Muito freqüentemente, quando essa família é bem estruturada, amorosa e acolhedora, a criança que dela promanar, se tornará um adulto psiquicamente saudável e capaz de experimentar uma existência livre de neuroses, apto a transpor os problemas de sua evolução existencial.
Nietzsche era filho de Karl Ludwig e seus dois avós eram pastores protestantes, fato que não garante; mas que valida a presunção de que tenha crescido num ambiente sadio, uma vez que ele próprio considerou seriamente a possibilidade de seguir a carreira de pastor.
No entanto, em razão de influências posteriores, Nietzsche rejeitou a fé durante sua adolescência, e, ao invés de estudar Teologia, como havia pretendido, decidiu-se pela Filologia e pelas especulações filosóficas, tornando-se, talvez, o mais influente e destacado filósofo da era moderna.
UM PREÇO A PAGAR
Cumpre-nos discutir ligeiramente, aqui, que quando o indivíduo rompe bruscamente com a sua formação original, indo na direção oposta; essa mudança pode não ser intimamente autêntica e, nesse caso, transforma-se numa fonte de neuroses, as quais, sendo na verdade frutos de catexias inconscientemente reprimidas, tornam-se patológicas, e adotam o mecanismo de defesa conhecido como NEGAÇÃO, para fazerem-se representar; além de sintomas somáticos que passam a interferir na saúde física de quem delas passa a ser portador.
O CASO DE NIETZSCHE
Evidentemente, este modesto psicanalista que escreve estas linhas não tem a pretensão de ser o dono da verdade. No entanto, tenho sérias razões para pensar que o que descrevi acima pode, com boa margem de possibilidade, ter sido o caso desse brilhante filósofo.
Três razões principais fazem-me pensar dessa forma:
1. A saúde frágil de Nietzsche, suas constantes dores de cabeça e outros sintomas que o afligiram desde a sua mudança radical, aliados à sua contínua inquietação constituem conhecidos e tradicionais sintomas somáticos de pacientes, vítimas da NEGAÇÃO.
2. Um outro sinal muito evidente de quem adota a NEGAÇÃO como mecanismo de defesa é uma ira extremada e um ódio obsedante, dirigidos sempre ao objeto dessa negação (no caso de Nietzsche, com muita clareza, o cristianismo) que passa a atacar obssessivamente.
3. Finalmente, a possibilidade bastante provável de um conjunto de neuroses ser tão avassalador, que pode transformar-se numa psicose. De acordo com o que conceituou Freud e o próprio Carl Gustav Jung, seu discípulo dissidente, a esquizofrenia é o último e derradeiro refúgio no qual a defesa do ego adoecido pode se abrigar. Todos sabemos que, infelizmente para a filosofia e para o próprio filósofo, Niezsche ficou louco, cerca de dez anos antes de morrer.
CONCLUSÃO
A razão de tudo o que descrevi acima tem um propósito.
Convidar os leitores deste blog a uma séria reflexão. Infelizmente, para nós, que participamos da blogosfera conhecida como cristã, dois ou três irmão em Cristo, também dizem que mudaram radicalmente em suas convicções e se auto-proclamam, agora, ateus convictos.
Desconfio desse ateísmo. Temo que ele seja também, uma vez mais, a repressão da fé sob o disfarce do mecanismo de defesa da NEGAÇÃO, haja vista os arrebatadores ataques que agora fazem ao cristianismo.
Finalizando, fecho esta postagem, destacando que o contrário da fé não é a descrença. O contrário da fé é o medo.
Tony Ayres
NOTA: para atendimento on-line por Tony Ayres, visite o site:
http://www.wix.com/tony_ayres_psic/psicoterapeutaonline
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