Esse é apenas um dos múltiplos exemplos que poderia citar aqui para mostrar a grande verdade de que a metanóia ou o novo nascimento não nos isenta de sofrimentos, nem constitui uma vacina que nos imuniza contra doenças e percalços na vida, uma vez que, em nós habita, ainda, a velha natureza adâmica, com todas as consequências da Queda, uma vez ocorrida no Éden.
É claro que existem as curas divinas. Elas são bíblicas e fizeram parte do ministério de Jesus. Mas, elas não foram para todos, naqueles dias, nem são para todos nos dias de hoje. Do mesmo modo, os milagres e livramentos.
Pedro foi maravilhosamente liberto dos grilhões da prisão por um anjo e pensava estar sonhando, até que, ao ver-se sozinho, fora da cadeia, e sentindo a brisa da noite em seu rosto, percebeu que acabara de viver um milagre de Deus.
O mesmo não aconteceu com Estevão, o primeiro mártir cristão, que mesmo testificando a sua fé e demonstrando como Deus, através das gerações, cumpriu os seus desígnios em Jesus, Autor e Consumador da salvação; foi impiedosamente apedrejado pelos judeus, até a morte.
Portanto, temos que aprender a maturidade para compreender a soberania de Deus sobre as nossas vidas, e possuir a alma leve para ter flexibilidade em nossas compreensões, se não quisermos ficar presos e enredados por um certo fundamentalismo enganoso que nada mais é do que o fruto de lentes equivocadas, na leitura e compreensão das Escrituras.
Há poucos dias, li, com tristeza, um ácido e desnecessário comentário colocado no post de um querido irmão, que o desmerecia moralmente, e, na falta de melhor argumento, acusava-o simplesmente de "comunista", por ser um leitor de um "autor ateu e comunista".
Fiquei pensando nos milhares de médicos ateus e possivelmente comunistas, que todas as noites, nos plantões de pronto-socorros e emergências médicas, salvam as vidas de milhares de cristãos que, por misericórdia de Deus, puderam cair em suas mãos hábeis e treinadas para salvar.
Quem sabe o próprio acusador da postagem a que me referi, já não teve a sua vida salva, ou de um de seus queridos, por um desses médicos ateus? Já imaginou se tal médico tivesse o mesmo ódio demonstrado por ele a todo paciente confessadamente cristão?
Isso, sem contar o maravilhoso comunismo de Jesus e dos primeiros discípulos da Igreja nascente, que se reuniam todos os dias para a comunhão e a partilha de bens (os ricos vendiam o que tinham e traziam o dinheiro aos apóstolos), de tal sorte que entre eles não havia necessitado algum e "eram um o coração e a alma do povo".
Portanto, sabedoria, equilíbrio,flexibilidade e sensatez devem fazer parte das características de um cristão. Jamais o fundamentalismo que se traduz em revolta e intolerância.
De outra sorte, como aceitar, sem perder a fé, que o genoma humano é extremamente parecido
Como admitir, sem perder a fé, que cada porção de nosso cérebro é responsável não apenas por funcionalidades de nosso organismo, mas também por sentimentos, e que isso já está estabelecido e fartamente comprovado por numerosas experiências dos mais requintados e elaborados exames de imagens?
A fé, a piedade, o amor, a misericórdia, o perdão ou; por outro lado, o rancor, o ódio, o ciúme ou ou a ira são produtos de "pedacinhos" de nosso cérebro. Se uma vítima de acidente, perder, por infelicidade, a massa encefálica responsável pelos sentimentos, ela se tornará tão insensível como uma planta, incapaz de sentir ódio ou amor pelos seus entes mais queridos!
Concluindo, dizemos que, para se ter fé, a partir do tempo presente; e para se confessar um cristão salvo em Jesus, será preciso crer, apesar de todas essas circunstâncias, que não faziam parte de repertório de conhecimentos de nossos pais e antepassados.
O QUE EQUIVALE A DIZER QUE UMA FÉ FUNDAMENTALISTA E INTRASIGENTE muito dificilmente permanecerá porque, sem tirar nem pôr, é tão frágil como a casa construída sobre a areia.
Tony Ayres