22 maio, 2009

A IGREJA DOS EXCLUÍDOS DOS ÚLTIMOS DIAS

Conheço um homem que converteu-se a Jesus, antes de completar 12 anos de idade. Esse homem, que hoje tem mais de 50, conheceu uma Igreja evangélica linda. Não era perfeita, mas, realmente, era linda.

A razão dessa belezado não tinha segredo nenhum. Ela era uma Igreja simples, que vivia o que pregava; e pregava o que vivia. Os pastores eram homens humildes, mas extremamente sábios.

Visitavam constantemente suas ovelhas, em casa ou nos hospitais, oravam com elas e por elas; tinham especial cuidado com as crianças, com os órfãos e com as viúvas. Levavam a Santa Ceia aos irmãos velhinhos e sempre dava-lhes atenção.

Realizavam cultos nas fazendas, no meio dos canaviais, reunindo humildes cortadores de cana, lendo a Bíblia, orando e pregando a Palavra à luz de velas e lamparinas. A Igreja sempre crescia e havia muita alegria. Muitos doentes eram curados e prodígios eram realizados.

Esse homem, ao qual me refiro (naquela época, um menino) conheceu muitos pastores assim. Todos eles tinham um salário pequeno, andavam a pé (às vezes, dezenas de quilômetros por dia), mas eram felizes desse modo. O que mais lhes motivava era pregar o Evangelho do Reino e ganhar muitas vidas para Jesus.

Pois bem, os anos se passaram e menino chegou a ser homem adulto e maduro. E, para sua tristeza, foi testemunha de uma mudança muito ruim, ocorrida naquela Igreja linda de sua infância.

Essa mudança ruim não aconteceu da noite para o dia. Foi se processando aos pouquinhos.

E assim como o bêbado inveterado, que não começou a beber um garrafão por dia, mas lentamente, até se tornar um ébrio; a Igreja linda também não perdeu sua beleza rapidamente, mas muito devagar, à medida em que perdia a sua simplicidade.

Os pastores deixaram de ser simples, começaram a construir um pedestal onde subirem, começaram também a se considerar homens cultos demais, delegaram o trabalho de visitas aos seus "subordinados", trabalharam para que o título de pastor se tornasse símbolo de status social, mas não pararam por aí.

Começaram a exigir igrejas grandes, títulos de pastor-presidente, altos salários, apartamentos de luxo e carros importados, gabinetes luxuosos e atendimento com hora marcada, sem nem ao menos considerarem que todo essas requintadas exigências sempre são pagas com o dinheiro dos dízimos e das ofertas dos pequenos e sofridos salários dos fiéis irmãozinhos das favelas e das periferias.

Alguns alçaram vôos mais altos, tornaram-se Presidentes de Convenções, distribuíram benesses para seus pares aliados, com o fito de se perpetuarem nos cargos.

Outros usaram o púlpito como trampolim para uma cadeira na Câmara ou no Senado e, assim, trocaram a glória de Deus pela enganosa e sedutora glória dos homens.

Resultado: a Igreja linda de outrora se tornou uma igreja feia e cegou a visão de seus pastores. Cegou tanto, que embevecidos pelo status que alcançaram, eles deixaram de perceber que muitas ovelhas de seus rebanhos não puderam mais suportar tamanho acinte a suas inteligências e ao seus desejo de serem fiéis à Palavra.

Sem vislumbrarem outra solução, uma vez que a Igreja feia se generalizou, essas ovelhas não foram excluídas (termo que, cuidadosamente, a Igreja feia, para não ir contra a lei, substituiu por "disciplinadas"), mas se auto-excluíram, preferindo permanecer fiéis à simplicidade da Palavra, do que submeterem-se ao ensino de homens que não souberam valorizar a sua verdadeira vocação divina.

O menino que conheceu a Igreja linda só se considera feliz porque encontrou um lugar para congregar que constitui exceção à regra. Felizmente, essas exceções existem, pois a promessa de Deus em Sua Palavra é que sempre haveria de ter um remanescente fiel.

No entanto, o menino, hoje homem; por solidariedade, faz coro com os milhões de ovelhas excluídas (ou melhor, auto-excluídas) que, sem qualquer conotação de ironia, bem poderiam ser chamados de IGREJA DOS EXCLUÍDOS DOS ÚLTIMOS DIAS.

Antônio Tadeu Ayres

5 comentários:

  1. “Tudo isso te darei, se prostrado, me adorares” ─ Infelizmente a igreja, ultimamente, vem assumindo o emblemático poder terreno e político que foi oferecido por Satanás a Cristo. Convite esse, prontamente rechaçado pelo Mestre dos mestres, dessa forma: “[...] ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele servirás.”

    O que fizeram das “Boas Novas” de Cristo?

    Simplesmente deturparam vergonhosamente a sua mensagem para submetê-la aos seus mesquinhos interesses. Transformaram a graça em sacrifício, e a prosperidade em dinheiro.

    A indignação com essa caricatura vergonhosa de evangelismo, foi a razão maior de ter me levado a escrever, recentemente, um pequeno ensaio: “ Para Que Cristo Afinal?”, que de uma maneira satírica, vem corroborar com esse seu tão comovente, lúcido e real ensaio.

    Parabéns, meu caro colega (de profissão) e irmão em Cristo.

    Foste inspirado por Deus, para através desse texto, nos suscitar uma reflexão sincera e profunda. Fizesse desaguar do teu coração, de uma forma poética e sublime, o que todos nós gostaríamos de fazer, se assim pudéssemos.

    Um grande abraço,

    Levi B. Santos

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  2. Meu caro irmão Levi:

    De fato, com os meus limitados recursos, consegui, de alguma forma, colocar por escrito, algo que, há muito vem machucando a minha alma.

    Creio que o Senhor me permitiu, de fato, retratar um pouco da "verdade" sobre a realidade da Igreja de nossos dias.

    No entanto, do lado humano, meu irmão, estou tentando seguir os passos de um grande escritor que conheço apenas virtualmente; mas que é um exemplo a ser seguido:um médico alagoagrandense, que aprendi a admirar.

    Em Cristo

    Antônio Tadeu Ayres

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  3. Antônio,
    Infelizmente, essa é a realidade dos nossos dias atuais e que nos enche de muitas tristezas.
    Ao ler o seu artigo, fui transportada ao livro de Apocalipse, onde são citadas as cartas para as sete igrejas - Éfeso (Deixou o primeiro amor); Esmirna; Pérgamo (Tolerância para com os que ensinam a doutrina de Balaão (idolatria) e doutrina dos Nicolaítas); Tiatira (Idolatria; não quer se arrepender); Sardes (Morte espiritual); Filadélfia e Laodicéia (É morna; Cristo não está dentro dela).
    Até o arrebatamento, estarão na Terra: Tiatira (idólatras), Sardes (protestantismo morto; ecumenismo; humanismo), Filadélfia (Igreja verdadeira) e Laodicéia (modismos, prosperidade, heresias)... Somente Filadélfia será arrebatada!
    Que passamos guardar o nosso coração, com a Palavra de Deus... Essencial para a Igreja que será arrebatada.

    Shalom

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  4. Márcia:

    Apreciei muito o que escreveu. Vejo que você é uma pessoa que leva a Bíblia muito a sério. Nunca havia olhado para as cartas do Apocalipse nessa perspectiva. Mas, o que disse realmente é uma realidade.

    Obrigado pela visita.

    Fique na Paz.

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  5. Márcia:

    Apreciei muito o que escreveu. Vejo que você é uma pessoa que leva a Bíblia muito a sério. Nunca havia olhado para as cartas do Apocalipse nessa perspectiva. Mas, o que disse realmente é uma realidade.

    Obrigado pela visita.

    Fique na Paz.

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