadeira miséria humana...
    Até hoje choro diante de Deus por um dos casos mais sérios que conheço.
    Perdão por ser tão longa. Abraço.

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