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cena do filme "Criação", que fala das questões de fé de Darwin |
Falando com muita honestidade, penso que estamos vivendo um momento da história da humanidade ímpar, em razão das muitíssimas descobertas da ciência e do fenomenal aporte de novos conhecimentos em todas as áreas do saber humano.
Todavia, não é apenas por esses motivos que acho o momento ímpar.
O momento histórico é impar em razão das consequências que as novas descobertas tem produzido; não digo nem na religião, mas na fé das pessoas.
Os cristãos que, conscientemente ou não, professam uma fé fundamentalista, encontram-se, de repente, diante de uma sinuca de bico existencial: ou acreditam na ciência e deixam de crer na Bíblia; ou aceitam a Bíblia literalmente ("ao pé da letra") e cometem um suicídio intelectual. Parece-lhes não haver um meio termo que possa apaziguar o coração.
Para a mim, a grande saída é exatamente o fato de que esse meio termo existe, e podemos conviver com ele pacificamente, sem abrirmos mão de nossa fé (o que seria uma loucura); mas também, sem deixar de referendar as promissoras descobertas científicas.
Evidentemente, em função de minha formação terapêutica, não posso e nem desejo julgar quem está certo e quem está errado.
EXEMPLO BÍBLICO
Para explicar o meu ponto de vista sobre essa questão, vou valer-me tão somente do exemplo bíblico, representado pelos capítulos 1 e 2 do Gênesis. Ali encontramos a descrição da criação do mundo e, particularmente, da criação do homem, na história de Adão e Eva.
É minha opinião que tais fatos possam ser vistos como uma "fotografia", quando se crê na literalidade do texto. Mas podem também ser vistos como uma "radiografia", quando se entende que o texto constitui uma metáfora, uma representação simbólica para a criação, visão esta que, atestam os próprios cientistas, comporta a própria Teoria da Evolução das Espécies.
Como se vê, a questão pode e deve ser objeto de ponderações. Isso é razoável.
O que não é razoável é apostatar da fé e tornar-se ateu, em função de uma radicalização irrefletida.
Soli Deo Gloria
Antônio Tadeu Ayres